Seguindo a linha sobrenatural noventista de Charmed, se tem uma série de mistério que bombou naquela década e se tornou referência, ela foi Arquivo X. Lançada em 1993, ela ficou no ar durante nove anos, tendo seu fim em 2002.
Como vou falar sobre coisas que acontecem muito a frente em todas as séries, já deixo avisado que é impossível evitar os SPOILERS.
E recomendo dar play na música e ler com trilha sonora, que é muito mais legal.
Nº 7 – Arquivo X
Os protagonistas eram a dupla de agentes do FBI, o crente Fox Mulder de David Duchovny e a cética Scully, de Gillian Anderson. Eles trabalham em um departamento da agência chamado arquivos-x, que investiga casos relacionados a fenômenos paranormais. O mote principal do inicio da série é exatamente a dicotomia e embate intelectual entre os dois personagens: enquanto Mulder acredita piamente em sobrenatural, vida alienígena e no paranormal, Scully duvida sempre de tudo e é designada para analisar cientificamente as teorias e descobertas do parceiro.
Com o decorrer da trama a dupla se descobre envolta em uma grande conspiração, até chegar o momento em que se dão conta que só podem confiar um no outro. Logo, o principal enfoque de todo o seriado era, acima de tudo, a interação entre Mulder e Scully e a forma como eles reagem à conspiração em que estão presos. O relacionamento deles passa por diversas fases, da estranheza, a rivalidade, o respeito, a atração platônica até o relacionamento amoroso. Sendo uma série tão baseada na química entre os protagonistas (que eram, basicamente, o único elenco fixo da série, apenas com o adendo do diretor Skinner de Mitch Pileggi, que aparecia pouco nos episódios), imagina-se que seria impossível deixar que eles partissem, correto?
Nada disso.
No final dos anos 90, Mulder tinha transformado David Duchovni em um astro, aclamado pelos fãs e pela crítica. Ganhou vários prêmios, tinha uma legião de admiradores, se aventurou nos roteiros e direção de Arquivo X, além de estrelar alguns filmes no cinema. Dessa forma, Duchovni resolveu não renovar seu contrato ao final da sétima temporada. Em entrevista na época, ele disse:
“Por mais que eu ame o programa, eu acho que pra mim isso aqui é o final. Sempre pensei que cinco anos eram suficientes. Sete anos, definitivamente são suficientes.”
A saída não foi tão pacífica assim na realidade, já que o ator e a FOX tiveram alguns imbróglios judiciais por conta de royalties e tudo mais.
Isso porque no final da temporada 7, Mulder é abduzido e desaparece. Foi cogitado então que isso fosse o final da série, mas como sempre tem um pouco de leite para se ordenhar da pedra, a FOX renovou Arquivo X, e agora Scully é a protagonista, sozinha. Mesmo com a disputa judicial, Mulder apareceu em parte dos episódios da oitava temporada, como participação especial.
Mas com a vaga do agente aberta, foi necessário que alguém assumisse o posto. E assim foi introduzido na série o agente John Doggett, interpretado pelo T1000, Robert Patrick. Doggett é líder de uma força tarefa do FBI que tem a missão de encontrar Fox Mulder, e a procura pelo desaparecido agente é o mote de boa parte do oitavo ano.
Fox eventualmente é encontrado, aparentemente morto, mas ele retorna a vida e sua recuperação é supervisionada por Scully. Entretanto o agente insiste em investigar mais casos do Arquivo X, desobedecendo ordens de seus superiores. Mulder acaba sendo desligado do FBI, e Doggett oficialmente se torna responsável por esses casos, e parceiro de Scully.
Outra personagem que é apresentada nessa temporada é a agente Monica Reyes, como personagem recorrente, mas ainda não no elenco fixo, vivida pela atriz Annabeth Gish. Ela é uma amiga de longa data de Doggett, especialista em crimes que envolvem rituais.
No final da oitava temporada, Mulder passa a ser um foragido da justiça, o que mantém David Duchovni definitivamente afastado do programa, até o episódio final.
Mas dessa vez foi Gillian Anderson quem estava relutante em assinar para a nona temporada. A atriz acabou renovando o contrato, mas com restrições. Uma delas era que definitivamente, esse seria seu ultimo ano na série.
Como consequência disso, Scully se afasta dos arquivos x e se torna professora da academia de Quantico (que treina agentes do FBI), e Mônica Reyes assume seu lugar. Dessa forma, a nona temporada da série passa a ser protagonizada pelos agentes Doggett e Reyes. Essa mudança foi uma tentativa de ver se a série conseguiria atrair audiência, mesmo com a ausência de seus dois protagonistas originais. Mulder definitivamente fora e Scully como coadjuvante de luxo.
Não deu.
O público foi cada vez mais abandonando Arquivo X, e com o visível fracasso de continuarem sem Mulder e Scully, a FOX decidiu que essa seria a temporada final. Isso provou que Arquivo X não era, em essência, sobre a agência em si, mas sobre a dupla/casal. Era óbvio, mas os produtores quiseram tirar a prova, mesmo que isso ficasse evidente no próprio fato que, durante mais da metade da vida útil do programa, Duchovni e Gillian eram os únicos atores fixos do elenco, e levaram a trama nas costas por sete temporadas. Mônica Reyes e John Doggett não eram personagens ruins, mas a diferença era brutal.
O episódio duplo que encerra a série traz Duchovni de volta, quando Scully descobre que ele foi feito prisioneiro pelo governo, e recebe a ajuda de Doggett, Reyes e Skinner para tirá-lo da prisão. O episódio encerra várias pontas abertas da história (e deixa várias soltas), inclusive com o julgamento do agente e seu final feliz ao lado de Scully.
E assim, ao menos nesse caso, a série se finda focando no seu último momento no casal que começou tudo, retomando os protagonistas originais e os colocando sob os holofotes.
Até os vermos novamente no relaunch de 2016…
Falando em Arquivo X, você sabia que eles já tiveram uma cena musical ao som de Cher? Não? Então clica aqui e veja uma lista de séries que tiveram cenas musicais!
Volte amanhã para descobrir mais uma série lá dos anos 90 que precisou trocar de personagem principal…