“Eu quero acreditar”
A nona temporada trouxe o fim da série que, durante quase toda a década de 90 marcou seus fãs e inspirou livros, filmes HQs e outras séries de TV. O episódio final, exibido originalmente com duas horas de duração (e nas reprises dividido como um episódio duplo) foi chamado, convenientemente de “A verdade” e trouxe de volta David Duchovny como Fox Mulder, que esteve ausente durante toda a temporada. Na história, Mulder está próximo de descobrir a verdade, mas ao invadir uma instalação militar, acaba levando um soldado à morte. Na verdade, este era um “supersoldado” e por esta razão não havia morrido de verdade, mas foi a desculpa que o exército precisava para encarcerar Mulder de vez. O ex-agente vai a julgamento em um tribunal militar, e aí temos a “desculpa” necessária para relembrar tudo o que foi visto da série até então e ligar os pontos, chegando finalmente à verdade tão procurada por Mulder.
Apesar da nona temporada ter sido bem abaixo das outras em termos de qualidade, o último episódio, pelo menos para mim, representou de forma satisfatória o encerramento da história dos agentes Fox Mulder e Dana Scully, conseguindo trazer virtualmente todos os personagens que tiveram importância na série de volta (mesmo os que morreram – que no caso é a maioria), explicaram toda a conspiração, ligaram todos os pontos (de forma até didática, mas creio que era necessário), conseguiram vincular à “nova” mitologia que havia sido criada nas últimas temporadas e ainda deu um gostinho de que a história não termina exatamente ali, como todo bom episódio da série. Era o fim do Arquivo X na TV, mas não o fim definitivo.
Em 2008 foi lançado nos cinemas Arquivo X – Eu quero Acreditar (The X-files: I Want to Believe). 10 anos após o primeiro filme (e 6 após o final da série), a história se passa um bom tempo depois do final da série e mostra Mulder e Scully tendo que ajudar dois agentes do FBI que estão às voltas com uma série de desaparecimentos de mulheres e as únicas pistas disponíveis vem das visões de um padre pedófilo (é sério).
Apesar do filme se passar dentro da cronologia “oficial” da série, a narrativa segue o formato “monstro da semana”, mostrando uma história que não tem nada a ver com a mitologia relacionada à alienígenas e conspirações governamentais que foi o grande foco da série e do primeiro filme. Arquivo X – Eu quero Acreditar não rendeu o esperado nas bilheterias, embora tenha sido considerado um bom episódio “monstro da semana” transposto para o cinema. Mas o ritmo característico dos primeiros anos da série talvez tenham se provado inadequados para o público de hoje.
O impacto de Arquivo X trouxe duas outras contribuições para a TV: Millennium, que apesar de não ter relação com a série (mesmo depois tendo sido integrada no mesmo universo na sétima temporada, com o episódio “Millennium”), só foi aceita pelo estúdio em decorrência do sucesso de Arquivo X. Um spin-off (série derivada de outra série) também foi lançado, The Lone Gunmen (os Pistoleiros Solitários), protagonizada pelo trio de nerd teóricos de conspiração que ajudaram Mulder e Scully durante toda série. Com um tom mais leve e humorístico e histórias inteligentes, Carter tentava levar os personagens para uma direção menos sombria, como já havia feito em dois episódios de Arquivo X. Infelizmente a série não caiu nas graças do público americano e só durou meia temporada (13 episódios).
Arquivo X pode ter chegado ao fim em 2002, mas para os fãs, continua mais viva do que nunca como uma das séries mais surpreendentes, assustadoras e interessantes já produzidas.
Na próxima Madrugada:
Um personagem que está na vanguarda de dois gêneros dentro dos quadrinhos brasileiros: As histórias de super-herói e as histórias de terror. Na próxima semana vamos conhecer O Garra Cinzenta.