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Review do Crossover INVASÃO parte 1 –  Supergirl (com SPOILERS)


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Bem amigos do Uaréva. Como todo mundo sabe, na semana passada foi ao o grande crossover entre as quatro séries da DC que são exibidas pela CW, à saber, Supegirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow. Nesse especial vou dar aqui meus humildes pitacos sobre essa empreitada.

Começo dizendo que o crossover é talvez o mais audacioso projeto da televisão. Quatro séries, que coexistem no mesmo universo multiverso se unindo em uma mesma narrativa que forma uma grande estória de três horas é algo que não lembro de ter visto acontecer.

Ou melhor: a promessa era de um crossover se desenvolvendo pelo quatro programas, mas não foi isso que recebemos. Durante a aventura da garota de aço tivemos sim lampejos do portal que traria o Flash e Cisco para a terra da família do Superman. Entretanto, exceto por um ou outro susto que o pessoal de National City teve, isso não influenciou em nada a trama do episódio, e nem o episódio influenciou na trama do crossover. O evento não começou, como dito, em Supergirl. Mas percebam: poderia ter começado. Vocês vão entender o porquê.

No episódio, Hank Henshaw, o verdadeiro, usa do sangue da Supergirl que conseguiu no episódio anterior para invadir a Fortaleza da Solidão e conseguir informações sobre o projeto Medusa.

Aqui vale uma explicação: Hank Henshaw, a princípio, era o diretor do DEO, organização militar de controle de situações extranormais. Nos quadrinhos, ele acaba por se tornar o Superciborgue, um inimigo do Superman que pode controlar aparelhos tecnológicos e também torna-los parte de seu corpo. O Superciborgue foi o principal vilão da saga O Retorno do Superman, em que Kal-El volta à vida após sua morte nas mãos do vilão Apocalipse.

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Na série isso foi alterado, quando é revelado ainda na primeira temporada que Henshaw era na realidade J’onn J’onzz, o Caçador de Marte, ou, como ficou conhecido no Brasil, Ajax o Marciano. Na trama, o verdadeiro Henshaw tentou matar o pai adotivo de Kara, que foi salvo pelo Marciano; e acabou morrendo no processo. O pai da Supergirl e Alex também aparentemente bateu as botas, mas antes disso pediu ao verdão que cuidasse de suas filhas. É nesse momento que J’onn assumiu a identidade do enlouquecido Henshaw e passou a dirigir o DEO enquanto protegia as irmãs Danvers.

"Strange Visitor From Another Planet" -- Kara (Melissa Benoist, center) must help Hank (David Harewood, right) face his painful past when a White Martian, a member of the alien race that wiped out his people, kidnaps Senator Miranda Crane, an anti-alien politician, on SUPERGIRL, Monday, Jan. 25 (8:00-9:00 PM, ET/PT) on the CBS Television Network. Also pictured: Chyler Leigh (left) Photo: Darren Michaels/Warner Bros. Entertainment Inc. © 2015 WBEI. All rights reserved.

Bem, o verdadeiro Henshaw na real não foi dessa pra melhor, mas sim salvo pelo Projeto Cadmus, que aparentemente o transformou enfim em um ciborgue – e é assim que ele intitula: Ciborgue Superman.

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Uma diferença entre Supegirl e suas séries irmãs é a destreza com que ela tem lidado com os dramas pessoais de seus personagens, e não apenas da protagonista. Quando a série reúne eu elenco principal (com a sentida saída de Cat Grant), todos tem seu momento. A série ganha muito no quesito fofura, e quando Kara fica encucada achando que Mon-El está dando em cima da sua mãe, apenas para que Elisa diga à ela que ele só está querendo ganhar pontos com a garota, é de qualquer marmanjo sorrir lembrando de alguma vez que já fez a mesma coisa.

Mon-El foi uma ótima adição ao elenco, aliás. A primeira temporada tentou de todas as formas criar um envolvimento entre Kara Danvers e James Olsen, mas o personagem nunca realmente engrenou. O fato dele não gostar de ser chamado mais de Jimmy reflete o motivo pela sua falta de carisma. Jimmy é o garoto tímido e atrapalhado, que tem as melhores intenções, mas normalmente é bastante desastrado. Basicamente a personalidade que foi dada ao Winn. James chegou como senhor fodão, para servir de link entre a Supergirl e seu primo mais famoso, e acabou não sendo nem uma coisa nem outra. Ao desconfigurar as características do Jimmy, o seriado acabou por criar uma torcida para que Kara ficasse com Winn – olha que irônico, aquele que se parece mais com o Jimmy dos quadrinhos.

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A segunda temporada chegou querendo corrigir alguns erros da primeira, e o relacionamento de Olsen e Danvers foi um deles. Logo no piloto Kara mandou James pra friendzone e deixou o caminho aberto para o último filho de Daxam se tornar seu novo interesse. Acontece que Mon-El tem tudo que James Olsen não possui na série: personalidade. O flerte entre os dois realmente parece coisa de adolescente de 12 anos, mas convenhamos, estamos falando de um programa da CW. Pelo menos não é irritante.

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Outra personagem que chegou para deixar a série mais interessante é Lena Luthor. Lembro que quando o programa foi anunciado, comentei como o pessoal aqui do Uaréva que eles estavam criando algo bem previsível, sendo apenas um reflexo invertido do Superman. Kara é Clark, Jimmy é Lois, Cat é Perry, e Alex deveria ser o Lex da Supergirl. Convenhamos, até mesmo a sinopse inicial afirmava que Alex tinha inveja da irmã. Que alegria descobrir que estava completamente enganado e o show me surpreenderia em suas escolhas. Alex se mostrou uma heroína tão valente quanto sua irmã kriptoniana. Foi quando Lena foi anunciada para a segunda temporada e o receio da obviedade retornou: ok, temos uma série em que teremos versões femininas para todos os coadjuvantes do Superman.

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Lena chegou como a herdeira do trono da LexCorp depois que Lex Luthor foi preso ao tentar explodir a Califórnia (viu o que eles fizeram aqui?). Lena a princípio se mostra boazinha, decidida a limpar o nome dos Luthors e transformar a empresa em uma força do bem. Mas qual a chance de confiarmos em alguém com o sobrenome Luthor, não é mesmo? Ainda mais se pensarmos que a mãe de Lex e Lena é a responsável por trás do projeto Cadmus. E é ela quem tem em mãos o tal projeto Medusa, que é o fio que leva o episódio.

Antes de voltar à ameaça, é importante falar sobre dois outros plots que são desenvolvidos, um de forma fantástica, outra no pior estilo CW. O primeiro é sobre Alex, que está passando por um delicado processo de saída do armário. Depois de conhecer a policial Maggie Sawyer, Alex passou a pensar mais sobre seus sentimentos, e está aos poucos se aceitando. Nesse episódio ela revela a sua mãe, Elisa, esse segredo, e recebe dela todo o suporte que todo pai deveria dar a seus filhos. Mas essa trama merece um post só pra ele.

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Por outro lado o plot de J’onn J’onnz foi resolvido com o pior tipo de roteirismo que as séries da DC costumam usar. Ao receber há alguns episódios uma transfusão de sangue da Miss Marte, ele descobriu que ela não era uma marciana verde, como ele, mas sim uma marciana branca, raça que dizimou a sua e é muito violente. A transfusão acabou por começar a transformar o Caçador de Marte em um marciano branco.

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Mas solução dada a esse problema, em uma frase de roteiro, só reafirma o mantra dito por Stephen Amell há algum tempo.

Voltando ao plot principal, ele dialoga sim com o que a parte mais pessoal do episódio apresenta. Relações entre pais e filhos. Legados.

Medusa é um vírus criado pelo pai verdadeiro de Kara, ainda em Krypton, que seria liberado na atmosfera do planeta em caso de invasão. O vírus é capaz de matar qualquer ser alienígena que não for kriptoniano. O Cadmus tem o vírus em mãos e planeja atirar sobre National City, acabando com os extraterrestres que vivem na cidade.

Nesse momento me perguntei: Se o vírus mata qualquer forma alienígena, exceto kriptonianos, mataria terráqueos também. Porra, terráqueos, para os kriptonianos, são alienígenas.

Enfim, aqui novamente o relacionamento entre pais fica muito evidente, quando Kara se envergonha dos feitos de seu pai, a quem considerava um herói. Isso já havia acontecido na primeira temporada com a mãe de Kara, e a decepção agora se estende ao seu pai.

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Essa desilusão cria um paralelo com Lena, e é a busca por não repetir os erros de seus pais que leva à resolução do problema, além de realmente quebrar com o meu receio de que Supergirl seria apenas uma versão de saias de uma série do Superman. Lena aceita ajudar a mãe, apenas para que possa trai-la e tornar o vírus inerte. Pelo menos até agora a irmã de Lex realmente parece fugir de ser apenas um paralelo do vilão do homem de aço. E isso é ótimo.

A saída acabou sendo surpreendente (até certo ponto), o que realmente é uma grande qualidade quando se trata dessas séries. Volta e meia a reviravolta vem de algum deus ex-maquina, como um antídoto encontrado na última hora ou uma máquina que impede a explosão da bomba. Usar a Lena como uma agente dupla se virando contra a mãe fugiu do lugar comum.

Como eu disse, nada de crossover no episódio até a cena final, que mostra Barry e Cisco atravessando o multiverso e recrutando Supergirl para enfrentar a ameaça espacial que se avizinha.

Supergirl -- "Medusa" -- Image SPG208b_0014.jpg -- Pictured (L-R): Melissa Benoist as Kara/Supergirl, Grant Gustin as Barry Allen and Carlos Valdes as Cisco Ramon -- Photo: Bettina Strauss /The CW -- © 2016 The CW Network, LLC. All Rights Reserved

O episódio, muito bom aliás, perde pontos por isso: uma promessa não cumprida do canal. A cena que vemos no final do episódio é repetida todinha no episódio seguinte do crossover, em The Flash, e realmente poderia ter aparecido apenas lá. Tudo funcionou muito bem, mas não é parte do pacote, como anunciado. Uma pena.

PS1: Kellex tá muito legal na série.

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PS2: Graças a Rao! Uma coisa não se pode negar, se você é fã e quer service, é nas séries da DC que você precisa se concentrar.

PS3: O vírus Medusa poderia ser um análogo, ou uma versão, do que foi o Erradicador nos quadrinhos? Se sim, por que não usar esse nome? É meio estranho um vírus de Krypton usar o nome de uma criatura mitológica grega.

PS4: Guardem bem o plot do tal vírus. É por causa dele que acho que a trama desse episódio poderia sim ter sido o pontapé inicial do evento interséries.

Clique aqui para o review da segunda parte do Crossover, em The Flash

Designer gráfico por vocação, publicitário por formação, filósofo por piração.

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