Friends, para quem viveu em Plutão nos últimos 14 anos (e se fudeu, porque agora aquilo nem planeta é mais) é uma sitcom que narra as aventuras de seis grandes amigos em Nova York. Friends é considerada umas das sitcoms de maior sucesso da televisão mundial.
Mas então o jovem remelento da terceira fila pergunta: tio Moura, o que é Sitcom?
Sitcom, ou situation comedy, ou ainda “comédia de situação”, meu jovem mancebo, é um seriado televisivo com personagens comuns onde existem uma ou mais histórias de humor encenadas em ambientes comuns. Normalmente são gravados com platéia, o que gera aquelas risadas no fundo. É, aquelas tipo do Chaves.
Friends estreou em 1994, pela rede NBC, produzido pela Warner Brothers, e não se mostrou logo de imediato um sucesso de audiência. Mas logo na segunda temporada o público aumentou consideravelmente, tornando a série um sucesso absoluto no auge de sua quarta temporada. E esse sucesso todo durou até a exibição de seu último episódio, “The Last One”, em 2004. Dez anos de sucesso ininterrupto, sem mudanças de elenco nem brigas interna, sem quedas de audiência ou qualidade. E esse talvez seja o segredo do sucesso de Friends, que terminou ainda no auge, levando seus atores, de simples anônimos ao status de astros.
Além é claro, da qualidade incrível da comédia, a começar pelo próprio elenco. Jennifer Aniston, como a patricinha falida Rachel; Courtney Cox como a obsessiva, perfeccionista e dominadora chef de cozinha Mônica; David Schwimmer como seu irmão Ross, um professor nerd e desajeitado; Lisa Kudrow, a completamente sem-noção e excêntrica quase-hippie Phoebe; Matthew Perry, o irônico rato de escritório que odeia seu trabalho (e, em alguns momentos, sua vida) e usa de seu sarcasmo como forma de defesa, Chandler; e o hilário Matt LeBlanc como o genialmente estúpido ator Joey.
A interação do sexteto, tanto pelo talento de seus intérpretes quanto pela personalidade dos personagens, criou a atmosfera perfeita do seriado, e o elenco principal (no qual, pela primeira vez em seriados, não há um protagonista, mas seis) levava a série por si só.
Alguns personagens demonstravam uma química maior em cena – como as duplas Joey e Chandler, Monica e Rachel, e os casais Ross e Rachel e Mônica e Chandler. Porém confesso que pra mim, não havia nada melhor que as cenas entre os personagens mais sem noção do programa: Joey e Phoebe.
Uma cena antológica é no final de um episódio, em que a câmera foca cada um dos “Friends”, e ouvimos em off seus pensamentos. Quando a camera foca em Joey apenas ouvimos ele cantarolando em pensamento “O passo do elefantinho”. A Câmera segue para Phoebe, que, em pensamento, se pergunta: “Quem está cantando?”. Simples, hilário e genial.
Quem diria que a principio a série seria focada apenas em Ross, Rachel, Mônica e Joey, e os personagens de Phoebe e Chandler seriam apenas participações…
Em dez anos do programa, o público acompanhou a vida desses seis amigos, em uma trama que não se tornou repetitiva. A vida deles evoluía, avançava, seja em amores ou trabalho. Cada idiossincrasia de cada personagem foi respeitada do inicio ao fim da série.
Porém o talento do sexteto não impediu participações especiais raras de se ver na televisão. Bruce Willis, Julia Roberts, Brad Pitt, George Clooney, Susan Sarandon, Robin Willians, Billy Cristal, Winona Ryder, Sean Penn, Reese Witherspoon, Danny Devito, Jean-Claude Van Damme, entre outras grandes celebridades de Hollywood marcaram presença na série. E o mais legal é que cada um deles é isso: uma participação especial. Em momento algum o roteiro se vale apenas do aparecimento desses astros ou os eleva ao status de protagonistas. O sexteto de amigos nunca perde a cena. Aliás, Bruce Willis não cobrou nada pela sua participação, por conta de uma aposta com Matthew Perry nos bastidores de “Meu Vizinho Mafioso”.
Friends marcou época, e mesmo depois de 4 anos de seu término, ainda agrada muito, desde sua abertura alto-astral com os amigos dançando “I’ll be there for you” numa fonte (que fica nos jardins dos estúdios Warner Bros), ao elenco de apoio – como o estranho Gunther, a irritante Janice (Oh! My! God!), a ex-mulher lésbica de Ross, Carol, e o cara feio pelado (que nunca aparecia, graças a Deus) – isso sem falar nos clássicos episódios de Ação de Graças.
O sucesso da série foi tão grande, que obviamente, gerou frutos. Alguns seriados tentaram seguir a receita “amigos” sem chegar nem perto do sucesso da original, como The Class ou Four Kings.
Depois do fim da série, os Friends seguiram suas carreiras, mas sem o mesmo brilho de outrora. Jeniffer Aniston seguiu para o cinema, alternando sucessos e fracassos na telona. O mesmo aconteceu com Matthew Perry, que depois de meia dúzia de comédias, voltou a TV no brilhante, e injustamente cancelado, Studio 60, e Lisa Kudrow, que também tentou a sorte com a série The Comeback, que igualmente, não vingou. David Schwimmer foi para o teatro e deu sua voz a girafa Melman, de Madagascar. Courtney Cox estreou recentemente a polêmica série Dirt, que a distanciou totalmente da imagem de Mônica Geller. Matt LeBlanc foi o único a se manter no universo de Friends, estrelando Joey, a série solo do personagem. Apesar de ser uma série bacana, com momentos muito divertidos (destaque para Jennifer Coolidge como Bobbie, a pervertida agente de Joey), a série viveu a sombra da original e nunca alcançou seu sucesso, nem sua qualidade, e foi cancelada.
Mas isso tudo não deve ter sido de grande abalo econômico para os ex-friends, que na última temporada estavam ganhando humildes UM MILHÃO de dólares por episódio. Dá uma boa aposentadoria isso, não?
Bom, como podem ver, Friends é a sitcom favorita desse pseudo-colunista. E de boa parte da torcida do Flamengo. Então, se você não conhece, alugue os DVDs de todas as temporadas e acompanhe a vida destes personagens. Se conhece, alugue também. As piadas nunca cansam, e você vai passar um bom tempo cantarolando .. Smelly Cat… Smelly Cat….