Conheço muitas pessoas que torcem o nariz para histórias de ficção cientifica ou porque são “muito viajosas”, “não são realistas” ou simplesmente por não gostarem de grandes efeitos especiais e afins. Infelizmente, para elas, não perceberam que sci fi (os bons pelo menos) não são histórias sobre tecnologias avançadas ou revoluções futuristas, mas, sim, são metafóras sobre o próprio ser humano, a vida e o mundo que vivemos.
Para essas pessoas eu indico só uma coisa no momento: assistam I’m Here, de Spike Jonze.
O curta-metragem se passa em Los Angeles e conta a história de amor entre dois robôs, interpretados por Andrew Garfield e Sienna Guillory. Uma história que apesar de curta fala sobre o amor mais do que muitos longas-metragens por aí.
Inicialmente falemos sobre a direção caprichada, de belos ângulos, suavidade e sentimento de Jonze, diretor de filmes como Quero ser John Malkovich (1999) e Adaptação (2002). Em sua empreitada pelo mundo dos curtas, ele mostra que sabe aproveitar muito bem o ritmo mais direto e objetivo que um filme de duração menor proporciona, que assim como um conto literário precisa mostrar logo ao que venho e o que pretende.
Aproveitando-se de que além de diretor também é o roteirista, adaptando a história de uma obra de Shel Silverstein, Spike constrói rapidamente, tanto em caracterização quanto através de imagens, os personagens e sua relação, desejos e conflitos.
A estética do filme é algo impressionante, tanto na direção de arte (especialmente na escolha do estilo de robôs existentes nesse mundo) quanto na fotografia, trilha sonora e montagem, elementos tão bem trabalhados que ao termino da pequena perola a nossa frente o gosto de “quero mais” desse universo Jonzeniano não nos deixa por muito tempo.
Aliás, gostaria de comentar é o uso criativo e inteligente da sci fi por parte do filme, apesar de alguns efeitos visuais e digitais leves, a obra mostra que é possivel se fazer ficções desse genero sem grandes orçamentos e estruturadas nos personagens. Ponto para Jonze.
Por último o roteiro. Ah, o roteiro! Uma amarrada e singela ode ao amor na sua forma mais intensa e incondicional, trazendo a tona como o encontro entre duas pessoas pode ser algo mais importante que qualquer outra coisa na vida. Qualquer palavra não é tão representativa quanto o sentir que assistir um bom filme pode ser. Para mim, I’m Here é mais que uma ficção cientifica, é um ensaio, relato sensivel sobre a maior de todas as buscas humanas na sua história.
Essa é minha visão, mas tire suas próprias conclusões logo abaixo:
PS: se o vídeo não estiver mais no ar ou você preferir, tem outras duas formas de vê-lo, no site oficial do filme ou por aqui.