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Uareview: Luzes de Niterói


Sinopse: Baseado em fatos reais, nos anos 1950, a obra traz as aventuras (e desventuras) do jovem Hélcio, inconsequente e promissor “beque” direito do time de futebol Manufatora Atlético Clube, o Cantusca – emblemática equipe operária do bairro Barreto, em Niterói, e do seu amigo Noel, portador de uma severa deformidade física. Os dois se envolvem em pescaria com dinamite, comércio para praia de nudismo, tempestade em plena Baía de Guanabara, rusgas, atrasos para concentração, um treinador linha-dura, um jogo contra o Vasco da Gama de Bellini e uma noite de baile.

Falar de Marcello Quintanilha já virou um lugar de comum de elogios tanto a sua narrativa quanto aos seus desenhos e cuidado com que constrói os seus diálogos, com uma atenção especial ao vocabulário e vozes de seus personagens.

Voltando no tempo, inspirado nas histórias de seu pai, o autor monta em Luzes de Niterói (Ed. Veneta, 232 p.) sua Niterói de 1950 com um tom de saudosismo sem deixar a realidade de lado.

Trabalhando bem seus personagens, dando a cada um características fortes e particulares, ele conta uma história sobre amizade que muitas vezes faz o leitor se pergunta para onde ela está indo.

Muitas vezes me peguei pensando que o quadrinho estava se alongando demais, tem, inclusive, diversos “finais” que com qualquer outro roteirista seriam os definitivos. Contudo, Quintanilha quando nos mostra o final de fato, amarra bem as pontas e você entende o motivo do alongamento narrativo.

Uma obra que fala sobre amizade, mas, mais importante que isso, sobre a construção masculina de amizade – ainda mais naqueles tempos. Uma construção baseada em pouca expressão de emotividade, muita brincadeira para disfarçá-la. uma busca por se sentir superior ao outro e não admitir falhas.

Mais um trabalho primoroso que poderia, facilmente, virar uma série de TV a qualquer momento.

Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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