Sinopse: Baseado em relatos de jornais e entrevistas publicadas na primeira metade do século XX, a HQ conta a história de Jurema, sobrevivente de um ataque de uma Volante, que acaba se vendo no meio de um grupo de cangaceiras.
Falar de Shiko tornou-se chover no molhado, o paraibano a cada novo trabalho nos encanta com não só lindos e cheio de detalhes desenhos, mas histórias mais e mais bem construídas e interessantes. Aqui não é diferente.
“É Bonito Meu Punhal“, título dessa primeira edição, utiliza de recortes de jornais e revistas para costurar os diversos fatos em uma narrativa coesa sobre não só suas protagonistas, mas, também, uma vivência nordestina que vai além muito além do maniqueísmo muita vezes retratado.
Com uma narrativa impactante a cada quadro, sequência e virada de página, o quadrinista nos transporta para os momentos de cada seguimento da história e nos guia com precisão de um punhal afiado lançado no coração de alguém na jornada de Jurema e o grupo de cangaceiras que cruza seu caminho.
As cores da HQ são um show a parte, com seus tons quentes do chão de terra e calor nordestinos. Inclusive, era algo que sentia falta em trabalhos anteriores dele como Três Buracos, feito em preto e branco, por saber da qualidade do trabalho dele também nessa área.
A publicação independente faz em suas 48 páginas um dos melhores “curtas-metragens” sobre cangaço em muito tempo. Um trabalho magnífico que ao seu fim nos deixa roendo as unhas pelas próximas edições, que estão previstas para março e julho deste ano.
Para você ver que não é exagero meu, as primeiras 20 páginas podem ser vistas AQUI:
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Marcelo Soares
Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)