Sinopse: Tânia e seu irmão cresceram entre o garimpo, o puteiro e o cemitério. Daí o nome do lugar: “Três Buracos”. Foi cavando a cova de um enforcado que Delegado, pai dos dois, descobriu “a maior turmalina que já brilhou no mundo”. No entanto, essa descoberta trouxe desgraça a ele e a todos do garimpo. Anos depois, Tânia, sua companheira Cleonice e seu irmão Canhoto juntam suas vidas desgraçadas em torno de um plano. Buscam riqueza, liberdade e redenção, mas a morte está sempre a cavar covas em Três Buracos.
A capa do quadrinho reproduz uma entrada de mina de garimpo, mas nela também podemos ver um tórax aberto, uma passagem para um coração seja da caverna, seja da protagonista. Em um perfeito poster de filme de “bang bang”, temos uma ótima escolha para representar tudo que a revista é.
Três Buracos é uma observação cirúrgica na alma de Tânia e sua obsessão por uma pedra preciosa, um objeto que é mais um motivo de existência que realmente uma saída daquele local. Uma história sobre um vilarejo esquecido no sertão nordestino, repleto de tragédia e cansaço.
Shiko segue fazendo muito bem o que iniciou em Lavagem, seu trabalho anterior, uma narrativa de terror social de análise de personagem. Desta vez, insere elementos de faroeste em uma realidade bem moderna de facções criminosas, cidades fantasmas e machismo.
Em uma verdadeira história de botija, com referências a Luiz Gonzaga, Calderón de La Barca, Spaghetti Italiano, somos levados numa narrativa hora onírica, hora sobrenatural, contudo, sempre realista, questionando o que é certo, errado, dever, obrigação, sonho e medo.
O autor paraibano se consolida como um dos grandes nomes dos quadrinhos nacionais e um mestre do desenho. Cada página da HQ é uma pintura, uma beleza de se ver, observar os detalhes, quadros prontos para serem pendurados em salas de exposição. Uma arte cinematográfica pronta para ganhar vida perante nossos olhos ou em uma tela de cinema.
A cada nova produção, Shiko nos surpreende tanto pelo seu apuro técnico e excelente narrativa quanto por sua sensibilidade a retratar a vida de uma forma muito natural, crua e pungente. Ao ler seus trabalhos nos sentimos transportados para aquela realidade retratada, como se estivéssemos visitando o local, as pessoas ou somente algum lugar existente de verdade em nosso país Nordeste. Terminamos uma leitura sempre ansiosos pela próxima, e que ela venha logo!
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