Sinopse: Esta é a história de desertos que avançavam cobrindo cidades. A história de um mundo à beira da destruição. Da gente desse mundo, de sua alienação e da violenta guerra em que se perdeu. Esta é a história de uma mulher que fazia curas e de sua amiga, que dirigia um bordel. E de como elas enfrentaram tudo isso. Também é a história do tigre e da menina. Mas para conhecer todas elas, você terá de aceitar o chamado para olhar o futuro. E mergulhar no abismo.
O gênero steampunk é uma variação da ficção científica que sempre me chamou atenção, poder imaginar sociedades nas quais tecnologias modernas tivessem sua contraparte a partir do uso do vapor dá um charme a qualquer história.
Foi uma alegria, e surpresa, ao ver que Nikelen Witter (Dezessete Mortos) utiliza desse tipo de história para brincar com outros gêneros como fantasia, space opera e ainda trazer um importante e bem construído discurso acerca da exploração de recursos naturais do planeta.
Ambientando sua história em um mundo à beira de uma guerra entre nações, com seus costumes “vitorianos”, e assolado pelo crescimento de desertos e tempestades de areia, a autora vai nos nos guiando com calma e destreza pelo meio de seus personagens e temas. O que de inicio parece uma obra com aquele estereótipo de problemas românticos, dramas de casamento e questões familiares, logo nos revela ser, na verdade, uma narrativa de aventura, descobertas e, acima de tudo, relações humanas.
Nikelen é uma grande construtora de personagens, não tem como não se apaixonar por Elissa, sua protagonista, uma garota que tinha a sua frente um futuro de esposa, dona de casa, socialite e vê, rapidamente, tudo isso ser jogado para o alto. O mais interessante é ver como suas reações são verossímeis, com as duvidas naturais de alguém nas posições em que ela se vê e como acompanhamos seu crescimento como pessoa, mulher e aventureira.
E o que seria de uma protagonista sem bons coadjuvantes? E disso, Viajantes do Abismo sabe muito bem ao dar a Elissa sua irmã Teodora, sua amiga Tyla, Seth, Harin Solano e a pequena criança que surge para ela vira e mexe. Todos personagens são carismáticos, com características próprias e que também agem de acordo com elas.
Inclusive, o equilíbrio entre eles, em termos de abordagem e espaço, é realmente de se parabenizar a autora, não é fácil dosar bem as peças no tabuleiro para que nenhuma se destaque mais que a principal e nem deixe de ser interessante de acompanhar.
Viajantes… é uma leitura agradável, uma aventura empolgante e um alerta sobre caminhos escolhidos, tanto como indivíduos quanto coletivo, um trabalho que ao se chegar ao fim se pede por mais não só daqueles personagens, mas, principalmente, daquele mundo e de como nele, e aqui, tudo é interligado, tudo faz parte de algo maior.
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Viajantes do Abismo
Autora: Nikelen Witter
Capa: Camila Fernandes
Projeto Gráfico: Vitor Coelho
Revisão: Gabriela Coiradas
Edição: Artur Vecchi/AVEC Editora
Número de páginas: 308