por Marcelo Soares
Eu gostei de Avatar, não só pelos seus efeitos visuais, tecnologias revolucionárias, mas muito mais pelo seu conteúdo, que é exatamente o que a maioria diz ser o mais fraco. Eu sou bem de ir contra a maré em relação a filmes mesmo. Avatar é um filme que fala sobre se colocar no lugar dos outros e sobre meio ambiente, nada mais antenado com os tempos modernos.
A história todo mundo sabe: nela Sully (Sam Worthington), um soldado americano que perdeu o movimento das pernas, foi selecionado para um grupo de pesquisas de bioengenharia para substituir seu irmão, por dividirem o mesmo código genético. Esta associação leva Sully ao planeta Pandora, um planeta selvagem e exótico, aonde um valioso minério é encontrado em grandes quantidades, entretanto os habitantes são tidos como hostis e dificultam os interesses da mineradora, que já se sobrepõem aos interesses do grupo de pesquisa.
Tudo se passa em 2154, um futuro onde os habitantes da Terra se espalharam pela galáxia e foram encomodar a vida em outros planetas. Uma coisa que é interessante nesse tipo de filme é colocar em nós, seres humanos, o peso que colocamos nos “pobres” aliens verdes quando vem nos visitar: Nos colocamos como vitimas de uma raça estranha que quer nos destruir. Em Avatar a “raça estranha” somos nós.
Como não vi o filme em uma sala 3D Imax e afins, não posso falar tanto de seu principal atrativo, ter sido feito completamente em 3D. Mas, em uma sala simples, já dá para notar como é belo o trabalho de James Cameron. O diretor de Titanic dedicou anos de sua vida nesse projeto e criou um planeta Pandora crível e belo, com milhões de seres adoravelmente bizarros inspirados nos insetos e animais de nosso presente. E as cenas de batalha? Ah, as batalhas! Belas de tão destruidoras, de dar pena mesmo dos Na´vi, habitantes locais de Pandora.
O elenco não é brilhante, mas também não chega a atrapalhar o andamento do filme. Destaque para uma Sigour¬ney Wea¬ver no papel da Drª. Grace e Stephen Lang como o Coro¬nel Qua¬ritch, esse por sinal uma espécime viva do que eram os soldados brutamontes de filmes dos anos 80. Sam Worthington no papel principal cumpre a sua função, aliás, ele incorporado no corpo de um Na´vi tinha mais expressão e atuação que como ele mesmo.
Mas, o que me pegou mesmo de jeito no filme foi o tema ecológico, a ligação criada fisicamente entre os habitantes de Pandora e sua fauna e flora. È bonito de ver a coexistência pacifica que tanto se debate hoje em dia em congressos e discursos políticos ali levada ao extremo. O Na´vi tem por natureza um tipo de membrana que o conecta a um animal qualquer fazendo-o ver o mundo e entendê-lo da perspectiva do animal. Isso fez com que eles desenvolvem-se uma cultura de respeito ao meio ambiente sem igual. E mesmo quando os humanos destroem tudo com sua ganância, a união desses seres em defesa de seu planeta é de arrepiar.
Avatar é um marco, não só pela sua tecnologia, mas também por mesmo cheio de clichês e acusações de plágio, James Cameron ter conseguido levar para o cinema um filme divertido, de ação e com um conteúdo ecológico de primeira, muito a frente dos tais filmes catástrofes ambientais. Ainda por cima com um visual de game da melhor qualidade, fechando o ano passado como o ano da ficção científica no cinema. Parabéns ao cara, e quem não viu vá correndo ver!