Bom, quem acompanha o Uarévaa há algum tempo (isso quer dizer, quatro pessoas e metade dos bloguistas do próprio) deve ter lido minha resenha sobre Smallville.
Mas como eu sou brasileiro, e fã do homem de aço, eu não desisto nunca.
Smallville decaiu vertiginosamente da primeira até a sétima temporada. Aliás, a temporada passada foi o que há de absurdo, Clark ganhou uma prima (Kara) que fez, aconteceu e escafedeu-se no final da temporada. Depois disso ninguém mais citava ela. Lana ficou catatônica graças a uma jogada do Brainiac, que também tentou infectar Chloe, mas tomou na trozoba e não conseguiu, sem maiores explicações. Lana voltou a si, deixou uma fita se despedindo de Clark e sumiu no mundo (ceninha munitinha quando a Lois o consola). Mas o cúmulo foi que todo mundo ficou, a temporada toda, atrás de uma porra de um cristal (sempre eles) que, ativado na Fortaleza da Solidão, poderia controlar o último kriptoniano. Todo mundo entenda por Lex, os membros dos Veritás – uma sociedade secreta que descobriu uma previsão sabe-se lá de onde que dizia tudo sobre Kal-El, sociedade esta composta por Lionel Luthor, os pais de Oliver Queen, o cientista Dr. Swann e mais alguns figurantes – por Kara e pelo próprio Clark. O cristal vai parar nas mãos de Lex, que já até matou Lionel durante a temporada, e quando o careca ativa o cristal… A Fortaleza vem abaixo em cima dele e de Kent. A temporada termina com os dois rivais enterrados no gelo. Lex agora sabe o segredo de Clark.
Bem, a 7a temporada eu assisti salteado, sem a mínima regularidade, mas resolvi dar uma chance a série novamente na 8a. A promessa era de uma mudança radical, com novos personagens e afinal uma evolução.
E lá estava Moura na frente do PC… Digo da TV… Assistindo a estréia.
A Liga se reúne para procurar Clark – Arqueiro Verde, o insosso Aquaman e a Canário Negro, com toda aquela cara de puta de bar alternativo que deram pra ela no programa. Não trouxeram o carismático Bart Allen…
Bom, eles encontram uma equipe da Luthorcorp, liderada por Tess Mercer (a Mercy??), a nova presidente da Luthorcorp. Eles buscam por Luthor. Depois de meia dúzia de tretas, Oliver resgata Clark sem poderes (de novo??) na Rússia (sem maiores explicações) e o traz de volta a América. Os buchas do Aquaman e da Canário são capturados e levados a um complexo prisão de meta-humanos, onde também está a Chloe. Cabe aos heróis resgatarem os superamiguinhos, o Arqueiro é controlado mentalmente, atira em Clark uma flecha, ele ta sem poderes e se fuede, Chloe tenta curá-lo e não consegue, chega o Caçador de Marte, leva ele pro sol e tudo fica bem. Ah, a Lois também ta no rolo, mas nem lembro por que. Uns quatro momentos valem a pena no episódio, especialmente a cena final quando Clark diz a Lois que é o novo repórter do Planeta, senta-se na mesa em frente a dela e o tema das cenas finais de Lois & Clark, o seriado dos anos 90 do Dean Cain, toca.
Mas realmente a cara estava um pouco diferente e a radical mudança de elenco me motivou a continuar acompanhando… E o episódio seguinte deu um novo rumo ao lance dos Kripton-Freaks. Mais uma afetada por meteoros surge, com o poder de emitir explosões à distância. É na verdade uma releitura da vilã das HQs Plastique. A resolução do episódio foi, como sempre em Smallville, fácil e dentro da fórmula “desmaio-supervelocidade”. Mas o fim deu uma nova esperança, com Mercy indo atrás da vilãzinha e falando de uma suposta Liga do Mal.
O terceiro episódio foi melhor, dando ênfase a Oliver Queen, o Arqueiro que se perdeu no meio da série. Mostrando a origem do Arqueiro (muito bem feitinha até) e sua ligação com Tess Mercer, Clark ficou relegado a coadjuvante, coisa que, se tivesse sido feita com mais freqüência nos episódios, teria poupado o kriptoniano de situações tão absurdas e idiotas quanto as que ele teve que passar pelo excesso de tempo em tela.
Mas claro que, uma nova fórmula foi descoberta, vamos usá-la a exaustão! Plastique no segundo episódio, Máxima no quarto! A rainha de Almerac, um planeta longínquo, chega a Metrópolis disposta a conquistas o amor do último Kriptoniano, mata uns caboclo no processo com um beijo mortal (Hera Venenosa, alguém?) e claro, põe em perigo Jimmy, afinal sempre alguém próximo a Clark tem que estar em perigo. Clark se entrega a ela, rola um ciuminho com Lois e ele resolve tudo facinho de novo. O episódio fica totalmente fora de contexto e é mais um daqueles com padrão Jeph Loeb de coerência.
O seguinte já volta a estar dentro de uma sequência racional e mostra Chloe e Jimmy, as vésperas de se casarem, sendo sequestrados por um maluco com um detector de mentiras que mata os casais que não são verdadeiros um com o outro. Lois e Clark vão atrás do casal de amigos e são capturados também. LÓGICAMENTE a máquina da verdade é movida a kriptonita (ou algo assim, mas tem kriptonita no meio) e Clark e Lois acabam revelando sentimentos um pelo outro. Episódio bestinha, mas pelo menos não chega a ser bizonho como o anterior. E me fez pensar que no universo de Smallville, você pode comprar kriptonita no mercado livre ou na mercearia do seu Zé.
O sexto é sobre David Bloome. Quem?? Acredite ou não, a versão humana teen do Apocalipse. Episódio bom, com suspense e um gancho bem interessante.
Em seguida vem um com Jimmy descobrindo que o herói de Metrópolis pode ser o Clark, e uma forma bem besta de convencer o fotógrafo do contrário, digno do seriado do Batman do Adam West.
Percebem que eu to sendo mais sucinto?? É a qualidade dos roteiros caindo vertiginosamente.
Em Bloodline, Kara finalmente volta, Clark finalmente toca no nome da prima que sumiu há meses, ela está na Zona Fantasma e ajuda Kent e Lois a voltarem pra Terra. Lois é possuída (ui!) pelo espírito da mulher de Zod (e não é a Ursa). Aliás, olha os fantasmas aliens de novo… Who you gonna call?? Lois atravessa um cano em Davis, mostra que ele é um kriptoniano, diz que é mãe dele, é exorcizada e logicamente esquece tudo que aconteceu. E Kara se manda com uma desculpa esfarrapada qualquer, comum desse programa.
Um parênteses: até me acostumei com a idéia do Apocalipse estar na Terra com um corpo humano, e mais legal que isso, sem ter noção de quem é. Bem trabalhado, esse plot fica legal. Mas fantasmas kriptonianos me irritam profundamente.
Outro plot que se desenvolve é Chloe e sua infecção de Brainiac. Ela demonstra poderes novos, bem Brainiac mesmo. E no episódio Abyss, ela começa a esquecer de tudo. Primeiro de Lana, Jimmy, tudo vai sumindo de sua mente, apagado por Brainiac. Ela afinal se recorda só de Davis, tudo planejado por Brainiac. O episódio vai ficando bom, mas o que vem no fim? A famosa saída fácil. Leva a menina pra Fortaleza, e Jor-El passa um antivírus na menina, com o adendo de Clark pedir para ela não se lembrar de nada sobre seu segredo. Mas heim??? A personagem mais bacana da série vai deixar de ser a parceira do herói e virar mais uma Lana Lang sem função?
Enfim chega o dia do casório de Jimmy e Chloe. O episódio começa com uma “homenagem” a Cloverfield, com uma câmera amadora filmando o casamento atacado por um monstrão (de borracha). Depois vemos o que aconteceu aos poucos e descobrimos que Lana apareceu pra festa, deixando Lois e Clark num climão, Oliver e Lana dividem algum segredo e enfim, Davis virou o Apocalipse de vez e atacou o casamento, ferindo Jimmy e sequestrando Chloe. A cena final é bem bizarra, no bom sentido, com o monstro carregando a loirinha pra Fortaleza e ela abrindo os olhos com pupilas dilatadas com um sorriso no rosto.
Por fim, temos o episódio Legion. O melhor, em minha opinião. Chloe esta totalmente controlada pelo Brainiac, e surgem em Smallville os legionários Cósmico, Satúrnia e Relâmpago. O trio vem ajudar Clark a derrotar Brainiac de vez, e o episódio vem recheado de citações as Hqs. Relâmpago pergunta a Clark da capa e dos óculos, e quase menciona o nome Superman, além de chamá-lo de homem-de-aço. Segundo o trio, a única forma de parar Brainiac é matando seu hospedeiro, mas é claro que o azulão não vai deixar que isso aconteça. E, incrivelmente, a saída é bem pensada, com a união dos poderes dos legionários, liderados pelo Clark. Assim como a desculpa para que logo Chloe fosse à infectada por Brainy – Clark jamais iria feri-la. Os legionários voltam para o futuro, deixam um anel da equipe para Clark e dizem que ele foi a inspiração para a criação da Legião, muitos séculos no futuro. E ainda carregam o que resta de Brainiac prometendo que farão algo útil com ele (obviamente, Brainiac V).
Ah, e a Chloe lembra do segredo de Clark de novo. E eu pergunto: PRA QUE A FAZER ESQUECER UM EPISÓDIO ANTES, ENTÃO???
Estamos na metade da temporada, e, como era de se esperar, ela não está nem perto de ser perfeita. Afinal é Smallville e os roteiristas têm preguiça de levar um plot adiante, se apegando as velhas saídas fáceis. Mas está muito superior a todas as outras, com menos bobagens e mais ligação e conectividade entre os episódios, que parecem querer levar a algum lugar. Só não sabe para onde. Além do que, os novos personagens têm suas próprias tramas, paralelas a de Clark (a ligação Tess – Oliver; a infecção e casamento de Chloe; a dupla personalidade de Davis Bloome; a repórter intrépida Lois Lane surgindo; e a chatíssima volta de Lana), o que dá um fôlego ao seriado que sempre foi eternamente centrado no garoto de aço. Com isso há espaço para todos os coadjuvantes, o que não ocorria nas outras temporadas, em que o resto do elenco todo era quase figurante e quando não estavam ao redor do protagonista, não tinham o menor carisma.
Acho que ainda há uma pequena luz no fim do túnel de Smallville. Espero que não seja outro trem vindo na direção contrária.
Valeu galera, e até o próximo episódio.