Uaréview de volta, dessa vez sob a batuta do bom e véio Freud, pra falar dessa belezinha do selo Vertigo que finalmente chegou às bancas brazucas: Os leões de Bagdá.
Escrivinhada pelo figurinha carimbada Brian K. Vaughan (o mesmo de Y: O Último Homem e Ex-Machina) e rabiscada (muito bem rabiscada, por sinal) pelo ainda relativamente desconhecido Niko Henrichon, a estória é baseada em acontecimentos reais e, segundo o autor, “É a Guerra do Iraque sob o ponto de vista dos animais”. Brian declarou que considera esta a melhor estória que ele já escreveu e a revista foi vencedora do HARVEY AWARDS® 2007 de melhor graphic novel.
O título original “Pride of Bagdad”, tinha um duplo significado que infelizmente se perdeu na tradução pois a palavra Pride significa tanto “Orgulho” quanto “Alcatéia”.
Resumindo a bagaça da forma tosca que estou acostumado, olho no laaaançe!!!
A Guerra do Iraque tá comendo geral, mas para quatro leões (um macho, duas fêmeas e um filhote) vivendo na maior molezinha no zoológico de Bagdá, Uarévaa….
Só que, após um bombardeio americano na capital, eles se vêem subtamente abandonados pelos tratadores e libertos de sua prisão, fato que é encarado com frieza pelo leão Zill (que busca apenas se adaptar da melhor forma a qualquer que seja essa nova situação) e com entusiasmo pela jovem leoa Noor (que sempre quiz fugir dali e tomar as rédeas de sua vida de volta) e seu filho Ali (extasiado pelas coisas que pode conhecer fora da cela). Já a velha leoa Safa reluta em viver fora do conforto do Zôo pois carrega cicatrizes de uma vida dura quando era livre.
Personalidades bem definidas que refletem diferentes pontos de vista, enquanto eles se mantem unidos em busca, forçosamente ou não, de uma nova vida em meio as caóticas situações que ocorrem durante a guerra. E são justamente essas diferenças de opinião (principalmente entre as duas leoas e no que diz respeito ao significado da liberdade) que fazem o ponto forte da estória, junto com simbolismos diversos pra retratar a guerra e suas motivações. Por vezes a ignorância que os leões tem sobre o que afinal está se passando, remete a ignorãncia das guerras em si.
A estória flui muito bem, uma leitura rápida mas com momentos impactantes, que levam à reflexão. Ahhh, sim, os leões papeiam. Tanto entre si quanto com outros animais. Mas não espere algo cartunesco, com eles fazendo caras e bocas enquanto conversam.
O que me leva a falar da arte…. A arte… bom… me valendo das palavras do Moura sobre a vida… A arte é foda, é foda mesmo. É foda!!! Os traços são bem realistas e as expressões dos leões sempre parecem fiéis ao que um leão realmente demonstraria enquanto vivencia aquelas emoções. Os cenários, as cores… FODA!!! Não há muito mais que eu possa dizer sobre isso. Nota 10.
Ótimo trabalho da Panini também. Capa cartonada, lombada quadrada, papel legal no miolo, 140 páginas, por R$ 19,90. 20 cascalhos por uma hq como essa vale muito a pena.
E fizeram tambem um Hotsite bem legal sobre a Graphic Novel, com preview, rascunhos, wallpapers, entrevista, links para notícias relatando os acontecimentos reais em que a série se baseou, etc… CRICA AQUI e confira.