Uaréva! Marcelo Soares,Uaréview Sicko: $o$ Saúde

Sicko: $o$ Saúde

A todo o momento desde que nascemos somos bombardeados pelo tal “sonho americano”, onde se você for um competidor, agressivo, lutar e impiedoso terá riquezas e felicidades. Isso é até verdade, mas só para uma pequena parcela. Esse “sonho” se espalha diariamente por nossa sociedade, seja nos states ou no brasilis, mas é um sonho tão ilusório que o perigo é nos tornamos personagens de filmes, não os hollywoodianos, mas sim os de circuitos independentes, documentários que mostram a vida cotidiana do outro lado da “oficial”.

Feito pelo polêmico cineasta Michael Moore, o filme Sicko: $O$ Saúde (2007) – uma referência ao termo sick, que quer dizer “doente” em inglês, fala sobre o sistema de saúde dos Estados Unidos da América, trazendo a tona a saúde por seu lado inverso, a doença, mas não os seus aspectos biológicos e sim sociais e éticos.
Na obra podemos encontrar questões como a seguridade social, que revela as contradições entre a riqueza do país e má qualidade de vida decorrente da desorganização dos setores de assistência médica pública e privada. Assim, Moore busca expor as feridas que a lógica capitalista de manutenção dos lucros das seguradoras de saúde, infligem a população americana.

Para tanto, viaja a países como Inglaterra, Canada e França para mostrar um sistema de saúde que ele denomina de medicina socializada, onde, segundo o filme, o sistema funciona apesar da não existência de tantas taxas e planos de saúde como na versão americana, se tornando mais público de verdade e justo com sua população.

Michael Moore é um audaz crítico do way of life americano como todos sabemos, desde seus documentário Tiros em Columbine, onde criticava o cinismo e vicio americano em relação ao violência e armas. Passando pelo Fahrenheit 9/11, atacando o sistema eleitoral e o presidente Bush.
Sicko não deixa de ter essa critica feroz, cheia de veneno, que chega até a levar doentes impedidos de terem tratamento em seu país, para serem atendidos em Cuba, tida como uma das melhores nações em termos de sistema de saúde público. Claro, que temos toda uma encenação sensacionalista do ativista Michael Moore nesse momento, mas a mensagem, importante, não se perde nisso.
Uma frase no filme me deixou bem reflexivo: um médico na Inglaterra que é pago pelo governo e tem uma casa de um milhão de dólares e um carro novo diz que se você quer ter 3 casas, uns 5 carros e viver de grandes luxos tem realmente que estar num sistema que lhe dê isso. Mas ele não precisava de tudo, só o essencial.
Realmente muitas pessoas vivem para a cada momento ter uma bolsa de 60 reais pra mostrar, um relógio de 800 para exibir e sempre querem mais e mais, quando o mais saudável para nós e para o mundo era termos o essencial e nos desapegarmos do supérfluo, sei, trabalho bem difícil de se conseguir, mas não impossível.
Outra fala também me chamou muito a atenção. Uma americana vivendo na França. diz para justificar as diferenças de tratamento do governo para com o povo nos dois países, que na França o governo tem medo do povo, dos protestos, das reações, enquanto nos EUA o povo tem medo do governo, de protestar. Isso vem muito de lógicas culturais, de fato, já que a Europa, ainda mais a França, foi construída em cima de levantes populares e ideologias que botaram o povo sempre atuante contra opressões. 


O estilo americano de viver, com suas industrias e sistemas de controle social (escolas, mídia, religiões, etc) conseguiram anestesiar mais a população que no “velho mundo”, coisa repassada para a América Latina ao longo das relações diplomáticas-culturais-históricas.
Vendo esse filme, me lembrei de outro já resenhado por mim aqui: Esperando o Superman, ambos mostram como apesar dos sistemas brasileiros de educação e saúde não serem perfeitos, e necessitarem e muito de melhorias, a coisa poderia ser ainda pior.





Sicko: SOS Saúde
Ano: 2007
Duração: 1h 53min
Direção: Michael Moore
Gênero: Documentário

Podcast, Quadrinhos, CInema, Seriados e Cultura Pop

Related Post

NecronautaNecronauta

UaréviewPor Rafael Rodrigues É possível existir um super-herói totalmente brasileiro e que valha a pena ler? Essa é uma pergunta que muitos entusiastas e autores