E finalmente temos a season premiere da nona temporada de Two and a Half.
E como será que foi a estréia de Ashton Kutcher na série?
TEM SPOILERS.
Charlie Harper está morto. O episodio começa com Alan discursando em seu enterro. Ou melhor, começa com um close da roupa clássica de Charlie pendurada sobre um caixão e uma risada. Prova da raiva que Chuck Lorre vai derramar sobre o ex-protagonista e desafeto por todo o episodio.
A cena é divertidíssima e cheia do humor negro que o programa está acostumado. Eles reuniram boa parte dos personagens que já apareceram no programa, incluindo uma serie de ex-namoradas de Charlie para o funeral. Essas ficaram encarregadas das piadinhas sacanas durante toda a cena, seguido de um inflamado sermão de Evelyn e finalizando a cena, um revelador discurso de Rose sobre os últimos dias de Charlie. Ficou meio obvio que foi ela que mandou ele pro mundo dos pés juntos, né não?
Depois da vinheta, temos a família toda reunida na mansão Harper. Os coadjuvantes têm pouquíssimo espaço na cena, que fica quase toda na mão de Jon Cryer – o novo protagonista. Jake se resume a flatular na cena, Herb (sempre ótimo) a alguns comentários aleatórios, Evelyn a explicar a situação atual da casa de Charlie, Bertha as piadas sobre seu trabalho desleixado e Judith figura.
Uma das coisas que mais esperava nesse episodio eram as participações especiais. Evelyn recebe na casa apenas John Stamos, de “Full House”, que traz mais uma piadinha para sacanear Charlie, numa aparição de segundos; e logo depois Jenna Elfman e Thomas Gibson revisitam o casal “Dharma e Greg”, valendo apenas pela curiosidade de vê-los juntos. A piada que apresentam é bem fraquinha e não justifica a cena.
Um desperdício de algo que poderia ter sido sensacional.
Jon Cryer manda bem na cena que protagoniza sozinho, conversando com o irmão, agora transformado em cinzas em uma urna de crematório. Aqui temos uma serie de pequenas piadas, mas ao mesmo tempo uma pequena e breve, aparentemente sincera, homenagem ao relacionamento entre os dois irmãos, que não pôde ter essa conclusão. Pareceu-me uma honesta despedida de Jon Cryer a Charlie Sheen.
Por mais que a bronca entre Lorre e Sheen exista, deve-se pensar que o criador da serie aqui conseguiu separar personagem e interprete. Mesmo que Charlie Sheen tenha sido um escroto, ele devia essa homenagem ao personagem Charlie Harper e seu relacionamento conturbado com o irmão Alan.
A cena é interrompida pela chegada de Kutcher. Estamos na metade do episodio.
Aqui, caído saído do nada, surge Walden Schmidt. Um bilionário que tentava se matar na praia por ter sido abandonado pela mulher. Alan se compadece do jovem, ainda mais quando descobre que ele é rico bagaraio. Kutcher apresenta uma interpretação meio contida, de um cara tímido e aparentemente, retraída. Mas não precisamos de muitos minutos de cena para que o novo protagonista fique desnecessariamente pelado em cena, e uma piada sobre o tamanho exacerbado dos documentos do mesmo seja feita por Alan.
Carlos Lombardi e Marcos Pasquim mandam lembranças a Chuck Lorre.
Alan e Walden saem para beber, e logo conhecem duas garotas. Alan serve de mentor para Walden, mas obviamente não precisa mais do que um episodio para que o pupilo supere o mestre e Walden acabe assumindo sua persona Charlie e leve as duas pra cama, deixando Alan pra escanteio.
Walden então decide comprar a casa e se torna amigão de Alan, em mais uma desnecessária cena dele peladão pela casa. A piada final com Jake e Judith flagrando Walden nu abraçado em Alan é engraçada pra caramba.
O que eu achei.
Uma coisa ficou obvia: Walden vai ser um Charlie genérico, só que um que gosta do Alan. Ashton, pelo menos nessa atuação contida e mecânica, fica muito aquém do carisma de Sheen. E do próprio Jon Cryer, que leva as cenas nas costas.
Impressionante como os escritores não sabem o que fazer com o Jake. Meu, a participação do garoto se resumiu a peidar!
Resumidamente, vai ser apenas mais do mesmo. Alan vai continuar não comendo ninguém, se sentindo inferior ao novo co-protagonista (as piadas sobre tamanho de pênis deixam isso bem claro) e Walden vai virar um Charlie Harper amador em alguns poucos episódios. Não vejo muito, dessa forma, para onde o programa pode ir. Até mesmo porque alguns personagens, como a Rose, perdem totalmente o sentido de ser sem o antigo personagem.
Walden convidar Alan e Jake para morar com ele me parece um tanto forçado, digno de coisas como Malhação.
Enfim, o episodio foi legal graças a uma coisa: Jon Cryer. Ele sim deve ser alçado ao papel de protagonista. Mas parece obvio que vão manter a mesma dinâmica de antes.
Mas… Manter a mesma dinâmica Alan/Charlie, sem o Charlie?
Vamos ver o que acontece.
Até o próximo episodio.