Gotham é uma série que vem se reinventando a cada episódio. Se era pra ser uma série do Comissário Gordon, do jovem Bruce Wayne, da polícia da cidade… tudo ficou meio confuso, com os showrunners mudando o foco de procedural policial para superaventuras com meta humanos de uma hora pra outra.
As mudanças, claro, acabam sendo pouco orgânicas devido a essa mesma indecisão dos produtores. Personagens que morrem e voltam, mudança de foco, e claro, o já citado amadurecimento antecipado da personagem Ivy Pepper (que deveria ser Pamela Isley, mas aparentemente esse nome não deixaria óbvia a referência à Hera Venenosa).
Sobre essa virada do seriado, o produtor executivo Ken Woodruff explicou a decisão e suas implicações ao Hollywood Reporter:
Nós fizemos essa mudança por duas razões: a personagem Hera nos quadrinhos, um dos mais poderes dela é a sedução. Todo mundo estava muito mais confortável com isso com uma atriz mais velha, ao invés de uma adolescente. Nós queremos explorar esse poder clássico, canônico da Hera. E nós não queríamos fazer ela apenas ficar mais velha com o ataque. Quando ela muda e se transforma, há uma mudança real na personagem. Ela ainda terá alguns dos mesmos traços, mas será muito mais sombria, mais manipuladora que a Ivy que vimos até agora. Há mais maldade nela também. É mais do que apenas físico.
Sim, o produtor assumiu que cagaram em chamar uma criança pra fazer a personagem de início e precisaram tirar um roteirismo do traseiro para poder enquadrar ela nos novos planos. No fim, a personagem Ivy não teve a menor função ou razão de existir nessa primeira fase, e acabou se tornando um problema quando decidiram investir no panteão de vilões do morcego.
A nova atriz, Maggie Geha, também falou sobre a nova encarnação da agora vilã.
Ivy renasceu, e está completamente diferente, por dentro e por fora. A maior paixão da Ivy na vida são as plantas e a natureza. Ela não tem qualquer apreço real por pessoas. Ela ainda tem um pouco da pequena Ivy dentro dela, ela não tá completamente mudada (se decide, guria). Eu acho que a pequena Ivy está saboreando essa mudança física e se dando conta do poder que ela possui agora, e o que ela pode fazer para as pessoas, como pode manipulá-las. Ela está definitivamente se transformando em uma versão sombria de si mesma.
Falando em Batman, já ouviu o Podcast Uaréva sobre Cavaleiro das Trevas?
E é nisso que mora minha implicância com Gotham. Se a princípio era a total mutilação do mito do Batman – afinal, todos os seus vilões tão dando as caras no mínimo uma década antes do homem morcego pensar em pular pelos tetos de Gotham – eu acabei aceitando que isso é um elseworld, um universo paralelo, um “E SE…”. Entretanto com o passar do tempo, esses roteirismos acabam remetendo aos mesmos usados em Smallville. Como eu disse em outro post, o problema das séries da DC se resumem em uma frase de Stephen Amell, o Oliver Queen de Arrow: “Basta uma linha de diálogo e está tudo resolvido”
Esse realmente é o pensamento dos produtores das séries, e vemos isso desde que Jor-El se tornou o Deus Ex Machina de Smallville.
Não, DC, não basta uma linha de diálogo. Basta planejamento e uma história que seja coerente.