Antes de começarmos vou deixar claro que o foco principal dessa matéria são os quadrinhos americanos. Os quadrinhos europeus abordam diversos temas, muitos deles carregados de erotismo, mas de extrema qualidade, com liberdade total para seus artistas, sem frescuras, deixando a cargo de o leitor decidir pelo bom senso o que deve ou não ser lido. Asterix, Tintin, Lucky Luke, Druuna (um pornozão bão pá diabo!), Corto Maltese, enfim, todos esses títulos totalmente dispersos vão para as livrarias sem classificação alguma. No Japão, a cultura oriental tem uma visão da sexualidade muito diferente da ocidental, o que permite lançar seus quadrinhos sem muita classificação etária. Como disse nosso leitor Romenique, os caras tem publicações para trocentos segmentos diferentes, mas mesmo em quadrinhos mais infantis, brincadeiras de cunho sexual é colocado de forma muito natural. No Brasil a coisa é mais complicada, existe uma classificação por faixa etária, meio informal, sem muito critério. O mais interessante no país é o local em que disponibilizam as edições em livrarias, sempre misturado com a ala infantil e em local alto (meio paradoxal, afinal, como o pivete vai alcançar?). Quando estas vão para as bancas de jornal então, muitas vezes sofrem mutilações nos quais se retiram diálogos, cenas sexuais ou drogas, a editora Abril é famosa por essa presepada. Quem tiver interesse de saber mais, se manifeste nos comentários que nós conversaremos melhor sobre isso.
Dito tudo isso, vamos voltar a falar do Comic Code Authorit, como já sabemos as grandes editoras adotaram esse selo em suas revistas como a Marvel Comics, DC Comics e Archie Comics. Existem outras editoras, que estão “shiting and walking” para esse selo e não o adotaram, como é o caso da Image e Dark Horse, mas indiretamente continuam a segui-lo, lembrando que também mutilam quadrinhos estrangeiros.
“Papai, compra essa revista pra mim”
“Não posso filhinho, a capa não tem o CCA e tá classificado como adulto…”
“Mas pai, que absurdo, é só uma história do arqueiro verde…”
“Não filho! Seja razoável e entenda o lado do papai…”
“Tudo bem pai… eu te entendo! Empresta sua escopeta para eu brincar com meus amiguinhos da escola?”
“Opa filhão! Pega lá na estante, os cartuchos tão na gaveta! Esse é meu garoto!”
A DC Comics já desafiou o selo diversas vezes, sendo a edição mais notória é Lanterna Verde / Arqueiro Verde em que estampava na capa Ricardito com uma agulha, drogadão. De certa maneira as maiores editoras sempre davam um jeitinho de driblar o código. Recentemente editora Marvel rompeu com o código aprovando uma classificação própria, como a DC, vinha desde a década de 70 desafiando o CCA com histórias sobre drogas, erotismo (mas de forma beeeem discreta). Alguns de seus títulos agora, como a linha Max são classificados como adultos, outros como o justiceiro tem classificação de 12 anos. Em resumo, romperam com o código em uma jogada safada de marketing (adivinha quem era o editor?), mas continuaram na mesma porcaria, só se disfarçando com o rótulo de “quadrinhos adultos”. Recurso usado pala DC Comics para publicar sua linha Vertigo e pela Wildstorm com seus títulos como Authority. O termo adulto é só uma desculpa para se exacerbar a violência, de modo chamativo e que muitas vezes não exige muito da inteligência do leitor. Exceção dessa regra foi no início da linha Vertigo, o qual devo ressaltar, continham MUITAS histórias realmente boas, com teor adulto, extremamente inteligentes, com ótimas sacadas. Mas caiu na massificação e hoje, apesar de ainda manter boas histórias, está banal e apelativa demais.
E o que dizer do homossexualismo nas HQs? Em Authority temos a linda e florida relação de amor entre Apollo e Meia Noite, mas em nenhum momento caiu no ridículo, não é banal e é extremamente bem aproveitada, plausível. A Marvel também explora o homossexualismo, mas sem o requinte da Wildstorm, seus personagens na série Jovens Vingadores até que estão bem caracterizados, mas o troço é tão raso que nem parece que são gays! Até hoje me pergunto se Estrela Polar é ou não é uma fadinha! A Marvel não se decide, nem mesmo em sua origem, afinal o cara é mutante ou descendente de elfos? Já a DC Comics atualmente com suas inúmeras personagens lésbicas (já até desisti de contar quantas são!), tem histórias sem sentido, muitas vezes apresentado de forma forçada e boba de modo a simplesmente aproveitar o modismo. O personagem Renee Montoya talvez seja a única que seja um pouco melhor aproveitada atualmente. O engraçado e ver que a cada edição de 52, essa personagem traça uma mulher diferente, enquanto as versões heterossexuais quase não fazem sexo!
Em minha humilde e correta opinião, esse negócio de censura é frescura. É um falso moralismo lazarento onde o sexo e as drogas são muito mais controladas que a própria violência! O que importa mesmo é a qualidade das histórias produzidas e não o que é dito ou mostrado aqui e ali. Cada um tem de ter o bom senso de escolher o que é adequado ou não para si e para seus filhos.
Um dia eu ainda explico para vocês a origem desse tabu sobre sexo que nós ocidentais temos, bem como começou esse negócio de tráfico de drogas… Até a próxima semana!