Por Marcelo Soares
A mini-série em 12 partes teve sua metade publicada pela Editora Devir no ano passado,(o qual comprei após dica do meu caro Luwig), e prometida para esse ano à conclusão, em um encadernado contando a vida de Megan McKeenan, uma garota que ao quase assaltar uma farmácia decide ir embora de sua cidade, sem rumo, seguindo por várias cidades da América do Norte. A cada edição a vemos um ano mais velha, em um local diferente, com uma nova experiência de vida, em algumas ela sendo o foco principal, em outras, quase não aparecendo. São seis capítulos nesse primeiro encadernado: Dez mil pensamentos por segundo; O namorado Polaroid; Theories and Defenses; Dois irmãos; Os últimos dias solitários no cine Oxford; Megan e Glória – Apartamento 5a. A HQ fala sobre decisões que temos que tomar na vida, em vários níveis: desde como forma de se libertar, de ter que aceitar as conseqüências de seus atos e até de termos que aprender com elas.
Em minha opinião o capitulo dois, com praticamente um curta metragem em quadrinhos, mostrando a aproximação através de fotografias de Megan e um garoto, e o terceiro, sobre uma banda em Richmond, Virginia, os melhores dessa primeira parte. Principalmente essa última, onde a história é contada baseada em uma entrevista telefônica com o vocalista da banda que homônima ao nome do capítulo, depois deles se separarem e voltarem a morar na cidade. Com intervalos para pequenas cenas que expandem a história da banda local. McKeenan mal aparece.
Os desenhos de Ryan Kelly também não deixam a desejar, preocupados com a veracidade da caracterização de cada cidade, a dupla fez um bom trabalho de pesquisa com fotos e todo tipo de referencia sobre cada local. Claro que para quem já conheceu as cidades se torna mais divertida, mas mesmo assim ver Portland (Oregon), Minneapolis (Minnesota), Richmond (Virginia), Missoula (Montana), Halifax (Nova Escotia, Canadá) e Brooklin (Nova York), em ângulos diversos e muito interessantes é uma formosura única. O encadernado traz ainda comentários de Woods e Kelly, com nuances e particularidades de cada edição, até com suas trilhas sonoras específicas para aquele momento.
Eu sou fã confesso de Brian Woods, desde que li a primeira edição de Demo, infelizmente duvido muito que seja lançada algum dia por aqui agora que foi para a linha Vertigo (e sabemos que a Pixel se foi, e não sei se a Devir poderá publicá-la). Ainda mais depois de ler DMZ, que saiu os primeiros arcos na Pixel Magazine, é o tipo de autor que o que tiver o seu nome nos créditos lerei e comprarei sem nem querer saber mais, e são poucos escritores que estão nessa lista. Fica aí a dica para vocês, procurem e leiam, principalmente se gostam de coisas mais autorais, menos mainstream, ou se querem começar nesse novo mundo agora. Local é mais que uma HQ, é a poesia da vida em movimento.
E para dar um ânimo, deixo o link do terceiro capítulo (em ingrês) completo para se ler on-line: Theories and Defenses. Ou se preferir, pode se iniciar no mundo de Megan com a primeira edição em portuguese mesmo.