Uaréva! Quadrinhos,Rafael Rodrigues,Trailers,Uaréview The Matrix Comics – Volume Um

The Matrix Comics – Volume Um

Uaréview
por Rafael Rodrigues



O agora um pouco distante ano de 1999 foi quando eu tive acesso a uma experiência interessante. Sem saber absolutamente nada sobre o assunto, fui convidado para um encontro a quatro no cinema para assistir um estranho “filme de hackers” chamado Matrix. Mal sabia eu que este seria um grande sucesso do cinema e que o filme me impressionaria tanto.


Já faz um bom tempo desde que eu assisti Matrix pela primeira vez nos cinemas (11 anos, para ser mais exato) e que me deixei levar pela história de um mundo virtual criado por máquinas, e depois desse tempo, confesso que já não dava mais tanta importância assim para a história, principalmente depois das exageradas e desnecessárias sequências.

Mas então eis que estou no Do Arco da Velha, livraria e café aqui da minha cidade do qual sou freqüentador assíduo e encontro uma antologia que reúne diversas histórias inspiradas no universo de Matrix chamada The Matrix Comics – Volume Um. A arte da capa me chamou a atenção, mas como nunca julgo um livro pela capa (tu dum tss), só decidi comprar quando olhei a lista de autores que faziam aquela coletânea: Geoff Darrow, Bill Sienkievicz, Neil Gaiman, Ted Mckeever, John Van Fleet, Dave Gibbons, David Lapham, Peter Bagge, Troy Nixey, Paul Chadwick, Ryder Windham, Kilian Plunkett, Gegory Ruth e Spencer Lamm, além é claro dos criadores do filme, Larry e Andy Wachowski.

Com um time como esse de grandes nomes das HQs, não tinha como se decepcionar com o encadernado. E realmente não me decepcionei. São 12 histórias que exploram o universo criado no primeiro Matrix e me fizeram lembrar porque, há 11 anos atrás, eu me impressionei com o que havia sido criado para o filme, trazendo de volta todo o fascínio e empolgação que a produção havia despertado em mim da primeira vez.

As histórias, assim como seus criadores, são as mais variadas possíveis, mostrando desde eventos que precedem a criação da Matrix (“Fragmentos de Informação”, escrito por Larry e Andy Wachowski, com arte de Geoff Darrow), histórias passadas dentro da Matrix que pouco falam sobre o assunto (“Preocupando-se com as pequenas coisas, de Bill Sienkievicz) até histórias fora da história, brincando com quem não “entendeu” o filme (“Sacou?”, de Peter Bagge) e, é claro, histórias que exploram o mundo fora da Matrix e os rebeldes.

Esta coletânea me fez ver que, mesmo em um universo rico e criativo como o de Matrix, é preciso que uma história esteja em boas mãos para que seja bem executada. Infelizmente, ser explorado à exaustão e ter sido dado mais valor ao impacto visual do que à história propriamente dita fez com que o filme tivesse continuações cinemaográficas que não são tão dignas do universo criado originalmente.

Claro, é bem possível que os autores já imaginavam isso, tanto que o filme desde no seu lançamento, teve seu universo expandido para outras mídias, com histórias em animação (“Animatrix”, não deixem de ver, altamente recomendável), Games (Enter de Matrix) e os quadrinhos. E ter incluído os quadrinhos como meio para contar histórias foi ótimo para uma criação que tem a “alma” das histórias em quadrinhos, principalmente porque os autores desta coletânea não se limitam apenas a contar histórias, e sim a contá-las de formas criativas e utilizando-se daquilo que faz os quadrinhos serem tão fascinantes: sua versatilidade técnica. Golias, de Neil Gaiman – que é na verdade um conto ilustrado – é um bom exemplo.

Num momento em que as histórias em quadrinhos carecem de obras mais criativas, autocontidas e de qualidade, The Matrix Comics – Volume Um é uma ótima pedida.

Em tempo: fique atento às diversas referências que as histórias fazem à literatura (Como na história “Caçadores e Coletores”, que remete à Moby Dick), pensamentos orientais (“Borboleta” de Dave Gibbons), além é claro das referências aos próprios personagens do filme.

Nota: 9,5

Rafael Rodrigues um dia sonhou que era uma máquina, e por um momento não sabia se era um homem sonhando que era uma máquina ou uma máquina que sempre sonhou ser um homem. Na dúvida, serviu um café e colocou o dedo na tomada.

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