Uaréva! Uaréview Uareview: Nada a Perder

Uareview: Nada a Perder


Sinopse: Derek Ouelette costumava ser alguém. Promessa do hóquei, ele agora nada mais é do que a sombra do ídolo que um dia poderia ter sido. Um bêbado, sacana, violento, leva uma vida esquecida por todos em uma vila esquecida por todos. Um dia, no entanto, algo invade sua história e o coloca diante de uma escolha impossível.

Belchior colocou em papel e canção uma frase muito forte sobre qualquer filho, sua rebeldia adolescente e a inevitável vida adulta quando entoou que “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.

O ciclo de repetição de comportamentos familiares é uma sina forte humana e quebrá-lo talvez seja um dos maiores desafios da evolução como pessoa.

Em seu conto de 200 e poucas páginas, Jeff Lemire, como sempre, fala sobre esse ciclo, sobre relacionamentos abusivos, vícios, fracassos e descontrole de forma poética, também como sempre, utilizando lindamente a narrativa gráfica para dar sutileza e sensibilidade ao que conta em um bom trabalho de aquarela.

Contudo, é perceptível em algumas páginas certo tom de pressa (?), quase como se fossem sketchs rascunhados de forma displicente, o que tira um pouco o brilho do conjunto, mas não deixa, claro, menos impactante.

Quem acompanha a carreira do autor já conhece bem seu gosto por esses temas e seu talento em contá-los e pode, assim, não vê o padrão e achar até simplista a história. Entretanto, vejo que a cada nova investida em um conto intimista o canadense se mostra mais afiado em seu ofício e em ler o ser humano.

Em uma cidade congelada, com um passado frio, seus protagonistas sofrem por serem como são e ainda mais na busca de deixarem de ser como seus pais. Para Lemire, aí é que está a beleza da vida.

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Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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