Uaréva! Uaréview Uareview: Le Chevalier – Nas Montanhas da Loucura

Uareview: Le Chevalier – Nas Montanhas da Loucura


Meu primeiro contato com o universo criado por A. Z. Cordenonsi para as aventuras de Chevalier foi no seu primeiro livro, A Exposição Universal, o qual fiz até resenha aqui.

Achei todo o cenário construído de uma era vitoriana com tecnologia steampunk e crescentes tensões políticas, aliado ao clima de suspense de uma narrativa de detetives, o que particularmente adoro, muito empolgante. De lá para cá não tinha lido mais nada desse universo, agora tive a oportunidade de conferir uma história em quadrinhos com os personagens em uma aventura cheia de referências literárias.

Le Chevalier: Nas Montanhas da Loucura é escrito por Cordenonsi, desenhado por Fred Rubim e publicado pela Avec Editora em uma bonita edição 21×28 cm, com 64 páginas coloridas, papel couché e capa cartão. O personagem-título é um agente do Império Francês que tem como parceiro de aventuras um tunisiano de codinome Persa e que recebe o auxílio nessa nova missão da misteriosa espiã Irene Adler.

Juntos, eles precisam enfrentar a chantagem de um inimigo autodeclarado somente como Justiceiro da Paz, que vem derrubando navios com seu “raio da morte” se as nações não jogarem suas armas fora. Para impedir uma guerra iminente, os agentes secretos acabam tendo que investigar um suposto mistério vindo da Antártida.

Não é difícil de perceber a inspiração do autor no trabalho de H.P. Lovecraft e Conan Doyle, não só pelo uso da Sta. Adler, mas, muito, por ver no seu Chevalier e Persa uma inspiração em Sherlock Holmes e Watson. Porém, também podemos encontrar Julio Verne e sua Esfinge dos Gelos, Edgar Alan Poe com sua Narrativa de Arthur Gordon Pym, Herman Melville e Moby Dick, entre outras referências que possam ter me passado despercebidas. Apesar de não ser algo inédito, toda essa preocupação em criar uma história que mistura realidade e literatura em uma cronologia única e que interage sempre é interessante de ver.

O desenho de Rubim consegue transpor bem o tom vitoriano e mais clássico, diria, com páginas imponentes, principalmente ao mostrar o interior de casarões e os navios cheios de maquinarias, ao mesmo tempo, vejo na construção dos personagens elementos que me remeteram a xilogravura. Podem ser somente meus olhos nordestinos fazendo correlações não existentes, mas, sendo ou não, dão um caráter “brasileiro” interessante.

Em relação ao roteiro, a história claramente busca seguir a lógica das aventuras europeias do período que representa com uma dinâmica mais focada no plot que nos personagens, em termos de aprofundamento, e a ação que a narrativa pode trazer. Inclusive, não trabalhando tanto os Drozdes, animais mecânicos companheiros de cada personagem, quanto poderia.

Particularmente, gostaria de ver mais camadas de seus protagonistas, um pouco mais sobre eles do que sobre o cenário em que atuam ou o conflito que estão inseridos, contudo, compreendo ser uma escolha autoral e dentro desse caminho a trama agrada em ser uma divertida aventura.

Como falei no inicio do texto, todo esse universo criado por Cordenonsi já me era extremamente fascinante em prosa, ganhando a vida gráfico-visual se tornou ainda mais gostoso de acompanhar e deixou-me animado em ver outros aspectos do mundo espião de Chevalier e seus e suas comparsas.

Se você se interessou pela obra, pode comprá-la esse mês direto no site da editora Avec (link) com 25% de desconto e se usar nosso cupom BF20PARCEIROS ganha mais 20% acumulativos.

Você pode também ler os volumes das Crônicas do Le Chevalier que estão nesse mês de novembro gratuitos na Amazon.

Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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