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The Vingadores: Os Avengers

“Se não pudermos defender a Terra, vamos garantir que ela seja vingada (Tony Stark)”

“Ih, será que conseguimos?”
Na última década as traduções de histórias em quadrinhos para o cinema aumentaram consideravelmente. Inspirados no sucesso de X-Men, filmes como Homem-Aranha e Batman Begins construíram uma nova visão de super-heróis na tela grande: cheios de dramaticidade, tensão, tons sombrios, que se espalharam para praticamente todas as obras realizadas após, em maior ou menor grau, como nos filmes da Marvel Studios até agora.
Então, qual foi minha felicidade ao sentar na poltrona do cinema e ver que a boa e velha aventura de ação heroica ainda não morreu no mundo da sétima arte, com os maiores heróis da terra: Os Vingadores.
Nada contra o mundo dark de um Batman do Nolan, ou o drama emocional de um Peter Parker. São filmes e visões heroicas que muito me agradam, mas, confesso que sentia falta daquele tipo de aventura tipicamente dos quadrinhos com seus vilões caricatos, máquinas exageradas, histórias rasas de pura ação bem feita e com o mínimo de bom senso.
Em Os Vingadores (2012), encontramos tudo isso e ainda com os surpreendentes acréscimos de desenvolvimento de personagens, atuações de qualidade, ótima direção e um roteiro que se tem algumas saídas fáceis aqui e ali, consegue dar uma coesão e ritmos mais do que agradáveis de se ver.
“Não quer um óculos emprestado caolho?”
Com um projeto ambicioso iniciado em 2008 no lançamento de Homem de Ferro, a Iniciativa Vingadores passou por cinco filmes preparando o terreno para uma obra que reuniria alguns dos mais famosos personagens dos quadrinhos da editora Marvel: Hulk, Capitão América, Thor, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e o próprio Homem de Ferro. Sob a direção de Joss Whedon (Serenity, Buffy), o filme conta o plano de invasão da Terra por forças alienígenas comandadas pelo Deus Asgardiano Loki, obrigando a organização militar secreta SHIELD a recrutar heróis para formar uma força de contra-ataque.
Então nós temos um elenco cheio de atores conhecidos e famosos de Hollywood, em especial Sir Downey Jr. que por seu carisma natural sempre chamaria todas as atenções para si, uma grande verba, efeitos especiais na mão, uma gigantesca expectativa de público e critica, além da obrigação de não só colocar personagens em lutas sem sentido, mas, sim, dar o mínimo de profundidade a todo caos antes, durante e depois de uma batalha decisiva. Tudo isso com o controle de um diretor que só tinha realizado um filme anteriormente, sem grande sucesso de bilheteria, e que tinha no currículo boas fases pela televisão e quadrinhos. E ai é que está o diferencial de Whedon em relação a outros.
“Então, vamos falar de coisa boa?”
Advindo da TV com seus seriados Buffy e Firefly, Whedon passou por uma elogiada época na revista dos X-Men e com isso conseguiu demonstrar aos outros que conseguia desenvolver bem uma história de equipe. Logo que entrou no barco, nerd de carteirinha que é, reescreveu o roteiro já feito para Vingadores e pôs sua visão dos personagens nele.
E o que vemos na tela é impressionante de fato, poderia ate dizer que uma sinfonia onde Whedon atua como Maestro, levando sua história e seus personagens de forma harmônica para todos os lugares ao seu bel prazer. Assim, no primeiro ato da composição temos um ritmo mais lento, até arrastado, contextualizando a situação de perigo, os personagens em seu status quo atual, conduzindo-os para um único cenário onde o primeiro movimento de conflito se dará: O (impressionante) Aero Porta Aviões da Shield. É lá onde as primeiras tensões entre os membros da equipe surgem, onde o vilão é encarcerado e onde a equipe é despedaçada das mais variadas formas para que no terceiro ato saibam se reagrupar, superar as adversidades e, enfim, trabalhar como equipe.
Alias, mais um grande mérito da produção conseguir por uma equipe em ação em um grande cenário de batalha atuando de fato como equipe: com seus improvisos, combinações de ações, pensamentos rápidos e com uma pura visão heroica orgasmática para os fãs. Também não posso deixar de falar do alto grau de humor aliviante de tensões que o filme tem, chega alguns momentos até ser exagerado, mas dá bem esse tom de leveza e superaventura que tanto me agradou (Homem-Aranha podia ter feito isso bem anos atrás né?)
“Hulk enraba mulherzinha de preto!”
O roteiro apesar de ser bem simples e até raso é bem construído e lança momentos, frases, piadas que parecem soltos, mas que são bem interligados mais a frente. Whedon consegue o impressionante feito de dar espaço tanto de ação quanto de diálogos, desenvolvimento, para todos os personagens principais. Com cada um tendo seu momento “que foda!”, bem, menos o Capitão América que apesar de coordenar a equipe e ter algumas boas cenas de ação merecia algo de fato surpreendente e impactante a mais do que foi feito.
Na verdade, pouca coisa me incomodou no desenvolvimento do filme, destacaria somente a aparição sem uma explicação mais detalhada de Loki já no espaço com um exercito pronto para comandar e o tal Leviathan que só serviam para levar os Chitauris e sair batendo em prédios. Se engenheiros de máquinas de guerra eu fosse, em um monstrengo desses colocaria alguns canhões de energia para mais rapidamente destruir meu inimigo.
“Festa estranha com gente esquisita”
De resto, Vingadores foi para mim, que nem sou lá tão fã da equipe, uma grande diversão bem montada e que eleva os filmes de heróis a um novo patamar, assim como seu diretor (o qual espero que agora, após adentrar de vez o hall da fama Hollywoodiano, faça mais e mais bons filmes de ação). Agora, é só esperar pelas continuações não só de Vingadores, mas também de todos os outros filmes Marvel Studios, e ter fé que esse cuidado e bom trabalho da reunião de grupo se espalhem para as obras de cada herói.
Sobre caminhos que a equipe e suas aventuras podem tomar daqui para frente, torço muito para só retornem algo mais espacial novamente lá para um terceiro filme, que no segundo seja um olhar mais terrestre e de relacionamentos entre os personagens. Adoraria ver Hank Pym e seu Ultron, sendo o vilão da história, e por consequente o Visão, para no fim ele se aliar a equipe de heróis. E que venham Espetacular Homem-Aranha e Batman Dark Knight, que sejam ótimos e se o mundo não acabar poderemos dizer que 2012 foi um grande ano para os nerds.
Nota: 9.5

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