Uaréva! Moura,Moura em Série,Seriados 10 séries que perderam seu protagonista – Nº 6: Spin City

10 séries que perderam seu protagonista – Nº 6: Spin City


Falando em séries dos anos 90, como feito com o Arquivo X ontem, vamos para outra, pouco lembrada dessa década. Apesar de não ser memorável como Seinfeld ou Friends, é uma divertida sitcom protagonizada pelo Marty McFly em pessoa, Michael J. Fox.

Como vou falar sobre coisas que acontecem muito à frente em todas as séries, já deixo avisado que é impossível evitar os SPOILERS.

Nº 6: Spin City

Iniciada em 1996, Spin City mostra o cotidiano da prefeitura de Nova York, com o prefeito Randall Winston, vivido por Barry Bostwick, e sua equipe, liderada por Mike Flaherty, o vice-prefeito. Mike é responsável principalmente pela imagem do prefeito, e age como relações públicas de Winston. Mulherengo e workaholic, ele é excelente no que faz e vive apagando os incêndios iniciados pela personalidade pouco brilhante do prefeito, enquanto tenta não misturar a sua vida pessoal e profissional, o que ele raramente consegue.

O elenco era completado com Carla Gugino no papel de Ashley Schaeffer, uma jornalista e interesse amoroso de Mike nos episódios iniciais – mas que foi eliminada da trama logo no início, quando o seriado passou a focar mais no local de trabalho do que na vida pessoal de Flaherty; Richard Kind como Paul Lassiter, o secretário de imprensa; Alan Ruck, o Cameron de Curtindo a Vida Adoidado, como Stuart Bondek, chefe de gabinete da prefeitura; Michel Boatman, como Carter Heywood, responsável pela secretária de assuntos de minorias; Connie Britton como Nikki Farber, uma funcionária da prefeitura que desenvolve um relacionamento de vai e volta com Mike; Alexander Chaplin como James Hobert, o autor dos discursos do prefeito; Victoria Dillard como Janelle Cooper, secretária do Mike; e Jennifer Esposito como Stacey Paterno, que substituiu Janelle como secretária de Mike, quando esta se torna secretária do prefeito.

O que acontece é que Spin City foi uma dança das cadeiras de personagens. Os personagens Nikki, James e Janelle saem da série na quarta temporada; Stacey também sai, depois da terceira temporada. A trama não dá muitas explicações para a ausência dos personagens.

Mas o mesmo não poderia ser feito com o protagonista, Michael J. Fox.

Em 1998 o ator revelou ao mundo que tinha mal de Parkinson, e sua luta contra a doença virou pública. Com a dificuldade advinda do problema, ficou complicado manter o ritmo de trabalho do ator frente à série, e para ajudar uma nova personagem foi incluída na trama, Caitlin Moore, vivida por Heatlher Locklear. A ideia era que Locklear fosse uma co-protagonista, dividindo a liderança da trama com J. Fox.

Caitlin entra na quarta temporada, como coordenadora da campanha do prefeito Winston, que vai concorrer ao Senado. A personagem desenvolveu um relacionamento de rivalidade com Mike, ambos disputando quem seria o responsável pelo prefeito. Claro, o atrito foi se tornando admiração e aos poucos, um pouco mais que isso.

Porém o quarto ano da série foi o derradeiro para Michael J. Fox. Com os sintomas do Parkinson se agravando, se tornou demasiado difícil para o ator continuar gravando. E assim, em 2000, ele se desligou definitivamente da série.

Na trama, Mike acaba assumindo a culpa de uma ligação desconhecida até então entre a máfia e o prefeito, apenas para salvar a pele do chefe, e dessa forma se demite da prefeitura de Nova York. Ainda é dito na série que ele se mudou para Washington para se tornar um ativista ambiental e lá conheceu um senador chamado Alex P. Keaton – no caso o personagem que Fox interpretava em Caras e Caretas, nos anos 80.

O episódio de despedida de Fox é um dos mais emocionantes da série.

Abriu-se então a vaga do personagem. E como novo vice-prefeito entrou Charlie Crawford, vivido por Charlie Sheen. O personagem traz consigo um passado difícil, o qual ele luta muito para que não atrapalhe sua nova função.  Assim como Mike – e provavelmente para não se afastar tanto do personagem original – ele também é workaholic e mulherengo, desenvolvendo uma relação bastante parecida com o prefeito que Mike tinha anteriormente. E também acaba se envolvendo com Caitlin, claro.

Sheen não foi a primeira opção para a substituição. Matthew Broderick, Denis Leary, Jon Cryer e Patrick Dempsey foram todos cogitados para o papel, mas que acabou indo parar no colo do ex/futuro ator problema. O próprio Charlie Sheen disse em entrevista ao The New York Times em 2001 que não o teria contratado se ele fosse a ABC.

Havia uma clara preocupação da produção – Michael J Fox sempre teve a imagem inocente, de cara bonzinho. O contraste com Sheen era óbvio, dentro e fora das telas. Sempre interpretando papeis de bad boy e tendo uma conturbada vida pessoal, envolvendo bebedeiras, sexo e drogas, ele era visto com um “garoto problema”. Mas a audiência da série aumentou com a entrada de Charlie Sheen, atingindo um público mais jovem, e maior, do que quando protagonizada pelo bom moço Fox. Isso inclusive contradiz o que é mais comum de acontecer, que é uma queda de audiência quando o protagonista é substituído.

Isso incentivou o roteiro a distanciar mais Charlie Crawford do antigo protagonista Mike, aproximando sua personalidade a de seu intérprete. Assim Crawford ganhou uma conotação sexual maior, se tornando muito mais mulherengo que seu predecessor, se envolvendo com mulheres que Mike jamais teria se envolvido. Charlie ainda bebia muito e gostava de jogos e apostas.

Isso tornou o protagonista um personagem engraçado e mais solto, conquistando a audiência formada por adolescentes e jovens adultos.

Spin City durou mais duas temporadas, capitaneado por Sheen e Locklear, encerrando com sucesso a sitcom, de uma forma que nem os produtores acreditavam que poderia.

Ouça também o podcast Uarévaa 189: De Volta Para o Futuro

Até o próximo episódio, com o quinto seriado da lista.

Designer gráfico por vocação, publicitário por formação, filósofo por piração.

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