Não é novidade para quem acompanha nosso site que um dos gêneros de quadrinhos que mais me anima é o da ficção científica, e nos últimos anos com o retorno da Sci Fi no cinema, principalmente, tem aumentado as produções da nona arte com esse viés. Logo, me foi animador quando soube do projeto no Catarse de nome Black Silence, ele se propõe a mostrar uma expedição espacial que terá graves problemas para enfrentar no melhor estilo Alien: O Oitavo Passageiro de ser.
Apesar de curtir bastante a ideia e acompanhar os sketchs e páginas que a autora, Mary Cagnin, postava no site do projeto e em sua página, por conta de questão financeira não apoiei durante a campanha. Contudo, um amigo foi até a CCXP em São Paulo ano passado e me trouxe de presente a revista, pude, então, conferir o trabalho.
Sinopse: No futuro a Terra está com os dias contados. Uma equipe de astronautas é convocada para fazer reconhecimento de um planeta que pode ser a única chance de sobrevivência dos seres humanos. Mas eles vão sobreviver a esta viagem aos confins do universo?
Como citei antes, Black Silence tem bastante do que vimos em filmes como Aliens, Prometheus, Interestelar e qualquer outro sobre um grupo que parte em missão a um planeta desconhecido. Nesse aspecto, por sinal, a autora consegue dar bem o tom de familiaridade, mas, ao mesmo tempo, com ares de novidade ao colocar mais variedade étnica e de filosofias de vida em seus personagens.
Os personagens, aliás, são bem interessantes apesar de alguns arquétipos típicos de histórias de equipe como o fortão, o cientista sabidinho, a líder durona; conseguiram me despertar curiosidade para saber mais sobre eles, seu passado e porque são como são. Também senti essa curiosidade pelo universo ficcional que foi criado com alta tecnologia, uma Terra futurista modificada por essa tecnologia com fatos históricos não muito trabalhados, e isso é uma das minhas maiores criticas a revista.
Entendo a ideia de se criar um contexto para a história e os personagens e não explorá-lo tanto por querer que o foco seja a missão e aqueles “heróis” mostrados. Porém, a tal missão acaba sendo parecida demais com outras desses filmes que já citei e livros do gênero, não vi muitas novidades assim além do mistério final da obra que também não é explicado e trabalhado a contento.
A questão me incomodou tanto que pensei que essa revista era um primeiro volume de uma história maior na qual várias perguntas seriam respondidas, entretanto, lendo entrevista da autora ela afirma que não tem intenções de fazer novos volumes nem continuar a história, preferindo deixar em aberto para discussão dos leitores.
Acho válido a ideia de gerar discussões, reflexões, debates a partir de pontos abertos, afinal, eu adorava Lost exatamente por isso, porém, para um projeto de financiamento coletivo, no qual “paga-se” a revista antes em um tipo de “pré-venda”, seria bem mais interessante termos uma história mais completa e fechadinha, senão, para mim, fica mais a ideia de um trabalho feito para currículo e poder ter algo a publicar em eventos. Provavelmente estou errado, mas é importante ressaltar esse ponto.
Sobre os desenhos, vale salientar que a Mary Cagnin acabou de ganhar o 33º Troféu Angelo Agostini de Melhor Desenhista de 2016. Achei merecido, pois, os desenhos dela são realmente bonitos, contudo, em Black Silence (trabalho pelo qual ganhou o prêmio) tem alguns momentos mais irregulares na arte, nada que prejudique realmente o entendimento do contado e do trabalho.
Em vias gerais, se você curte histórias espaciais ou se está atrás de algo diferente do que lê normalmente, recomendo dar uma olhada nesse álbum. Você pode ler uma prévia clicando AQUI.