Los Hermanos em Recife

Uaréview
Por Marcelo Soares
Ventura
No final de 2007 uma banda, considerada por muitos críticos como uma das que mais renovou o rock nacional, anunciou uma parada sem tempo determinado para retorno, exatamente quando completavam 10 anos de carreira. Fãs ficaram revoltados, sentindo-se órfãos, contando somente com os CDs que já tinham, sem saber se voltariam a ouvir algo novo de sua banda preferida ou mesmo um show com os hits já conhecidos. Três anos depois essa mesma banda anuncia uma série de shows “revivals”.
Independente do motivo desse microretorno, seja financeiro, puro marketing ou que seja, qualquer fã se sentiu feliz em poder rever seus ídolos e suas músicas tão queridas ao vivo novamente, entre esses fãs está esse que vos escreve – depois de uma semana do show para poder acalmar o lado fanboy – que feliz e ansioso foi ver o show de uma de suas bandas preferidas. A banda? Os companheiros dos Los Hermanos, formado por Marcelo Camelo, Rodrigo Barba, Rodrigo Amarante e Bruno Medina.

Essa pequena aventura de minha ida de encontro ao show dos Los Hermanos começou um mês antes, quando depois de anunciarem a turnê pelo Nordeste, os ingressos foram postos a venda via internet. Comprados, corri atrás de transporte, logo consegui vaga num ônibus excursão, de TRÊS já lotados. No dia de ida tudo tranqüilo, ônibus um pouco atrasado, mas tudo bem no fim das contas. Viagem João Pessoa – Recife saindo às 18h e chegando por volta das 20h.
Quando chegamos no Centro de Convenções de Recife que a coisa começou a ficar complexa: uma fila para resgatar o ingresso dividida pelas iniciais dos nomes, filas longas, gente furando fila, se retira ingresso e ainda se vai para outra fila de entrada pior ainda. A entrada preferia nem comentar de tão vergonhosa: um empurra e empurra, passagens por entradinhas individuais (imagina a saída como foi, com todo mundo querendo sair do local). O show estava tão lotado que não duvidava nada se acontecesse o que aconteceu no show do Rage Against The Machine, em Santiago, no Chile.

Deixando de lado a parte de estrutura que deixou um bocadinho a desejar (nem falo sobre preços caros de alimentação e bebida), vamos ao show em si, e esse me agradou muito como fã.
Conheci Los Hermanos claro que pelo hit Ana Júlia, mas anos depois me deparei com eles de novo através de um amigo que me passou empolgado o segundo e terceiro disco da banda: Bloco do Eu Sozinho e Ventura, respectivamente. Logo me tornei fã incondicional das letras reflexivas, das melodias dançantes e de como a banda a cada novo disco conseguia se reinventar em estilo e força de suas mensagens – bem diferente de dinossauros do rock que estão aí sempre fazendo mais do mesmo, ouviu Titãs e Capital Inicial?
O show em Recife foi como um encontro de velhos amigos depois de anos sem se ver. Público totalmente animado, ligado, cantando músicas inteiras em coro mesmo antes do show (algo até meio exagerado em alguns momentos, lembrando fãs xiitas de boy band – é, tem esse tipo de gente em todo canto) e que entrou em ebulição aos primeiros acordes de Amarante na abertura com o chamariz O Vencedor.
Durante toda a apresentação a banda mostrou uma felicidade em estar tocando para aquele público, no mesmo local onde eles tocaram pela primeira vez no Abril Pro Rock, algo que era claro não se ver no grupo no período pré-paralisação onde nem se olhavam no palco, tocavam carrancudos e “atravessando” um ao outro. Em Recife parecia algo mais entrosado.
Li algumas criticam falando que o setlist era o mais do mesmo, não trouxeram algo de novo, mas convenhamos: quem vai para um show revival de uma banda já sabe o que vem né? Sempre vai ser os hits que se sabe que o público vai adorar, uma celebração ao sucesso da banda e pronto. Eu mesmo não fui esperando algo maior que isso e o que tive me fez muito feliz. Foram quase duas horas de sucessos cantados com tanta força pelo público que chegavam a superar a voz dos cantores – sem contar que por duas vezes o som simplesmente apagou, deixando só o público mesmo cantando. 
Ao final de tudo, estava eu satisfeito, molhado de suor (cotovelos abrem caminhos), com meu óculos salvo de ataques brutais e alma lavada de mais uma vez ver uma banda que tanto gosto ao vivo, haja vista que muitas das que gosto nunca vieram por essas bandas ou já não existem mais. Independente do motivo do evento o importante era o momento, aproveitar o que se tem a frente e aceitar a condição.
Você pode acompanhar essa turnê dos Los Hermanos melhor no blog Bis e Los Hermanos: http://biseloshermanos.com.br/

Podcast, Quadrinhos, CInema, Seriados e Cultura Pop

Related Post