Nada Mudou!
Antes de começar este texto queria deixar claro que o Superman é meu super herói favorito da DC. Vi ontem a extended version de “Batman v Superman” e podia chover no molhado e vociferar o quanto detestei o filme (o que é verdade).
Ao ver “Man of Steel” e “BvS” vemos um sinal dos tempos em matéria de entretenimento no cinema, TV e quadrinhos : a cultura da violência rasa, da porradaria sem sentido, efeitos pirotécnicos, roteiro pífio e exagero de efeitos especiais, mega sagas, plot twist, etc.
Com anos de atraso a DC/Warner decidiram iniciar seu universo cinematográfico e ele não usaria a trilogia de Christopher Nolan como parte de mundo, seria algo novo. Ai começam os problemas.
Nem vou citar o filme (?) do “Lanterna (Deadpool) Verde”, aí é covardia. A escolha de Zack Snyder (do divertido “Madrugada dos Mortos”, do bom “300”, do péssimo “Watchmen”, da viagem estilística de “Sucker Punch” , etc) mostrou-se um equívoco desde o começo. Saíram as cores e veio o tom sombrio, tom sépia, ritmo lento, câmera lenta sonolenta (característica conhecida do diretor) e histórias terríveis.
Sim, cinema é outra plataforma. Ok. Mas o herói que teve roteiristas de peso como Mark Waid, Denny O”Neil, Kurt Busiek, Grant Morrison entre outros, teve com Davdi S. Goyer uma história confusa, repleta de clichês, mal construída (isso para os dois filmes do Superman) e com um polêmico final – onde o herói mata o vilão.
A incapacidade de Snyder em compreender o personagem que tinha em mãos foi seu pior defeito. Criou climas poéticos (leia-se modorrentos), traumas desnecessários, roteiro com mais buracos que um parmesão, enfim, desperdiçou a chance de dirigir o primeiro dos heróis e fez um filme que foi execrado por público e crítica. Mas “Man of Steel” não é o foco.
A tarefa de ver a versão esticada de “BvS” foi , para mim (repito: para mim), uma tortura com requintes de crueldade. Ok, explica uma dezena de lacunas da versão “standard”. Mas tudo que me fez decepcionar continua lá: a edição truncada e cansativa, as motivações sem pé nem cabeça, as soluções para a criação do Apocalipse, o Luthor horroroso do “criador do Facebook” e o pior: o uso da Trindade .
Superman aparece ainda mais depressivo e distante, Mulher Maravilha aparece bem, mas por muito pouco tempo. O Batman é bem interpretado por Ben Affleck, mas, certos cânones também são ignorados por Snyder (como ele também não matar). A escolha do vilão Apocalipse e o Luthor da rede social, a cena desnecessária do sonho do Bátema com o Flash, a lentidão das cenas e o final desenfreado na luta, tudo está lá. Ver Clark Kent sendo repórter, o Steppenwolf , nada melhora um filme que já nasceu errado, com erros de conceito para os heróis.
Essa escolha de fazer filmes opostos aos conceitos de filme-divertido da Marvel mostrou-se ineficaz e extremamente mal sucedida. Um gigante do cinema como a Warner acumula prejuízos e fracassos e a escolha de Geoff Johns para cuidar das cronologias de cinema e HQs é uma tentativa de salvar o conceito (clássico) dos personagens e recuperar o tempo perdido.
Como cinema “BvS” plus é um filme irregular (mais bem resolvido, mas ainda cansativo) e como adaptação do mundo dos comics é um produto péssimo, um erro cometido já duas vezes neste novo universo compartilhado que é na essência dos panteão dos deuses dos quadrinhos mas é conduzido por pessoas que não os compreendem.
Nota: 3
[Xingar é muito fácil, queremos bons filmes]
Andy Nakamura contribui com o Argcast e é um dos administradores do Boteco da Justiça.