Dae rapaziada. Quem é vivo sempre aparece.
Depois de um grande hiato o Moura em Série está de volta, com a promessa de tentar ser novamente semanal. Mas não contem 100% com isso porque eu ando mudando de idéia mais frequentemente que a Dilma e o Serra.
Bom e eu já volto trazendo polêmica: vou falar da série mais odiada pela maioria dos nerds do mundo, a infame Smallville.
E pra quem pensa que eu vou simplesmente detonar o programa, há de se surpreender; bem, na real eu vou comentar especificamente o
É. E lá vem polêmica.
O episódio é, impressionantemente, muito bom. Mesmo.
Claro que pros padrões de Smallville.
O lance é que o episódio parece finalmente dar um rumo a Clark Kent.
A temporada, que parecia promissora antes da estréia, logicamente está decepcionando.
Até esse momento, Clark enfrentou um clone do Lex, salvou Cat Grant do Pistoleiro, usou uma jaquetinha vermelha ridícula e conheceu Darkseid – que deve ter feito expediente em Lost, porque é uma fumacinha preta que domina as pessoas. Alias burro ele. Se tivesse virado o Locke tinha chutado a bunda do Superman mais bundão da história.
Mas então chegou o ducentésimo episódio para me iludir. E conseguiu.
Durante àquela hora eu esqueci todas as bostas supracitadas e me deixei levar por um capitulo muito bem ponderado, significativo e saudosista.
Tudo começa com Clark ainda se questionando se ele será um herói. O FLOCKERSEID está querendo dominá-lo, pois ele tem uma escuridão dentro de si que ele não sabe de onde se origina.
Lois resolve convidá-lo para a reunião do colégio em Smallville, e ele, relutante, aceita. Ele sabe que não tem boas lembranças de lá.
Logo de cara uma das bobagens dos roteiristas: a diretora quer se vingar de Clark porque todos os Krypton Freaks só falam dele. Ela tem até um bonequinho medonho do Clark. E do nada o tempo para e surge Brainiac fazendo uma lobotomia nela, e acabando com o impacto da cena que viria mais adiante.
O bacana fica por conta, inicialmente, do Clark relembrando cenas como o dia em que juntou os livros de Lana e eles conversaram pela primeira vez, ou quando Chloe lhe apresentou seu Mural do Esquisito, numa época em que ainda achávamos que o seriado poderia ser bom.
Os flashbacks fazem o trabalho de nos trazer de volta aquele tempo mais coeso e gostoso de assistir de Smallville.
Bem, ali o Clark é aclamado como astro, relembrando quando ele foi o capitão do time e conquistou o campeonato. Mas nenhum dos personagens originais deu as caras, nem Lana (que até agora eu não entendi direito que fim levou), Chloe, que está desaparecida, ou Pete. Isso dá uma estranha sensação de que falta algo no episodio, como se fosse algo de improviso as cenas. E impressionantemente o roteiro parece mostrar que Clark compartilha com o espectador essa sensação.
Porem no baile, o tempo para e de uma porta cheia de luz surge… BRAINIAC. Pam pam paaaaam. – Grandes coisa, sabíamos que era ele porque o roteiro fez questão de estragar a surpresa.
Bom, mas esse é o Brainiac 5, reformado depois que foi levado para o futuro pela Legião. Ele veio aconselhar o Clark a seguir seu destino.
Pausa pra explicação. No inicio da temporada Jor-El dá um piti, diz que Clark não esta pronto, que não é mais seu filho e que ele vai dormir sem jantar. Então ele prende a roupa de Superman, que a dona Martha deixou pro Clark na temporada passada, em um cristal. Puta cara chato. Se foi a doce senhora Kent quem deu a roupa pra ele, quem é ele para tirá-la. E nesse momento peço que algum fã de Smallville me explique: O QUE É A PORRA DO JOR-EL? COMO ELE PODE TER TANTOS PODERES E FALAR COM TODO MUNDO COMO SE ESTIVESSE VIVO SE ELE MORREU NA PORRA DA EXPLOSÃO DE KRYPTON? Ele teletransporta coisas e pessoas, clona, tira poderes, volta o tempo, ressuscita e mata gente. Esse porra é Deus?
Enfim, Brainy diz a Clark que ele precisa se desligar da culpa que guarda pelas coisas para poder seguir em frente. E teletransporta o superbocó para o dia do velório de Jonathan Kent, explicando a ele que aquele foi o dia em que Clark passou a viver com medo e culpa. Depois eles voltam ao momento da morte do papai Kent, quando ele está arrebentando as fuças de Lionel Luthor na muqueta e acaba tendo um infarto. Clark entende que a culpa não é dele, que seu pai adotivo escolheu ser seu grande protetor na Terra.
Depois eles voltam ao presente e vêem Oliver Queen vendo a repercussão de ter assumido que era o Arqueiro Verde. ALEAS não fez sentido nenhum ele ter feito isso, mas vá lá.
Oliver pergunta a sua secretaria se recebeu alguma ligação e ela diz que sim, de vários jornalistas, mas ele pergunta se Clark ligou. Diante da negativa ele fica tristonho e Clark percebe que está sendo egoísta ao não apoiar o amigo. E isso tudo ficou com uma puta cara do Conto de Natal.
Mas o que Brainiac queria mostrar ao nosso inexpressivo herói é que ele precisa deixar de se prender ao passado e temer o futuro, para que possa viver o presente. Eu sei que soa brega (e é), mas faz sentido.
De volta ao colégio vemos uma parte que me impressionou. Nunca foi tocado muito no assunto de como a Lois se sentia sendo a segunda a tomar o coração de Clark, afinal Lana Lang nunca teve muita importância para o publico até aparecer como protagonista de Smallville interpretada pela Chun Li. E ela nota que os alunos do colégio estranham que Clark não esteja com Lana e começa a sentir a sombra do amor adolescente sobre ela.
Quando um krypton-freak da primeira temporada – o garoto inseto – se aproxima de Lois, Clark tenta forçar Brainiac a levá-lo de volta, e acaba indo parar no Planeta Diário, 7 anos no futuro.
Essa parte é bem bacana. Vemos um jornal com a noticia “Superman salva o dia novamente”, Lois mais velha colocando o óculos nele e discutindo com o Perry e até um não nominado Jimmy Olsen. Clark tenta convencer Lois que ele esta deslocado no tempo e ela apenas o enche de cuidados e demonstra que sabe o segredo de Clark, o ama incondicionalmente e o protege.
E no elevador a inesperada cena. Clark Kent encontra Clark Kent. E nesse momento lamentei o quanto Tom Welling é mau ator. O Clark do futuro é bem artificial devido às limitadas capacidades interpretativas do modelete. É como se Ruth e Raquel fossem interpretadas pela Susana Werner. O que segue é uma vergonhosa cena de efeitos especiais em que Clark vê a si mesmo salvando a cidade como Superman. Ele apenas, claro, porque tudo que nós vemos é um tornado feito por um risco vermelho animado no paint.
De qualquer forma, Clark (o do passado) vai até o telhado e impede a queda do helicóptero de Lois, que o agradece com um beijo apaixonado.
“Nem todo homem está destinado a encontrar uma mulher como a Lois”.
De volta ao colégio, o garoto-inseto se aproxima de Lois e diz a ela que tem uma mensagem para Kent: Obrigado. O freak conta à repórter que Clark lhe deu uma chance de se redimir, e a muitos que estão ali. Isso reitera o que B5 disse a ele antes. E justifica a posição que o personagem teve em todas as temporadas, de sempre esperar a redenção até do pior dos vilões. Se até hoje ele era chamado de bobo por pensar dessa forma, essa cena mostra o que diferencia o Superman dos outros super-heróis. Ele inspira até mesmo seus inimigos.
O que segue é Clark procurando amadurecer. A cena dele no cemitério é emocionante, quando, na lapide de Jonathan, diz que veio fazer algo que nunca teve coragem: dizer adeus. E promete ao pai se tornar o homem que ele sempre acreditou que o filho poderia ser. Depois ele vai à casa de Oliver, onde ele esta dando uma entrevista e se vê encurralado pela jornalista. A presença de Clark dá ao playboy a força para um discurso inspiradíssimo que toca até na política americana – coisa que não me lembro de ter visto até hoje na serie.
Por fim, os produtores prometiam que a ultima cena seria embasbacante.
Clark convida Lois para ir ao celeiro, e lá ele remonta o baile de formatura. Eles perderam a dança no baile original, então ele quer dar essa dança a ela. Quando o desajeitado pisa no pé dela, ele diz para ela colocar seus pés sobre os dele. Eles trocam um “eu te amo” e dançam. Dançam até que Clark começa a levitar.
E essa cena simplesmente significa muito.
Primeiro porque traz a idéia de Lois voando com os pés sobre os de Clark, e firma a importância de Lois Lane na existência do Superman. Clark já voou ou levitou em algumas situações no decorrer dos episódios, mas sempre sob influencia de algo ou inadvertidamente, como dormindo, por exemplo.
Se a idéia de que ele não estava pronto por duvidar de si mesmo pode ser expressa de alguma forma, seria na sua incapacidade de voar. É como se ele precisasse se desligar de seus medos e inseguranças para pode voar. Com Lana, ele sofreu muito, e ela nunca conseguiu ser para ele uma parceira incondicional. Ela não o deixava seguro.
Lois, por sua vez, o ama sem restrições, e ele a ela. Quando o Senhor Destino, na temporada passada, disse que Lois era a Chave, era isso que ele quis dizer.
Com Lois Lane, Clark Kent finalmente se sente seguro, firme. E é nessa paz e amor que ela traz para ele, que ele pode deixar para trás os receios.
E voar.
Moura não recomenda Smallville. Mas recomenda o episodio Homecoming, da décima temporada.
PS: Dae eu vejo que semana que vem a Lois vai ser possuída pelo espírito da Isis, sendo que ela já foi possuída por trocentos espíritos (isso parece serie do Chico Xavier ao invés do Superman) e broxo de novo com o programa. Vá lá, nem tudo são flores.
Até o próximo episódio.