Azincourt

Uaréview

por Zenon

“…há uma infinidade de mortos e um grande número de carcaças; e não há fim para os cadáveres. Eles tropeçam nos cadáveres. “
Naum 3:3 ”


Se Tolkien é o mestre das obras de fantasia medieval, Bernard Cornwell é sem dúvida o mestre dos contos da idade média. Em seu livro, Azincourt, Cornwell conta a história do arqueiro Nicholas Hook que logo no início se envolve em um massacre de hereges em plena praça pública. Junto dele estão seus desafetos (Padre Martin e os irmãos Tom e Robert Perril). Após tentar proteger uma garota cujo pai fora executado, Nicholas acaba atacando o padre Martin, o que provoca sua prisão e julgamento.

Esse é apenas o início do livro que tem como plot principal a guerra travada na região de Agincourt ( no livro, a letra “g” do nome foi trocado por “z” porque era a forma como os franceses pronunciavam o nome e porque o autor achou essa forma mais sonora), onde o exército inglês venceu de forma quase milagrosa o exército francês.

O destaque está em sua linguagem simples, cheia de ação e com personagens que variam entre o cômico e o repugnante. Além disso, Cornwell consegue conduzir com maestria de detalhes as constantes cenas de batalha e o sofrimento do flagelado exército inglês conduzido por Henrique V com um número absurdamente inferior de homens famintos e doentes. Os personagens reais e as referências históricas também são constantes, além de retratar os podres dos líderes religiosos da época representado pelo asqueroso padre Martin. As cenas de luta também são um detalhe a parte – violentas, detalhadas e cruéis.

Outro ponto histórico interessante é a utilização de um arqueiro como personagem principal, já que geralmente são personagens marginalizados nos livros, mas que tiveram um papel essencial na vitória do exércio inglês. A preparação e o treinamento desses arqueiros desde a juventude deixa a leitura e a caracterização dos personagens muito mais real. E por falar em pontos históricos, Cornwell não peca em momento algum em sua extensa pesquisa pelo mundo medieval. É como se descrevesse algo que vivenciou tamanha a descrição de personagens, eventos e lugares. Uma das interessantes curiosidades do livro é o do sinal de “V” de vitória. Os cavaleiros franceses diziam que cortariam os dedos indicador e médio dos arqueiros ingleses quando os capturassem e em resposta eles levantavam estes dois dedos mostrando que ainda estavam intactos.

Personagens cativantes, batalhas sangrentas e referências históricas fazem parte dessa que é uma das obras-primas de um dos melhores escritores do gênero.

Livro: Azincourt
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record
Nota: 9,5

Não deixe de ler também outras obras de Bernard Cornwell:
Crônicas Saxônicas e a trilogia As Crônicas de Artur.


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