Uaréview

Coluna nova na área!! Bem, ok, não tão nova assim… Pro pessoal que conhecia a antiga Uarévaaleu, com reviews de HQs, chega a versão 2.0 dela: Uaréview. Aqui teremos toda semana uma resenha, não só de HQs, mas também de filmes, livros, bulas de remédios, etc… E por falar em filmes, a coluna estréia com uma obra cinematográfica de nuestros hermanos argentinos, resenhada pelo Marcelo Soares.
A lua de Avellaneda

Não é muito comum para nós brasileiros darmos de cara com, ou mesmo procurarmos, filmes feitos em países companheiros da America Latina. Uma vez perdida aqui ou ali vimos nos lançamentos de cinemas, e dependendo de onde você mora nem isso, um cartaz de alguma produção desse tipo, e talvez por isso alguns caiam no erro de pensar que sejam filmes sem importância ou menores. Dia desses me deparei com uma dessas obras, de um país vizinho e bem hostilizado pelos brazucas, o local é Argentina e o filme é Clube da Lua (Luna de Avellaneda, 2004)

Em uma sinopse mais, digamos, oficial, Clube da Lua “é um clube de dança fundado em Buenos Aires na década de 1940. Durante mais de 40 anos diversos clubes como este funcionaram nos bairros da capital argentina, trazendo diversão e vida social para seus habitantes. A crise financeira dos anos 90, porém, fez com que estes clubes começassem a fechar suas portas. Ameaçado pela falta de clientes, o Avellaneda (do titulo) enfrenta sua maior crise. À beira da falência, os descendentes de seus fundadores se unem para evitar o pior: a transformação do clube em um cassino.”

O filme retrata um clube fictício tradicional de um bairro argentino, e com ele as vidas e sentimentos de seus sócios. A história se passa depois da crise financeira que assolou a Argentina no fim dos anos 90 e como ela mudou a vida de uma classe media e os rumos do país, tal momento faz com que a situação do adorado clube cada vez fique pior, chegando ao ponto de se ter que tomar uma decisão: mantê-lo ou fechar as portas e vendê-lo. Enquanto tudo isso nos é mostrado, ficamos conhecendo Román Maldonado (Ricardo Darín), um homem que literalmente nasceu no Clube e que luta para seguir com a tradição, porém, em sua vida nem tudo são flores: o filho pensa em se mudar para a Espanha com a namorada, a mulher em se separar, e ele se vê sem um rumo, assim como o clube que tanto ama. E outros personagens compõem essa “pintura”: o fundador sonhador, o amigo beberrão que se apaixona pela professora de dança, a sócia divorciada que ainda ama o ex, todos eles numa metáfora da vida cotidiana argentina, pois, o filme de Juan José Campanella mostra muito de como pequenos detalhes da vida dos personagens podem representar uma situação social decadente e em crise

É um filme sentimental, de amor as coisas que hoje em dia, no capitalismo Macdonaldiano, são deixadas de lado, me lembrou muito o Central do Brasil de Walter Salles e seus personagens de gestos minimalistas, porém fortes, e que se interligava a história do país com o processo de migração nordeste/sul, no caso ao inverso que se tornou comum nas últimas décadas. È um cinema como esse que gostaria de ver mais nas produções nacionais, onde não se é preciso ser explicito (com corpos sangrando e balas para todo lado, por exemplo) para revelar uma realidade, e onde o amor por um clube pode mudar vidas.

Trailer

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