Moura em Série

The Big Bang Theory

Bem, então, ano novo, Uarévaa novo. Estamos de cara nova, proposta nova (ou simplesmente recombinada) e o Moura em Série deve retomar sua periodicidade perante seus 4 leitores assíduos.
E para recomeçar essa empreitada, escolhi um seriado que tem tudo a ver com o conteúdo nerd deste blog.

Nova sensação nos Estados Unidos, The Big Bang Theory é sobre quatro amigos nerds e… bem, pra ser bem realista, a série é sobre Sheldon e seus 3 amigos nerds as voltas com Penny, a vizinha gostosa que se muda para o apartamente em frente ao deles.
Digo isso porque Leonard, Wolovitz e Rajesh se tornaram, no decorrer das duas temporadas exibidas, apenas coadjuvantes de Sheldon, o mais popular da série, sem sombra de dúvida.

Os quatro amigos são praticamente gênios, porém isso em nada os ajuda no trato com a sociedade e, principalmente, com as mulheres. Leonard é um apaixonado que não consegue se expressar direito. Wolovitz é metido a conquistador, mas suas tentativas de sedução geram apenas vergonha alheia. Raj simplesmente não consegue falar com mulheres, nem mesmo com a amiga Penny, se não estiver sob efeito de bebida alcoólica (ou algum outro entorpecente). Sheldon é um gênio sem o menor tato com convívio social, quase retardado quando se trata de lidar com as pessoas. Penny, por sua vez é a garota gostosa, simpática e popular que tenta entender o mundinho fechado das nerdisses de seus novos amigos.

A série é recheada de momentos que apenas quem tem um pé nerd (ou o corpo todo) vai entender, e é recheada, do inicio ao fim, de referências a cultura pop, cinema e quadrinhos. Uma série feita para quem gosta e vive esse universo. E é exatamente por isso que lamento que ela tenha se tornado simplesmente uma caricatura desse mundo.


Bem, indo contra todo o Hype da série, e do público em geral que aparentemente idolatra Sheldon e sua turma, eu não consigo me apegar a série pelo exagero com o qual os personagens foram sendo levados.

Se compararmos o episódio piloto, por exemplo. Sheldon é, sem dúvida, um cara com dificuldades sociais, mas é humano e nutre uma amizade sincera por Leonard, tanto que o acompanha até a casa do ex-namorado de Penny. Sheldon é, neste inicio de temporada, um tanto ácido em seus comentários, ao mesmo tempo que deslocado. Mas com o avançar da trama, Sheldon foi se transformando em um robô. Perdeu seus comentários irônicos e se tornou incapaz de entender sarcasmos (os quais ele mesmo fazia no principio da série), para se tornar um semi-retardado. Chegou ao ponto em que ele não demonstra qualquer sentimento por outras pessoas, sendo auto-centrado e obcecado por sua genialidade. Que me perdoem os fãs do personagem, mas não consigo me identificar e nem aguentar por muito tempo um personagem que não tem sentimentos, apenas reações infantis aos acontecimentos. E não é como o Dr. Gregory House, que esconde seus sentimentos atrás de uma cruel ironia. Sheldon simplesmente passou a ser um robô, com todos aqueles lances de entender apenas o que lhe é dito exatamente. Até mesmo sua amizade por Leonard passa a ser uma convenção para ele, ao invés de um sentimento real.


Acho que a série perdeu muito quando desumanizou os personagens para criar situações de humor mais exageradas. Sempre achei que o grande divertimento de uma sitcom é o desenvolvimento das personalidades do elenco. Vide isso em Friends, Seinfeld, Two and a Half Men, Married with Children… em todas, por mais que os personagens sejam bacanas ou cruéis, eles tinham sentimentos em relação aos outros, e com isso evoluem nos levando a situações diferentes. O quarteto de Big Bang é extremamente bidimensional e estereotipado – não que estereótipos não sejam divertidos, claro que são, mas podem ser uma faca de dois gumes quando prendem os personagens em situações cíclicas e limitam o desenvolvimento da ação.

O grande ponto positivo, no entando, é o próprio Sheldon. O ator Jim Parsons é impagável, dentro do que lhe é possível fazer. O personagem é muito engraçado, porém fica repetitivo com o passar dos episódios. Ele e a maravilhosa Penny, claro. Kaley Cuoco (será que é parente do Francisco??) além de linda demais, é engraçada e apaixonante, o sonho de consumo de qualquer um. Não é a toa que Leonard puxa um caminhão de esterco por ela (e me desculpem as mulheres pela expressão).


Porém o exagero volta a ser um empecilho para a catarse que o público nerd poderia ter com as situações apresentadas, pois elas são tão extremas que dificilmente alguém terá passado por elas na vida real ou tido algo similar – e se alguém passou… bem, então é realmente preocupante – algo que poderia ser um grande trunfo para a série: aquela sensação de “sei bem como é isso…” que outros produtos tipicamente nerds, como os filmes de Kevin Smith, costumam deixar.

The Big Bang Theory tem momentos impagáveis, piadas que fazem qualquer nerd rolar de rir, referências divertidissimas e tudo mais.Só falta um pouco de tridimensionalidade e personalidade.

Ah, vale também pela coleção de camisetas dos personagens. Sonho de consumo.


Abraços do Moura e até o próximo episódio.

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