Moura em Série

Gossip Girl – Finalmente uma série Teen que me agrada


Tudo bem, pode dizer que Gossip Girl é seriado de mulherzinha. Vou aceitar as pedras.
Mas deixem pelo menos que eu levante um ponto.
Gossip Girl é o mais próximo que uma série americana chegou do que REALMENTE são os adolescentes.
Na maioria das séries, adolescentes não bebem nem fumam, ou se o fazem, é porque tem sérios problemas com alcoolismo/tabagismo. Hipocrisia pura, essa tentativa de didatismo que a TV tenta impor ao mundo.
Alias, eu já disse que o politicamente correto ta fudendo o mundo?

Bem, aqui os jovens não discutem filosofia e os grandes paradigmas da vida, como fazem os de The OC ou Dawson’s Creek da vida. Os adolescentes de Gossip Girl falam sobre popularidade, dinheiro, estudo, sexo, drogas e rock’n roll. E acender um baseado na série não implica em um adolescente viciado que precisa ir para uma clínica de reabilitação para mostrar ao mundo que, como diria Mr. Mackey, “Drugs are Bad”. Aqui o politicamente correto cai por terra e vários assuntos são jogados na tela – e nunca como tabus, nem mesmo para chocar. Estão ali porque fazem parte do cotidiano daquelas pessoas. Não esperem ver um filme de Larry Clark seriado, mas também não há nenhum resquício da bandeira do “American Way” de Barrados no Baile.

Mas vamos a sinopse da bagaça: Gossip Girl é o nome de um blog na internet, onde, na série, uma misteriosa garota comenta os escândalos e fofocas das vidas dos ricos moradores de Upper East Side, um bairro nobre de Manhattan. O blog de fofocas é o pano de fundo para a narrativa da série.
Serena Van der Woodsen é a protagonista, uma garota rica que volta a cidade um ano depois de sua misteriosa partida. De volta, ela tem que lidar com a mágoa de Blair, sua melhor amiga que nunca a perdoou por ter sumido sem ao menos avisar. Blair namora Nate, um cara absolutamente perdidão na vida, sem um rumo certo. Nate é o melhor amigo de Chuck Bass (aliás, o melhor personagem do seriado), um boêmio, que só pensa em bebida, drogas, balada e mulher. O quarteto é a parte milionária da turma. Mas Serena conhece, assim que retorna o tímido Dan. Bem, Dan é basicamente… Um fudido. O pai é um músico que cuida de uma galeria de arte meio falida no Brooklyn. A mãe deles os deixou e ele tem ainda uma irmã, Jenny, que é uma loser que quer se dar bem na vida. Obviamente, o romance “proibido” entre a princesa de Manhattan e o pobretão do Brooklyn é a trama principal da primeira temporada de GG.


Mas o que tem de diferente num plot tão batido quanto esse? Bem, o segredo são os personagens e a forma não habitual que a série apresenta as situações.
A primeira vista temos um quarteto bem “Malhação”. Dan e Serena são os mocinhos, Blair e Chuck, os vilões. Mas a dualidade existente neles é que torna isso interessante. Blair não é simplesmente má. Ela tem sim, seus interesses, e faz o que for preciso para alcançá-los. Mas ela é ao mesmo tempo a personagem mais carismática entre as garotas, e ainda por cima faz o que for preciso para defender a quem gosta. E na verdade, a maior diversão do programa são exatamente as armações e jogadas da personagem, aliada ao cafajeste Chuck.


Assistindo a série, é impossível não lembrar dos personagens de Sarah Michele Gellar e Ryan Phillipe em Segundas Intenções. Porém aos poucos percebemos um outro lado de ambos os personagens, e que, ao contrário do maniqueísmo da novelinha global, todos tem seus motivos para ser como são, e ninguém é simplesmente “mau”. E ninguém é simplesmente “bom”. Eles são humanos, jovens tentando dar procedimento as suas vidas. Alguns mais fúteis outros mais amargos, outros mais inocentes. Mas todos são seres humanos, e não estereótipos prontos. Os dois são o que há de mais interessante no seriado.


Jenny, a irmã de Dan, é a que mais demonstra sua dualidade. Ela pode ser um anjo ou uma cadela sem coração, de um episódio para outro, e de uma forma verossímil e explicável. Tudo que ela quer é ser aceita pela alta sociedade do colégio onde estudam, e se envergonha da sua origem mais humilde.
Erik, o irmão caçula de Serena aparece pouco, é um rapaz tímido, educado e ele começa a série extremamente depressivo, em uma clinica, após tentar o suicídio.

Há ainda o perdidasso Nate. É visível que o personagem tinha um objetivo particular no show, e quando este foi resolvido, ele ficou meio perdido no enredo. Mas na segunda temporada um novo plot interessante foi dado a ele, e logo o riquinho maconheiro recuperou sua importância. Aliás, se Chuck é o pegador de coadjuvantes na série, Nate passou o rodo no elenco todo. Da namorada de infância até a mãe alheia.
E ainda temos Vanessa, melhor amiga de Dan, uma revolucionária que detesta o modo de vida dos ricos e famosos, que com o decorrer do tempo ganhou muita relevância no programa.

Os pais dos personagens também tem certa relevância para a trama, com histórias interessantes. Os que mais se destacam são Lily e Rufus, ela, mãe de Serena e Erik, ele, pai de Dan e Jenny. Os dois tiveram um caso quando jovens (que conveniente, não?) e guardam uma história secreta desde que se separaram ainda na adolescência. A mãe de Blair e seu divórcio complicado rendem momentos divertidos, e a relação dos pais de Chuck e Nate com seus filhos, dramas bem desenvolvidos.

A primeira temporada deixa ganchos incríveis no final de cada episódio, e os arcos se basearam muito em uma quantidade perfeita de plots, se mantendo bem na fase High School. A luta de Blair para continuar sendo a “rainha da popularidade” com a volta de Serena, por exemplo.
A interação que vai se desenvolvendo entre os personagens também é muito bem trabalhada, e todos eles tem algum tipo de ligação um com o outro.

Serena e Blair tem uma amizade conturbada pelo gênio oposto das duas – Serena era a pervertida bêbada tentando refazer sua vida, enquanto Blair é a garota perfeita que esconde uma vaca manipuladora, mas ainda assim extremamente infantil. Nate e Blair tem um namoro cômodo para ambas as partes. Nate tem uma atração enorme por Serena. Serena se apaixona por Dan, que sempre teve um amor platônico por ela. Blair tem desprezo por Dan, por ele ser pobre. Chuck tem desprezo por Dan, por ele ser pobre. Nate e Dan se tornam amigos, deixando Chuck puto da cara. Chuck quer comer Blair, Jenny, Serena e qualquer outra mulher que passar perto dele. Jenny admira e odeio Blair. Nate se interessa por Vanessa. Dan acha todo o resto do elenco um bando de esnobes.
E assim vai, com sentimentos mudando e relacionamentos se formando, como qualquer vida de adolescente.
E a segunda temporada mostra uma maturidade com os personagens realmente se preocupando e construindo seus futuros, com trabalho e universidade. Uma série que evolui e não fica se repetindo para não mudar o status quo.

Bom, Gossip Girl é em si, sim, uma série para mulher. Toda a estileira e o luxo de Manhattan esta ali, estampado na cara das meninas, que vão querer sim ser uma Serena. Bem, e pra falar a verdade, qualquer cara gostaria de ser o Chuck. Dúvida? Então você não viu as gatas que ele traça durante a série. Além do que ter uma vida boêmia, ser herdeiro de um bilionário e ser dono de uma boate / casa de strip de luxo não deve ser nada mal.
A trilha sonora é bem apropriada pra gurizada de hoje. Conta com Rihana, Joss Stone, Sean Kingston e mais algumas surpresas divertidas.
A série ainda é cheia de referências ao mundo pop (como quando Blair diz a Serena: – Você me faz parecer o Darth Vader do lado da Barbie!), situações reais e celebridades.
Os temas são tratados sem didatismo (eu sei que estou me repetindo, mas isso é tão raro hoje em dia que vale a pena ser reforçado) ou hipocrisia.
E as reviravoltas da trama são bem surpreendentes. Claro, nada como Lost, mas com certeza, muito bem escritas para o público a qual é destinada.
Moura aprova, e sugere que você assista. As meninas vão adorar e os caras devem curtir (nem que seja pelas cenas mais “ousadas” que estão em sua maior parte na segunda temporada).
É na minha humilde opinião, a melhor série adolescente feita pelas terras do Tio Sam, deixando as outras parecendo aula de religião para jovens.

Curiosidade: Todos os títulos dos episódios parodiam nomes de filmes e seriados famosos.
Tivemos episódios intitulados “The Ex-Files” (Arquivo X); Chuck in Real Life (Dan in Real Life – filme de 2007 de Steve Carrel: “Eu, meu Irmão e Nossa Namorada”.); O Brother, Where Bart Thou (O Brother, Where Art Thou – E aí meu Irmão, Cadê você?); e The Dark Night (fala sério, preciso explicar esse???).

Agora estou providenciando para poder assistir a britânica Skins. Mas isso fica pra outra.

Até o próximo episódio, rapaziada.

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