“Sempre armas.
São elas sua única solução?
Vocês podem atirar em animais na floresta…
Mas não podem atirar na floresta”Swamp Thing#52
No início dos anos 80, a revista Swamp Thing já havia sido cancelada devido às baixas vendas. Mas era tarde demais para esquecer o personagem, uma vez que uma adaptação cinematográfica estava à caminho dos cinemas. Para aproveitar-se do hype que seria gerado com o filme, a DC retornou ao personagem, com a revista Saga of the Swamp Thing, onde contratou Martin Pasko para escrever o personagem. Pasko tomou como base a última história onde o personagem havia aparecido (em um crossover com os Desafiadores do Desconhecido), que o mostrava como uma espécie de lenda urbana, e seguiu a partir daí. As histórias onde ele voltava a ser humano e que terminaram (literalmente) a revista foram aparentemente ignoradas. Mas com uma significativa melhora em relação às últimas histórias, Monstro do Pântano não alcançava a popularidade, mesmo com o filme nos cinemas.
Então a DC decidiu dar uma chance para um novato escritor britânico, dando-lhe liberdade total para trabalhar com o personagem. Alan Moore passou a ser escritor regular. Em sua edição de estréia, nós vemos o Monstro do Pântano sendo caçado e encontrado pelo exército, onde acaba alvejado e supostamente morto. Apesar de Moore ter iniciado na edição 20, foi a partir da edição de número 21 que essa fase do Monstro do Pântano se tornou um clássico. Nesta fase, o Monstro do Pântano descobre que nunca foi Alec Holland, e sim uma criatura vegetal que pensava ser Alec Holland. A partir daí, Moore desenvolveu uma rica mitologia ao redor do personagem, trouxe a volta de antigos vilões, transformou-o num elemental que era nada mais do que a encarnação de todo o verde e revitalizou o personagem de uma forma que teria sido impensável por outros autores. Outro ponto interessante da fase de Moore foi ter incluído a origem original do personagem (aquela publicada em House of Mistery 92) dentro da mitologia do personagem, quando ele descobre o parlamento das árvores, uma “sociedade” formada por entidades que anteriormente já foram elementais como o Monstro do Pântano, e agora estão “aposentados”, tendo como principal missão manter o equilíbrio do verde. Alex Olsen, o Monstro do Pântano “original”, é uma das entidades que hoje faz parte do parlamento.
Moore levou o personagem para os destinos mais inusitados: de encontros com super-heróis da DC ao fim do mundo, o Monstro do Pântano enfrentou vampiros, casas mal-assombradas, lobisomens, bruxaria, foi até o inferno buscar sua amada, retornou para enfrentar o fim de tudo, morreu mais de uma vez e até foi para o espaço. Na fase de Moore, cada edição era uma (ótima) surpresa. Personagens subaproveitados ou esquecidos pela editora foram magistralmente revitalizados nas histórias (como o Homem Florônico), alguns voltando a aparecer em outras revistas, assim como novos personagens surgiram nas páginas da revista e alguns até se tornaram mais famosos que o próprio Monstro do Pântano (como John Constantine). O personagem também participou da saga Crise Nas Infinitas Terras.
Moore escreveu praticamente 4 anos o personagem, mas essa fase foi responsável por revitalizar o gênero de terror nos quadrinhos, além de ter sido a primeira HQ que ignorou completamente o Comic Code Authority e tinha como público os adultos, o que incentivou a criação do selo Vertigo (que publica apenas quadrinhos voltados para o público adulto).
Curiosidades:
– As capas da revista eram um dos pontos fortes durante a fase de Moore. Magistralmente pintadas como as capas de terror de antigamente, lembrando verdadeiras obras de arte, era fácil querer arrancar aquelas capas, emoldurar e pendurar pela casa.
– Alan Moore faz uma homenagem à dois personagens, considerados de onde o Monstro do Pântano foi “Inspirado”. Entre as entidades que fazem parte do parlamento das árvores, estão o “Homem-Coisa” e “Heap” (ambos mencionados anteriormente), ou melhor, versões desses personagens.
– Alan Moore sempre foi um rato de banca, e sempre admitiu gostar de personagens obscuros. Talvez por isso ele tenha trazido quase todos eles para as histórias do Monstro do Pântano. Personagens esquecidíssimos como Sargon, o Mago, Barão Von Winter e Dr. Oculto voltaram a dar as caras na revista, mas foram sumariamente esquecidos novamente depois.
– Uma das histórias mais inusitadas da fase de Moore foi seu retorno à Terra após a saga “Gótico Americano”. No arco de histórias, ele descobre que Abigail (sua amada) foi presa no Arkham, e decide dar um ultimato à humanidade. História recomendadíssima.
– Ainda sobre histórias inusitadas, John Constantine, personagem criado por Alan Moore na revista do Monstro do Pântano, teve um curioso crossover com Batman durante a saga Crise nas Infinitas Terras, onde Constantine é tratado como um cidadão comum.
Na próxima Madrugada:
Nem tudo são flores para o Monstro do Pântano. Na próxima semana, Monstro do Pântano – A decadência.