“Querido diário, hoje será diferente. Tem que ser. Vou sorrir, e será de verdade. Meu sorriso dirá “Estou bem obrigado. Sim, me sinto muito melhor. “ Não mais serei a garota triste que perdeu os pais. Começarei nova, serei alguém nova. É a única forma de seguir em frente”.
Durante mais de 2 séculos, os vampiros sempre foram tratados como inimigos da humanidade, demônios sobrenaturais e malignos sedutores. Mas isso mudou em 1976, quando Anne Rice lançou o livro Entrevista com Vampiro, primeiro de uma série de romances explorando o tema e que criava um universo próprio para aquelas criaturas. Diferente das abordagens anteriores, Rice colocava os vampiros como protagonistas das histórias, mostrando um aspecto das criaturas que não víamos até então: seres com os mesmo desejos, culpas, dúvidas e crises dos seres humanos, mas com o pequeno “problema” de necessitarem de sangue para sobreviver. Apesar de se inspirar no mito clássico, os vampiros de Anne Rice possuem algumas diferenças significativas. A série de livros de Anne Rice sobre vampiros adicionam um tom de novidade aos vampiros, e agregam muito à essa história milenar. No entanto, ao explorar as possibilidades emocionais dos vampiros a autora talvez tenha aberto uma caixa de Pandora.
Em 1991, surgiu uma série de livros Diários do Vampiro, de L. J. Smith, voltada para o público mais jovem, que traz a história de uma colegial que fica entre o amor de dois irmãos vampiros. Foi o primeiro passo para uma “juvenização” do mito do vampiro, mantendo os elementos sobrenaturais, mas tornando a história mais acessível, com limitado apelo ao erotismo, focando-se mais no romance “inocente” e no drama do amor adolescente.
Outros livros surgiram, que não merecem ser citados, e a TV também teve sua contribuição com a série Buffy – a Caça vampiros. Mas o maior sucesso de “vampiros juvenis” ainda estava por vir.
Em 2005, Stephanie Meyer publica Crepúsculo, primeiro livro de uma quadrilogia sobre vampiros que se torna sucesso absoluto entre os adolescentes. Na história original, uma jovem tímida e introspectiva que nunca viveu grandes emoções na vida vai para uma cidade pequena, onde se apaixona por um vampiro que, ao contrário da maioria de sua raça, decide não se alimentar de seres humanos. Neste universo criado pela autora, os vampiros são bastante diferentes dos retratados anteriormente, não incluindo a grande maioria das características que envolvem as histórias que usam o tema. Os livros, na verdade, focam mais no romance do que no terror e, definitivamente não são recomendáveis para amantes do gênero de terror, nem de vampiros. Uma das características mais peculiares dos vampiros de Stephanie Meyer é que, ao contrário dos tradicionais vampiros, que sofrem e podem até morrer ao serem expostos à luz do sol, eles apenas “brilham como diamante”.
Muita gente, principalmente amantes do gênero depreciam a obra de Stephanie Meyer, devido às “liberdades criativas” que ele teve para com o mito, e muitos se preocupam se isso será a nova cara do vampiro a partir daqui. A verdade é que é impossível prever o futuro, mas, particularmente, duvido muito que essa nova onda dure. Analisando a história, já existiram diversas interpretações diferentes sobre o mito, que incluem explicações científicas, místicas, que colocam os vampiros como vilões, como heróis, como seres com sentimentos, sem sentimentos, como demônios, como coitados. No fim das contas, o que sempre sobrevive é o cerne do mito, que foi discutida no primeiro post dessa série: O Vampiro é, em essência, um inimigo da vida. Esse é o verdadeiro vampiro, não importa que face ele tenha ou que abordagem ele receba ao longo dos anos.
Curiosidades:
– Três livros de Anne Rice foram adaptados para o cinema: Entrevista com o Vampiro, que contou com Brad Pitt, Tom Cruise, Antônio Banderas, Christian Slater e Kirsten Dunst – além do direto envolvimento da própria Anne Rice – e que foi um sucesso de público, e O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados, unidos em um único filme que não teve a participação intensa da autora, e talvez por isso tenha sido um fracasso retumbante;
– A Rainha dos Condenados trazia a cantora Aaliyah, que morreu em um acidente aéreo 6 meses antes do filme estrear;
– Como você deve ter notado pelos vídeos, os Diários do Vampiro foram adaptados para uma série de TV recentemente, sendo exibida pelo canal Warner Channel aqui no Brasil;
– Segundo a própria autora, os vampiros de Stephanie Meyer diferem bastante dos vampiros tradicionais porque ela não fez nenhuma pesquisa para escrever o livro;
Na Próxima Madrugada:
Ser um adolescente tímido nos anos 80 era doloroso. Mas pode ser mais fácil quando se tem uma amiga. A menos que essa amiga tenha um segredo. Na próxima semana, um dos melhores filmes que eu já vi, Deixe Ela Entrar.