“O Sangue é a vida.
E será minha”
Atualmente, boa parte dos filmes de terror se valem de mortos-vivos para criar histórias assustadoras. Mas entre as grandes criaturas assustadoras do imaginário popular, quem está no topo é, sem dúvida, os vampiros. Criaturas que são conhecidas desde tempos imemoriais em diversas culturas e que – juram alguns – já existiram (ou talvez existam até hoje, escondidos nas sombras).
Aqui começa uma série de posts sobre estas criaturas que colocaram seu nome na história, seja pelo interesse, fascinação ou medo que incitam nos pobres mortais.
Primeiramente, vamos discorrer sobre o que é, basicamente, um vampiro. Um vampiro é uma criatura que se alimenta da essência vital de sua vítima, sendo ela qualquer tipo de ser vivo (mas preferencialmente seres humanos); um parasita que se alimenta da vida dos outros. O vampiro pode ser tanto um ser vivo quanto um desmorto, bem como a essência vital do qual ele se alimenta pode assumir diversas formas dependendo da época ou da cultura, mas atualmente é mais comum ter o sangue como representação da vida que o vampiro suga. Independente das interpretações ao longo dos séculos, o vampiro é, em essência, um inimigo da vida.
Embora o mito do vampiro como o conhecemos hoje ter apenas um par de século de idade, os elementos que constituem esse mito existem há muito tempo, sendo referidos na cultura e literatura das mais variadas culturas, embora eles não fossem chamados de “vampiros”, pois o termo até então não existia. Além disso, os nomes pelos quais eles eram conhecidos e suas origens dependiam muito das culturas e tradições de cada região. Praticamente todos os povos que existiram vinculavam essas criaturas à demônios, espíritos ou algum tipo de desmorto. Mas as lendas de vampiros como as conhecemos hoje parecem ter surgido na Europa Ocidental; A Mesopotâmia era uma área repleta de superstições a respeito de demônios sugadores de sangue e os Persas foram uma das primeiras civilizações a contar histórias sobre esses demônios que se alimentam de sangue. A antiga Babilônia contava com as histórias de Lilitu (não por acaso relacionada à Lilith), que se alimentava do sangue de bebês.
A Índia também tem sua contribuição para com o mito do vampiro moderno. Os Vetalas são contos que descrevem criaturas fantasmagóricas que encarnam em corpos de pessoas mortas encontrados no folclore Sânscrito. Uma história em particular fala sobre um rei que tentava capturar um desses seres, que era descrita como uma criatura que, como um morcego, pendurava-se nas árvores de cabeça para baixo.
Há ainda versões dessas criaturas na Bulgária, Hungria, Eslováquia, Romênia, Roma e Grécia, só para citar alguns, mas todos os outros continentes possuem suas histórias de criaturas que se alimentam da vida de seres humanos (adultos ou crianças).
O mito dos vampiros também possui outra importante contribuição: Vlad Tepes III, Príncipe da Valáquia (região que mais tarde contribuiria para a criação da Romênia), mais conhecido como O Empalador ou Draculea. Governou a Valáquia por 3 vezes e era considerado por seu povo como um guerreiro feroz e como um governante que não tolerava crimes contra o seu povo. Ao redor do mundo, no entanto, Vlad é conhecido por sua crueldade no campo de batalha, o que lhe valeu o apelido de O Empalador (por sua prática de empalar os inimigos). Acho que não preciso dizer que Vlad Tepes III foi a inspiração para o mais famoso de todos os vampiros, o Conde Drácula.
Curiosidades:
– Curiosamente, durante a fase do Iluminismo (onde as crenças folclóricas foram virtualmente suprimidas) a Europa Ocidental enfrentou uma histeria em massa relacionada à vampiros. Diversas supostas aparições, algumas relacionadas à mortes de pessoas fizeram com que as pessoas passassem a abrir sepulturas e cravar estacas em mortos a fim de impedir que surgissem como vampiros. Houve até caçadas à essas criaturas, incentivadas por autoridades governamentais. O pânico começou aparentemente em 1721, na Prussia Ocidental, onde houve uma série de ataques de supostos vampiros;
– Existem dois casos conhecidos – e reais, os primeiros a serem reportados oficialmente, envolvendo os cadáveres de Peter Plogojowitz and Arnold Paole, na Servia durante o século 18. Plogojowitz foi declarado morto aos 62 anos, mas aparentemente retornou da morte pedindo ao seu filho por comida. O filho se recusou e foi encontrado morto no dia seguinte. Plogojowitz também supostamente retornou depois e atacou alguns vizinhos que morreram pela perda de sangue. Arnold Paole era um ex-soldado que se tornou fazendeiro e que supostamente foi atacado por um vampiro anos antes, morrendo enquanto preparava feno. Após sua morte, pessoas começaram a morrer nos arredores e se acreditou que Paole havia retornado para se alimentar dos vizinhos. Mais informações sobre esses casos aqui e aqui (em inglês);
– O vampirismo não se refere apenas à criaturas que se alimentam de sangue. Muitos acreditam hoje num fenômeno conhecido hoje como vampirismo psíquico, que descreve a habilidade de se alimentar da energia psíquica de outra pessoa. Segundo os que acreditam em tal fenômeno, um vampiro psíquico é alguém que nem sempre sabe que é um vampiro, mas que pode ser facilmente identificado, pois você sempre se sente mal perto dele, preguiçosos, sem forças, desanimado, etc. Se você se sente assim sempre que está perto de alguém específico, cuidado: ele pode ser um vampiro psíquico e nem saber;
– O termo Draculea (ou Drácula) significa “filho do dragão” e foi dado à Vlad por conta de seu pai, que se juntou à Ordem do Dragão (uma ordem religiosa criada pelo sacro imperador romano-germânico Sigismundo) e tinha o apelido Dracul;
– Dracul vem do Latim “Draco”, que significa Dragão. Mas, em Romeno, também significa “Diabo”.
– Há quem diga que os vampiros existem – e que eles mesmos são vampiros, como você pode ver aqui (em inglês).
Na próxima Madrugada:
Das lendas para a literatura, da literatura para as telas. Os vampiros nas mídias de entretenimento através dos anos, na próxima semana quando falaremos sobre os vampiros Na Ficção.