Alguém aqui lembra dessa coluna? Acho que nem o dono dela lembra, rs… Que coisa feia, Sr. Skrull… Logo você que já foi tão assíduo, acabou ficando ainda mais relapso que o velhinho aqui que vos fala… rs..
Então, tá então… Vamo de Freud aqui hoje!! Vou falar das hqs Samurai, Homunculus, Vertigo 6 e A queda de Murdock.
Samurai, de Julio Shimamoto: Começando por uma velha dívida, pois falei dessa hq em outra ocasião em que “tapei o buraco do Skrull” (Bwahahaha) e disse que ia comprar e depois comentar sobre ela por aqui. A HQ, da EM Editora, traz 15 histórias de Samurais desenhadas pelo mestre Shimamoto (o “Samurai dos Quadrinhos”, um dos pioneiros dos quadrinhos nacionais e considerado o autor da primeira história de samurai publicada fora do Japão).
A idéia é muito boa, republicar quase todas as estórias curtas de samurais feitas por Shimamoto, o preço é bem razoável (R$ 9,90) e o material vale a pena. Gostei bastante da arte do mestre e de sua narrativa. Nem todas estórias se passam no Japão feudal, muitas são nos dias atuais (pelo menos atuais quando foram publicadas originalmente) e algumas são estórias de terror (certamente criadas para publicação originalmente em gibis de terror). As “cenas” de combate são muito boas, mostrando bem a sequência dos golpes.
Infelizmente, a edição tem alguns problemas. A começar pelo formato reduzido (um pouco menor que o tradicional formatinho) que, logo na primeira estória, já prejudica o entendimento de uma sequência de quadros pequenos. Outro problema acontece na estória “O Duelo” cuja penúltima página tem um erro de impressão e a última aparece duplicada, o que não prejudica o entendimento mas deveria ser evitado. Apesar disso, recomendo se voce curte samurais ou estórias curtas ou um quadrinho nacional que tem qualidades reais, não sendo meramente curiosidade histórica.
Homunculus: Para não decepcionar o público do Skrull, vamos falar de um mangá aqui. Sim, eu aprendi a ler “de trás pra frente” e não me arrependi de comprar essa série. A estória é sobre o misterioso jovem Nakoshi, um “sem-teto por opção” que topa participar de uma estranha experiência proposta por um estudante de medicina: realizar uma cirurgia de Trepanação (fazer um pequeno buraco no seu crânio que poderia despertar uma espécie de sexto sentido). A partir da cirurgia, Nakoshi passa a, sempre que tapa seu olho esquerdo, ver e sentir muitas pessoas através de homunculi, representações surreais delas derivadas de problemas psicológicos que possuem. Isso leva a investigação desses problemas e aos poucos vamos descobrindo um pouco dos mistérios (e alguns “estranhos hábitos”) dele e de outros personagens.
É bastante interessante e não é exatamente o que eu chamaria de uma leitura leve, porém é bastante fluida, muitas vezes com poucos diálogos e algumas boas reviravoltas. O autor Hideo Yamamoto procura ir fundo no interior de cada personagem e, se dizem que de perto ninguém é normal, aqui você encontra grandes exemplos disso. A arte dele também me agrada bastante e a premissa da revista permite imagens “mucho locas” quando mostra os homunculi das pessoas. Não deixo nunca de imaginar que se fosse um título ocidental, talvez algo da linha Vertigo, teria sido interessante ver isso desenhado pelo falecido Seth Fisher.
O mangá está na nona edição por aqui, publicado pela Panini, e lá fora está na edição 10, sem previsão que eu saiba, de lançamento da 11 ou de término da série. Comecei a comprar quando ja tinha a 6 nas bancas, eu acho, mas fui comprando a partir da 1 em comic shop até alcançar as bancas, porém tenho visto muitos volumes antigos em banca mesmo, inclusive o 1. Se voce curtiu o que eu falei sobre a HQ aqui, talvez valha uma arriscada no 1 se o achar de bobeira por ai. As primeiras edições custavam R$9,90 e a 9 já saiu por R$10,90.
Vertigo #6: E como o Skrull costuma falar da revista Vertigo, e eu também compro, vamos a última edição que acaba de pintar nas bancas (atrasada bagarai). Começa com a última estória de um arco do Constantine que, embora sempre seja legal de se ler, não foi lá grandes merda… A arte do Marcelo Fruisin casa bem com a revista, mas esse Mike Carey parece especialista em estórias medianas, não lembro de já ter ligo algo realmente fodão dele. Mas Ok, é legal, vai, dá pro gasto.
Vem então a segunda estória da Casa dos Mistérios, que estreou na edição passada. A estória de estréia foi melhor, mais intrigante, mas ainda assim curti essa. Gostei da proposta dessa série que envolve uma trama maior mas com estórias curtas no meio feitas por outra equipe criativa. Casa dos Mistérios melhorou o mix da revista, pois a anterior a ela, “Tessalíada”, era bem fraquinha.
Vikings segue com uma arte muito boa mas roteiro oscilando de fraco a razoável. Não compromete a revista, é uma leitura rápida, mas podia ter coisa melhor no lugar dela. Escalpo se firmou mesmo como o melhor título da revista. A trama nunca fica estagnada, sempre aparecem novidades interessantes que te fazem querer saber o que vem agora.
Já Lugar nenhum tem feito jus ao nome…. Certamente botaram essa bomba por ser baseada num livro do Neil Gaiman e chamar o público de Sandman pra revista. Se o livro original é bom, não sei, mas essa adaptação por Mike Carey (olha ele de novo…) e Glenn Fabry não consegue me empolgar. Me parece que dura 9 edições ao todo, então acabará em breve, resta torçer pra colocarem algo que fortaleça o mix, como fizeram com “Casa dos Mistérios”, ao invés de outra bomba. Simplesmente não acredito que não haja coisa melhor que isso na linha Vertigo pra por nesse mix.
Simplesmente essa é minha hq favorita de Frank Miller. Batman: Ano Um fica pau a pau mas….. não tem jeito… A queda de Murdock vai mais longe que a ótima versão de uma das melhores origens dos comics ( não querendo resumir Ano Um a só isso ). A queda de Murdock (Born Again no original) é uma estória de ruína e redenção como eu nunca havia lido nos quadrinhos.
Miller, novamente acompanhado da incrível arte de David Mazzuccheli (que também desenhou Batman: Ano Um) leva o Demolidor ao poço mais fundo que já vi um herói chegar: sem trabalho, crédito, teto, nome ou sanidade. Nesse processo, os sentidos ampliados do herói funcionam como torturantes ampliadores de sua miséria e Matt beira o patético ao ser facilmente derrotado em todos os níveis pelo Rei do Crime.
Tudo isso porque o Rei do Crime descobriu a identidade secreta do Demolidor. Identidades secretas tantas vezes parecem um recurso batido, herança dos primeiros e “inocentes” exemplares da Era de Ouro, mas que tipo de estrago um inimigo poderia realmente causar ao descobrir isso? Quando o Rei termina com Matt, a única coisa que lhe resta é um sopro de vida, mas seu estado é tão deplorável que parece improvável que possa se reerguer, recuperar algo do que era, sem uma grande forçação de barra no roteiro. Mas ele se reergue e nada soa forçado.
Não falei de Karen Page (a ex namorada responsável pela descoberta do Rei), Foggy Nelson, Ben Urich (outro grande herói da trama), de Maggie, do combate final contra o Bazuca (uma versão distorcida do Capitâo América), do próprio Capitão e até do infame Tucão, todos perfeitos em suas presenças, mas realmente não há mais o que dizer: TEM QUE LER. Infelizmente apenas edições antigas dessa saga estão disponíveis por aqui. Ela saiu originalmente na antiga Superaventuras Marvel, da Editora Abril e depois foi republicada pelo menos mais 2 vezes pela mesma Abril. A que eu guardo é a da capa ao lado, um encadernado em formatinho de Junho de 1990 (Demolidor Especial 2, custou Cem Cruzeiros, rs…). Já passou da hora da Panini, que felizmente lancou toda a fase anterior do Miller no Demolidor, republicar isso por aqui.
E por hoje é só, p-p-pessoal, espero que tenham curtido essas dicas.