No principio era o verbo, a palavra dita de forma estranha, em construção, que passava de geração a geração as experiências humanas e aprendizados dos antepassados. Em seguida veio a mesma palavra, mas em sua forma escrita e o conhecimento e imaginação humana se disseminou em textos e mais textos. Por fim, veio a imagem em movimento, o cinema, que com sua junção de oralidade e escrita criou mundos fantásticos que embalam até hoje os sonhos e vivências das pessoas.
A Contadora de Filmes
Categories:
E foi por esse mundo refletido em uma parede dentro de uma sala escura que Maria Margarita, filha menor de uma família de mineiros no Chile dos anos 50, se apaixonou. Escolhida por seu pai para ser a única da família a ir ao cinema, por conta das baixas condições financeiras, ela fica incumbida de ver as películas e contá-las aos seus irmãos. Pouco a pouco sua criatividade narrativa ganha fama na pequena cidade chilena.
Mas do que um relato sobre filmes que marcaram época, A contadora de filmes é um sensível e delicioso retrato da arte de contação de histórias, de como a imaginação pode ser até mais interessante e divertida do que realmente ver algo. Mas, também, é um retrato do período pré e pós surgimento da televisão, das dinâmicas de pequenas cidades interioranas e das mudanças que os anos 50 trouxeram ao Chile, tanto em seu lado social quanto político.
Não conhecia o trabalho de Hernán Rivera Letelier, autor de 16 livros desde 1987. Apesar dele não trabalhar, pelo menos nesse, com muitos diálogos, sua visão acerca do mundo e das situações são poéticas e servem de inspiração para quem gosta do ofício de narrar o cotidiano – esse tão belo e injusto Deus diário.
Título: A Contadora de Filmes (Clique aqui para comprar)
Autor: Hernán Rivera Letelier
Páginas: 112
Ano: 2012
Edição: 1ª
Nota: 10