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O Espetacular Homem-Aranha

Uaréview
Por Vini

O que você faria se você se tornasse o Homem Aranha?
Parece que foi essa a pergunta que Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves e Mark Webb, roteiristas e diretor de O Espatacular Homem-Aranha, se fizeram para trazer novamente para as telas de cinema mais uma história do herói aracnídeo, inaugurando uma nova fase ou melhor dizendo, o “reboot” da filmografia do herói da Marvel no cinema.

E como o significado da palavra diz, reboot significa desprezar, descartar muito ou tudo daquilo que já foi feito numa série anterior e iniciar uma nova com novas ideias.
E amiguinho, fã de Homem-Aranha “old school” como eu, deixa eu te avisar uma coisa se caso você ainda não foi assistir o filme… não espere nada relacionado com seu personagem favorito! A não ser que você tenha começado a ler as revistas do Teioso através da linha Ultimate. Aliás, acho que nem por aí você vai sentir alguma ligação ou relação com a cronologia normal dessas revistas.
Você deve estar se perguntando: “como assim, não esperar nada relacionado com o Homem Aranha no filme dele?” Pois é, é o filme do Homem-Aranha, mas de um Homem-Aranha de outra linha ou universo qualquer, menos a do que estamos acostumados.

Os caras seguiram a risca esse lance de reboot e tudo que você vê nos 136 minutos de filme é uma história de um novo Peter Parker e como ele lida com seus recém-adquiridos super poderes e com os problemas que eles acarretam em sua vida!
Para começo de conversa, logo no início do filme, já dá pra perceber que aquele Peter Parker hipster e skatista não é de longe algo relacionado com o nosso derrotado e tímido Peter Parker. E vou te falar, não que tenha ficado ruim, mas é impossível para um fã do personagem a muito tempo, criar empatia com isso que eles tentaram criar. Essa introdução à uma nova vida para o personagem.
Não há aquela dualidade que estamos acostumados a ver nos quadrinhos, em relação ao comportamento do personagem que é mais nerd e inseguro enquanto é apenas o Peter, estudante e fotógrafo, e como esse lado é sobrepujado quando ele veste seu uniforme, se tornando um herói piadista e cheio de si! Nesse filme Parker é fodão desde o início! E piora consideravelmente depois de ganhar seus poderes aracnídeos! É meio decepcionante ver o Flash deixando de ser aquele babaca que vivia enchendo o saco de Peter para se tornar apenas um Joselito sem noção que não sabe brincar
Enfim, sua origem, que é conhecida a mais de 40 anos, é deixada de lado para que uma extremamente nova seja contada.  
E isso não atrapalha, desde que você vá ao cinema com a cabeça totalmente aberta a isso.
Sério, eu encarei esse filme como sendo um “O que aconteceria se…”
Sim, mais ou menos um O que aconteceria se… Andrew Garfield se tornasse o Homem-Aranha“! 
Essa atualização do personagem nos cinemas “matou” todo o conceito criado para ele nos quadrinhos. Ele deixa de ser a vítima e se torna o cara descolado!
Afinal, ele já é apresentado no começo como o hipsterzinho (ele faz o caminho contrário e usa óculos depois de ganhar os poderes) que tira fotos e anda de skate e enfrenta o Flash, em uma versão menos atlética e ainda como jogador de basquete e não de futebol americano, que só não consegue vencê-lo porque ainda não tem os seus poderes, e quando consegue, faz da maneira mais babaca possível.
Problemas com as mulheres? Sim, ele tem. Na verdade, só com uma, a Mary Jane tá loira? Gwen (Emma Stone) que se joga nos braços de um cara que apenas não tem tato com mulheres. Sim, Garfield não passa a impressão de ser um Peter tímido, mas apenas de um cara que não sabe lidar com uma situação onde ele curte muito a garota, mas não consegue convidá-la pra sair.
E o desenvolvimento de seu relacionamento com a Gwen Stacy é tão rápido quanto as cenas que mostram como ele inventou seu sistema de lança-teias (uma das poucas mudanças boas do filme) e da construção do uniforme…
Muitas outras coisas irão incomodar o fã de carterinha do aracnídeo, tanto as incongruências com sua origem, cronologia, o “design” do uniforme e o pior de todos, a bizarrice em relação ao fluido de teias (presta atenção nisso), quanto com os furos propositais do roteiro, que deixam pontas soltas para o segundo de uma maneira muito boba. Tô falando da relação dele com a investigação do assassino do Tio Ben e o sumiço dos pais.
Aliás, o Tio Ben é uma das melhores coisas do filme. Feito por Martin Sheen em uma atuação bem honesta, é o único que consegue demonstrar a relação do personagem com os quadrinhos, mesmo que tenham limado a famosa frase sobre Poderes e Responsabilidade. Prova do foco que deram para o personagem é a Tia May (Sally Field) que ficou irreconhecível nesse filme. Toda aquela preocupação com o sobrinho, que às vezes era até chata nos quadrinhos, deram lugar à uma apatia tão grande quanto sua cara de cachaceira! Parecia mais que ela estava com medo de um sobrinho envolvido com drogas que provavelmente iria lhe roubar sua aposentadoria.
O emaranhado de coincidências convenientes que o roteiro propõe é pobre demais para se aceitar, mesmo que isso tenha partido um pouco da ideia já mostrada na linha Ultimate e nos desenhos animados do personagem, que, por coincidência ou não, leva o mesmo nome do filme (mas que de longe é bem melhor!). A ligação entre os personagens, a “teia” que armaram para amarrar os personagens, soa cômoda demais. O pai de Peter trabalhou com o cientista Curt Connors (Rhys Ifans) que agora trabalha nas empresas Oscorp, de Norman Osborn, e Peter acha a pasta que contém documentos indispensáveis à pesquisa de Connors, que é chefe da namorada que estuda na mesma classe, que por causa dessa pesquisa genética, cria tanto o herói quanto seu antagonista e que necessita dos conhecimentos de Gwen para criar um antídodo para vencer o vilão… faz favor!

Não sei se essa foi a melhor saída para recontar a origem do personagem, nem sei se a inserção dos pais de Peter, na verdade, era tão necessária assim, porém, analisando o que foi mostrado em Homem-Aranha 1, onde também houveram grandes mudanças como a teia orgânica, a substitição da primeira namorada de Peter, a loira Gwen Stacy pela ruiva Mary Jane peitcholas caídas e a “Power-Rangerização” do Duende Verde, ficou dez vezes mais difícil recontar a história como ela era nos quadrinhos originais. Mas até que valeu o esforço. Apesar de todas essas diferenças com os quadrinhos, o filme não é tão ruim.
As cenas de ação são muito legais. Abusaram na massa-veísse das cenas POV (Point of View), ou no português claro, ponto de vista do personagem, que deram a sensação de como é ser o herói enquanto ele “balanga” pela cidade. Uma curiosidade é que cortaram parte daquela cena que é mostrada no trailer.

Todos os CGs estão absurdamente bons! E vistos em 3D, acho que melhora bem a experiência. O Lagarto está bem diferente do que eu imaginava, meio humanóide ainda, mas as cenas onde aparece está bem críveis, quanto sua movimentação, etc.

As cenas de luta são empolgantes e renderam bons (e poucos) momentos do filme. Inclusive a participação do velhinho Stan Lee no meio da treta!
Outra coisa, são os disparos de teia. Ficaram bem legais da forma apresentada.
A movimentação do Aranha também ficou bem mais fluída e impactante, com direito a posições iguais as vistas nos quadrinhos! Nesse sentido, ficou muito mais fiel!

O resultado é satisfatório. Marc Webb conseguiu fazer um bom trabalho com um roteiro lixo que lhe deram e transformou num filme massa véi para o público médio. É como já cansamos de falar por aqui, a Marvel continua se especializando em fazer filmes médios bons. Pena que não esteja à altura do personagem…

Esqueça tudo que você sabe sobre o Homem-Aranha e talvez assim você se divirta no cinema!

Nota: 06

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