Virada Cultural Paulista. Pra quem não sabe é aquela coisinha bonita que acontece no centro de São Paulo todo ano. As principais ruas ao redor da Praça da Sé são fechadas para veículos e vários palcos são instalados onde rola de tudo durante 24 horas. E quando eu digo de tudo, é TUDO mesmo. De estandes com famosos chefs de cozinha fazendo rango pra galera a shows de MPB com artistas famosos. De peças teatrais com Saltimbancos a tendas com dançarinas exóticas, poledance e shows com Gretchen e Rita Cadillac. Mostras de filmes e curtas nacionais e internacionais competem com clássicos da pornochanchada no Cine Windsor, lá na Boca do Lixo. Tudo isso além de espetáculos circenses espalhados por todas as ruas com mágicos, batalha de malabaristas, palhaços e muitas outras coisas. E o mais legal: tudo de GRAÇA.
Então, na bela tarde do último domingo, eu e Srta Z arrumamos nossas trouxinhas, nos abastacemos com barras de chocolate e fomos rumo ao espetáculo. Já na estação Portuguesa-Tietê percebemos que o número de hipsters e pessoas randômicas já era grande para o horário. Algumas estações depois descemos na Praça da Sé.
Pois bem. Eu disse que a parada é de graça e na Praça da Sé, não disse? Então já fica subentendido que seu espaço será dividido com os típicos moradores da Praça da Sé, também conhecidos como mendigos. Alguns bem à vontade pra dormir no MEIO da calçada ou aproveitando pra fazer artesanatos com latinhas e tal. Nos primeiros passos adentro de onde rolava o evento já chegamos à conclusão que se o Brasil entrasse em guerra naquele dia, poderia tranquilamente usar os banheiros químicos como ARMAS químicas. Era só um avião pegar uma cabine daquela e jogar em cima de alguma coisa que uma grande área teria uma devastação equivalente a Chernobyl. Certeza! Fora que alguns pontos da praça pareciam um campo logo após o final de uma batalha. Corpos jogados pela grama, gente desmaiada no chão, alguns que esqueceram o rumo de casa e acharam que era mais confortável dormir na escadaria usando o próprio vômito de travesseiro. Coisa linda!
Mas olhando a programação, concluímos que nosso objetivo seria o palco de Stand-Up que estava rolando durante 24 horas com diversas apresentações e o palco de Luta-Livre! Sim! As lutinhas de mentira que faziam sucesso na TV Manchete na hora do almoço com Ted Boy Marino tinha um palco especial pra só eles se esmurrarem de brincadeirinha. E foi pra lá que nos dirigimos.
Assim que chegamos pudemos ver uma “luta” que estava prestes a começar. E era uma briga de casais. Um casal de brasileiros contra um casal de Chilenos. Daí começa aquele roteiro de sempre, né: ameaça juiz, as mulheres começam se porrando, daí um dos caras entra pra ajudar, daí já entram os quatro no ringue e tal. As mulheres mandaram bem e fizeram os melhores movimentos da luta.
A brasileira fez um movimento à lá Rey Mysterio bem legal. |
Já os caras eram mais brutamontes e ficavam só na porradaria (inclusive o chileno usava uma máscara versão for dummies do Slipknot).
Por fim, óbvio que o casal brasileiro venceu, ganhou cinturão e tals. Particularmente não sou o maior fã de luta-livre, mas alguns movimentos que eles fazem são bem legais e são ótimo dublês, porque ao vivo não tem jogadinha de câmera nem nada. É no profissionalismo. Inclusive quando um dos malucos resolve jogar o outro pra fora do ringue, direto na calçada (sim, isso aconteceu como você pode ver abaixo).
Apontou…preparou… |
PIMBA!! |
A segunda luta foi entre um brasileiro que entrou com uma máscara de lutador mexicano (!) e que lutava capoeira (!!) contra um gordão Peruano que usava um maiô verde (!!!). Eu não vi essa “luta” inteira, mas foi legal quando o gordão de maiô verde jogou o mexicano além das barras de segurança, direto onde nós estávamos.
Se liga na cara de horror do molequinho. Huahuahuahuahua… |
E foi isso. Deixamos o ringue pra trás e fomos até o palco principal do evento que era o de stand-up. Chegamos bem na hora em que o excelente Marcelo Mansfield apresentava o último comediante daquele grupo: Rafinha Bastos.
A multidão estava tão compactada em frente ao palco que foi impossível tentar chegar mais perto. A pobre Srta Z, devido a sua estatura, mal conseguiu ver direito o comediante, mas deu pra ouvir na boa. Óbvio que Rafinha Bastos começou sua apresentação falando da piada envolvendo Wanessa Camargo e seu rebento, mas numa coisa eu tenho que tirar o chapéu para o Rafinha: mesmo diante de tanta pressão, xingamentos, perda de contratos publicitários e até a sua demissão do CQC, ele não abaixou a cabeça e tentou amenizar as coisas. Continua fazendo as mesmas piadas sarcásticas e ácidas que sempre fez, mesmo antes de aparecer na TV e no palco não foi diferente. Um exemplo? Em determinado momento, ainda falando do incidente com a “filha do Zezé Di Camargo e Luciano” ele soltou algo do tipo: “ Até o Ronaldo falou mal de mim. Disse que fui infeliz na minha piada. Mas convenhamos que um cara que sai com três travestis sendo que um deles morreu de AIDS não tem muita aptidão pra falar da vida dos outros. “ Várias risadas, alguns cochichos e um sonoro “ nuuuuuuuss… ” dos milhares que assistiam à cena. E não parou por aí.
– Vamos falar de uma coisa mais leve, então? Vamos falar de pedofilia. Tem aqueles que não gostam de pedofilia. E tem aqueles que são padres. – disse diante da multidão provocando palmas da platéia.
Detalhe: o palco principal fora montado EM FRENTE à Catedral da Sé.
Cerca de vinte minutos depois ele encerrou o show e tivemos um intervalo de 1h30m até que o último grupo de comediantes se apresentasse. Nesse meio tempo ficou combinado entre eu e Srta Z que não compraríamos nada líquido pra evitar futuras vontades de utilizar os banheiros de Chernobyl e com a dispersão de pessoas, conseguimos chegar até bem próximo do palco. Então o Mestre de Cerimônias, Marcelo Mansfield dei início ao oitavo e ultimo grupo que iria se apresentar: Maurício Meirelles (CQC), Oscar Filho (CQC), Geraldo Magela, Diogo Portugal, Marcelo Marrom junto com Rodrigo Capella e, finalmente, Danilo Gentilli.
Pra mim, um dos melhores foi o Maurício Meirelles. Ele já chegou agradecendo aquele que foi o responsável pela sua entrada no CQC: o filho da Wanessa Camargo.
Cara, como eu ri!
Em seguida ficou claro que todos eles tinham combinado de fazer pelo menos alguma piadinha em relação à igreja. O próprio Meirelles foi ovacionado quando disse: “ O mais legal sou eu aqui, na frente de uma igreja falando merda pra um monte de gente. Estou me sentindo o Edir Macedo. “
Outros dois que se destacaram foram Marcelo Marrom e Rodrigo Capella que se apresentaram juntos. A dinâmica dos dois é muito boa e fazem uma linha meio Didi e Mussum, onde um fica zoando a cor do outro, além de usarem músicas pra interagir com a galera. Por incrível que pareça os mais esperados da noite usaram piadas que já cansamos de ver na TV ou em vídeos do YouTube. Até mesmo o aguardado Danilo Gentilli fez uma apresentação bem fraca. Mas isso não impediu que um público de mais de 20 mil pessoas assistissem às apresentações. E assim, terminou pra gente a Virada Cultural 2012. Com aquele gostinho de “devia ter vindo antes e aproveitado mais”. Mas tudo bem, ano que vem tem mais.
PS: Não sou do tipo que costuma visitar os lugares turísticos de São Paulo e geralmente limito minhas visitas à Avenida Paulista, mas as construções ao redor da Praça da Sé são excelentes.