Por Vini
Bom, é preciso que eu comece essa resenha já adiantando: Não esperem ver nesse filme algo muito fiel aos quadrinhos e muito menos espere uma cronologia exata dos filmes anteriores!
Mas primeiro uma breve sinopse do filme:
O filme é considerado o quinto da franquia X-Men e apesar de ser uma prequel dos três filmes anteriores e de não ter nenhuma ligação ou referência com a bomba X-Men Origens: Wolverine, teve alguns fatos desconsiderados, pois a ideia é que esse First Class funcione como um reboot para a cine-série. E é mesmo essa impressão que se tem durante o filme.
Os eventos mostrados passam durante a década de 60, com John F. Kennedy como presidente dos E.U.A e conta um pouco sobre a história da crise nuclear entre Rússia e E.U.A., com os mísseis cubanos e o Movimento dos Direitos Civis. Nesse interim, ele mostra como Charles Xavier (o Prof. X) e Erik Lensherr (Magneto) começaram suas vidas, sua amizade e a descoberta de seus poderes e como foi fundada a Escola para Jovens Superdotados em Salem Center, no Condado de Westchester.
Mostra também o começo das desavenças entre os dois pelos seus pontos de vista diferentes em relação aos mutantes e a raça humana normal.
Os vilões nesse filme são representados através do Clube do Inferno, dirigido por Sebastian Shaw (Kevin Bacon) com a ajuda da Rainha Branca (Jannuary Jones) e os mutantes Riptide (Alex Gonzales) e Azazel (Jason Flemyng).
X-Men: First Class (traduzido aqui como X-Men: Primeira Classe) é um filme dirigido por Matthew Vaughn, que dirigiu filmes muito legais como Kick-Ass e Stardust e foi produtor de clássicos como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch – Porcos E Diamantes e nesse conseguiu novamente trazer toda sua experiência para o filme baseado no grupo homônimo da Marvel Comics e que conta a “origem” do grupo. Sim, o origem está entre aspas porque, para quem é leitor de X-Men a muito tempo, já percebeu que a história mostrada não tem nada a ver com o que rola nos quadrinhos. Nada mesmo. Mas isso não significa que o filme não mereça todos os créditos, afinal eles conseguiram pegar o espírito da coisa e transformar um suposto prequel em um dos melhores filmes, não só da franquia, mas um dos melhores já feitos para a Marvel! Todo mundo sabe que a cronologia dos X-Men é uma zueira só, muitas viagens no tempo e histórias medíocres depois, fizeram com que os personagens nos quadrinhos sofressem um pouco com a sua popularidade. Pra quem é leitor das antigas, sabe que acompanhar histórias bem feitas e bem escritas do grupo foi algo que terminou próximo aos anos 90. E no filme ficou claro a homenagem a uma das melhores histórias dos X-Men já feitas, que é nessa época em que eles enfrentavam o Clube do Inferno, na fase Claremont/Byrne.
E por falar em cronologia, muita coisa dita e feita nos 3 filmes anteriores foi simplesmente desconsiderada, como o fato do Prof. X ter ajudado Magneto na elaboração do penico que ele usava na cabeça. Aliás, ponto positivo pros caras. Não tem porquê o Xavier ajudar o cara com algo contra ele, certo?
No lugar disso, eles pensaram em algo não tão óbvio; O capacete fora projetado por cientistas russos e estava sendo utilizado por Shaw, para que não houvessem intervenções telepáticas a ele e no fim Magneto herda o capacete que, para minha surpresa, no fim do filme, fica idêntico ao utilizado pelo personagem nos quadrinhos! Aliás, o uniforme vermelho e roxo ficou foda!
A caracterização de alguns personagens está bem legal no filme, porém pra mim, apenas a Mística testuda e cara de bolacha (a linda Jennifer Lawrence) e o Fera (Nicholas Hoult) depois da transformação ficaram meio estranhos. Só que a cena da transformação do Fera ficou muito foda também. O jogo de câmera ficou fantástico e só depois eu fui descobrir que já tinham soltado um “teaser” dessa cena. Por isso que eu falo, assistir essas merdas de trailers antes do filme estraga tudo e a FOX tem mania, pelo menos nos filmes dos X-Men, de jogar quase o filme inteiro na rede antes da estréia. Tonto de quem vê…
First Class me passou a impressão de ser um desses filmes antigos de espionagem, do tipo 007, só que sem aqueles absurdos próprios do filme de James Bond, mas com uma dose de fantasia por ter personagens com poderes. E isso foi feito na medida certa. Não tem nada no filme que você possa dizer: “Pô, isso ficou absurdo demais!” Acho que eles souberam dosar essa parte fantasiosa muito bem e fazendo uma analogia, por exemplo com o filme do Batman, que trouxe um aspecto de ser um filme policial só que com um herói caracterizado, acho que esse novo dos X-Men é isso: um filme muito bem balanceado, com aspectos de filme de ação com doses de espionagem e ficção científica.
Até hoje eu só vi três filmes de super-heróis que deixaram a platéia no cinema muito ligadas no filme e em silêncio absoluto, os dois primeiros Batman (Begins e TDK) e esse! Foi muito legal ouvir certos comentários da galera curtindo muito o filme. E pelo visto não eram nerds não!
O ponto alto do filme foi a busca por outros mutantes para a formação dos X-Men. Foram escolhidos alguns personagens desconhecidos, mas que funcionaram muito bem juntos. A empatia com eles é imediata, principalmente com o alívio cômico, o irlandês Banshee (Caleb Landry Jones).
Mas o melhor foi a rápida aparição do Wolverine (Hugh Jackman). Cena muito bem sacada!
Aliás, não é só ele que aparece não. A primeira Mística, Rebecca Romijn também aparece em uma das cenas entre Magneto e a Mística fofinha.
As representações de James McAvoy e Michael Fassbender foram muito boas. Os dois estão muito bem em seus papéis de amigos/antagonistas e cenas que poderiam facilmente ser consideradas como melodramáticas demais ficaram perfeitas nas mãos desses dois. Eles passaram verdadeiramente a amizade que tinham um pelo outro e todas as características boas de Xavier, como sendo um cara espirituoso, confiante e esperançoso com a nova descoberta da raça mutante e do outro lado, a figura carregada e furiosa do menino que sofreu nos campos de concentração nazista de Lensherr.
Kevin Bacon também rendeu um Sebastian Shaw bem psicopata. Eu esperava mais da Rainha Branca, mas é inegável que ela ficou perfeita no papel de vilã secundária, dessas tipícas de filmes dos anos 60 mesmo.
A grande surpresa é como foi mostrado que Xavier ficou paralítico! Uma boa sacada dos roteiristas. Simples e ótima sacada.
Dizem que a Fox encara esse filme como sendo o primeiro de uma nova trilogia e eu acho que tem espaço tranquilo pra mais dois se eles vierem na mesma vibe. Muitas pontas soltas ficaram para trás como o relacionamento da Mística com Azazel que gerou o mutante Noturno, o fato de Alex Summers ter sido chamado antes que Scott Summers, o Ciclope (que é mais velho que ele nos quadrinhos) para integrar os X-Men e como o Fera irá se portar depois de sua transformação bestial!
Não acho difícil que esse filme bata todos os recordes de bilheteria em relação aos filmes passados. Só no primeiro dia de exibição, na sexta, o filme arrecadou US$21 milhões (cerca de R$33,1 milhões) e há previsões que ele atinja a marca de US$55 milhões (cerca de R$89,7 milhões) agoar nesse domingo (05/06). Isso é mais do que o primeiro X-Men arrecadou em uma semana, ficando na casa dos 53 milhões!
Pode-se dizer que “X-Men: First Class” já é um sucesso, pois respeitou a inteligência tanto do leitor de quadrinhos como do público que não lê. Fizeram um ótimo filme, profundo nos temas que se propôs a discutir, com ótimas atuações, boas doses de piada e ação e que com certeza você será recompensado por passar mais de duas horas em frente da tela. E ainda sentir falta de mais!
X-Men: First Class é classe demais!
Nota: 9,5