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O Jogo da Vida – Ou A Eternidade do Amor

Momento Uarévaa
por Freud

Existe um clichezão que todo mundo questiona. Qualquer um que o leve a sério soa iludido e infantil.

“.. e viveram felizes para sempre!!”

Pois bem, hoje o velhinho aqui resolveu defender o final de conto de fadas, “impossível na vida real”.


Lendo o ótimo texto do Moura de semana passada, sobre as convenções sociais que pentelham os solteiros, lembrei do clássico Jogo da Vida, onde todo mundo tinha seu carro, profissão, casamento e etc e tal…

E qual não foi minha surpresa ao descobrir que, mesmo ele, já se adaptou aos tempos modernos?

(Esse não é um post patrocinado..  Infelizmente..)

Pois é, apesar de todas as tradicionais cobranças da sociedade que o Moura falou, não há como negar que aos poucos isso está mudando. Hoje vivemos num mundo que reconhece cada vez mais que a vida não é um conto de fadas. Pra cada Tia moralista que te solta indiretas, deve haver no mínimo 3 outras pessoas do seu real convívio que tentam entender qual o melhor pra você.

Um relacionamento onde tudo são flores, “com arroubos de paixão cotidianos e cinematográficos” a vida toda, sinceramente, não é mais a real expectativa de qualquer pessoa com o mínimo de bom senso. Relacionamentos, de qualquer tipo, são complicados, e todo mundo sabe disso, todo mundo os vive.

E concordo com o Moura que, no Jogo da Vida real, casar não é uma obrigação. Nem filhos, nem um relacionamento estável, nem instavel, nada disso. Não dá pra se viver sob imposições desse tipo. Cada pessoa deve buscar sua felicidade do seu jeito e nenhum desses objetivos tradicionais deve servir como “medida de sucesso”

Mas nessa semana dos namorados, vou aproveitar pra rebater algumas coisas que meu camarada disse, do ponto de vista de quem é, sabidamente, casado, fiel e pai de família (meu famoso bordão, hehehe).

O amor é uma entrega, um salto que deve ser dado com o peito aberto mas, se possível, também com a convicção de quem deu umas boas espiadas pra saber a altura.

Esse salto envolve a fidelidade que soa tão cruel e assustadora pra muita gente, mas que se traduz simplesmente em lealdade e honestidade, palavras com o mesmo peso mas que despertam outro tipo de reação nas pessoas. Fidelidade ao que vocês representam um para o outro e não é, ou não deveria ser vista, simplesmente como uma regra imposta. Fidelidade de saber as expectativas que vocês construíram juntos e a vontade de estar com aquela pessoa.

Essa entrega envolve ceder em muitos pontos, desde que isso não te fira profundamente ou macule o seu amor próprio. Não é, ou não deveria ser, como uma negociação comercial. Um “programa de fidelidade”. Quando ambos prezam o bem estar, cada um tenta entender os momentos do outro, busca a hora e a forma de “aparar as arestas”.

O amor pra mim é encontrar alguém por quem se apaixona, claro, mas também com quem, além do encantamento, você enxergue parceria e confiança para dividir seus desejos, dificuldades, expectativas, frustrações, sucesso, rotina e carinho.

É possível aguentar todos os revezes do jogo da vida sozinho. É possível ter sucesso sozinho. Se não aparecer a pessoa certa, ou se é sua opção não se relacionar seriamente, não é o fim do mundo. Sim, existem milhares de coisas a se fazer por ai, quer você esteja sozinho ou acompanhado.

Mas a força do amor reside na união. A vida é cheia de altos e baixos e os baixos de um são menos baixos quando se tem alguém, os altos elevam o outro junto e as conquistas mútuas são aqueles raros momentos inesquecíveis e especiais, de felicidade não só compartilhada mas multiplicada, que os contos de fadas tentam apenas reproduzir, tirar inspiração, mas que na verdade são indescritíveis.

Cada qual a seu modo, romances assim não estão só nos livros. E nem finais felizes “para sempre”.

Tudo muito bonito, mas nem sempre é assim, certo? Muita coisa dá errado, muitas decepções e tentativas. Claro. Mas não é assim pra qualquer caminho que se escolha na vida? Pra mim, essa meta do “amor eterno” é um jogo que vale a pena disputar.

Porque a eternidade do amor não está num compromisso de “se aturar até que a morte os separe” mas na entrega de sentir verdadeiramente seu mundo com outra pessoa, ver seu futuro em outros olhos. Como dizia o poetinha, “que seja infinito enquanto dure”.

Se for, terá valido a pena, terá sido eterno.

Qualquer que seja a escala de tempo usada pra medir.

A.K.A. Freud

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