As Criaturas Atrás das Paredes

“Não fale o mal.
Não veja o mal.
Não ouça o mal.”

As Criaturas Atrás das Paredes


Tema Macabro

Houve uma época em que o terror no cinema era muito mais do que sustos visuais e suspense plastificado. Nesta época, víamos filmes de terror mais criativos, que contavam com história simples, mas originais, cativantes e interessantes. Creio que os anos 80 se encaixam dentro deste período, com clássicos como Deu a Louca Nos Monstros que provam que mesmo os elementos mais clichês do gênero podem servir para criar histórias diferenciadas. Dentro dessa época, um dos mais importantes realizadores foi sem dúvida Wes Craven, que nos deu filmes que se tornaram clássicos absolutos, seja por sua iconicidade (como em A Hora do Pesadelo, ou por sua originalidade (como no caso de A Maldição de Samantha). E criatividade era uma das principais características das produções do diretor, que sempre buscava uma visão diferente de elementos já conhecidos ou referências que traziam histórias peculiares.

Atualmente, Wes Craven, embora sinônimo de bilheteria certa, está longe da criatividade demonstrada em décadas anteriores. Muito disso se dá ao fato que a grande maioria das produções atuais que levam o nome do autor não o têm como diretor ou roteirista, sendo apenas um chamariz de público. Mas não vamos falar sobre os tempos atuais, e sim sobre uma produção do início dos anos 90 que ainda carregava a originalidade característica que foi uma das marcas do cineasta durante boa parte de sua carreira: As Criaturas Atrás das Paredes.

Em uma vizinhança tipicamente americana, cujo principal destaque é o contraste das áreas de periferia mais pobres com as regiões onde moram pessoas mais abastadas, temos a história de Poindexter, que é mais conhecido como “Bobo”, um garoto negro de uma área pobre da cidade, cuja mãe doente está impossibilitada de pagar o aluguel e com isso a família está ameaçada de ser despejada e ficar sem ter para onde ir. O local onde moram é de propriedade de um casal rico, de poucos amigos e que não têm muito apreço pelas pessoas que ali moram. Sem muitas perspectivas do que fazer bobo, embora relutante, aceita fazer parte de um esquema do namorado de sua irmã, Leroy. que pretende roubar a casa dos proprietários que, segundo dizem, está cheia de moedas de ouro. O que não será uma tarefa fácil, uma vez que o casal é bem preparado para a vizinhança onde vivem, são bastante desconfiados e escondem personalidades um tanto quanto distorcida, mantendo sua filha Alice trancada desde a infância e sem conhecimento do mundo exterior e guardando um terrível segredo.

Mas o que Bobo e Leroy não imaginam é que, por mais difícil que seja entrar na casa, esse não é o maior dos problemas. O mais difícil de tudo será sair… Com vida.

As Criaturas Atrás das Paredes (The People Under the Stairs, no original) conta com uma história difícil de se ver hoje em dia, em que o terror não vem se situações clichês, sustinhos mequetrefes e cenas chocantes para atrair a atenção do público; o terror está na construção de um universo que parece real, e por isso mesmo acaba se tornando assustador. Além disso, o uso de períodos de alívio cômico dão um respiro para a história, mas também a tornam ainda mais perturbadora.

Vale a pena assistir As Criaturas Atrás das Paredes. Felizmente, acredito que exista uma versão em DVD aqui no Brasil (não tenho certeza, assisti em VHS há mais de 15 anos atrás); neste caso aluguem, pois é um grande filme para apreciadores do gênero.

Curiosidades:
– Leroy, o namorado da irmã de Bobo é interpretado por Ving Rhames;
Wendy Robie e Everett McGil, os atores que interpretam o casal perturbado de As Criaturas atrás das paredes foram escolhidos por Wes Craven por sua atuação como marido e mulher na série Twin Peaks;
– O argumento do filme foi pensado por Craven após uma notícia real sobre um casal que mantinha os filhos trancados dentro de casa, sem deixá-los nunca sair.

Na próxima Madrugada:
Seu nome está em muitos dos maiores clássicos do cinema de terror. Na próxima semana, conheça um pouco mais sobre John Carpenter – Terror e além.

Podcast, Quadrinhos, CInema, Seriados e Cultura Pop

Related Post