Fala molecada!
às vezes acontece certas coisas que não tem explicação. Como o post dessa semana.
Eu escolhi falar desse personagem por acaso. Já tinha umas ideias na cabeça pra falar de outras tiras, mas algo me chamava, me puxava pra falar sobre ele.
É legal quando você olha pra trás e vê que certo personagem fez muito parte da sua vida. Fez você crescer lendo suas histórias e tal. Isso me traz lembranças muito boas da infância!
E o que me deixou mais feliz, foi descobrir no final do meu texto, quando estava pesquisando imagens, que amanhã é um dia especial para ele!
Se seu autor estivesse morto nos dias de hoje, acharia que é coisa do além!
Clica aí no “Leia Mais” e descubra um pouco mais desse grande personagem dos quadrinhos!
O Recruta Zero (mais conhecido pela sua alcunha americana como Beetle Bailey) é uma das maiores personagens de tirinhas e quadrinhos da história.
Ele surgiu em 4 de setembro de 1950 criado pelo artista Mort Walker e causou bastante barulho e fama na época, por denunciar o barra-pesada e rígido purgatório que era o Serviço Militar, bem como todos os arquétipos encontrados nos quartéis que iam de sargentos sadomasoquistas e seus superiores que não estavam nem aí pra nada e ainda eram “paus-mandados” de suas mulheres até os recrutas espertinhos que faziam de tudo para fugir das obrigações rotineiras do exército.
Sabe-se que, na verdade, todas as ideias de Mort para as tiras nasceram ali mesmo, no exército na época em que serviu, no ínicio de 42. Ele ficou por quase cinco anos colhendo material, e nesse meio tempo, passou por diversas patentes até chegar a tenente! Depois, formou-se em jornalismo e começou, em 48, a ganhar a vida vendendo cartuns e revistas. Como disse antes, foi em 50 que Mort Walker criou o Spider, ou melhor dizendo, o Beetle Bailey (acho que ele tem afinidade com insetos) e então começou a publicar suas tiras pelo King Features Syndicate.
Zero é um recruta preguiçoso e, apesar de tudo, bem-humorado que sempre era perseguido pelo seu carrasco, o gordinho Sargento Tainha, que era sempre passado pra trás pelo recruta ensaboado por não ser tão inteligente e malandro quanto ele. O que fazia com que o cachorro do Sargento, o Otto, entrasse na parada pra resolver o que seu dono não conseguia… ficar de olho no malandro!
Com seu jeito molenga de ser, Zero sempre dava um jeito de escapar da labuta e poder dormir até mais tarde. Seu grande lema de vida era “Nunca deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã“.
De início, a tira abordava a vida universitária do personagem (ele era aluno da Universidade Rockview) e já aparecia em seus primórdios com os olhos cobertos por um chapéu, o que lhe conferiu uma aparência inconfundível, mas apesar de ter sido publicada em apenas alguns jornais, não fez o sucesso esperado.
Walker não sabia, mas o King Features estava estudando terminar com seu contrato, justamente por isso. Foi aí que, com o início da Guerra da Coréia, ele teve a ideia de aproveitar a onda de nacionalismo gerada no país para fazer o jovem personagem ingressar no Exército. E depois de todo denuncismo da vida dos quartéis e o bem-humorado dia-a-dia dos recrutas, caiu no gosto dos americanos (e do mundo) fazendo um estrondoso sucesso! Principalmente porque incomodou as Forças Armadas norte-americanas, que baniu as tiras de sua revista, a Stars and Stripes, por considerá-las uma afronta à ordem militar, por elas ridicularizarem (assim pensavam eles) os oficiais em geral. O fato teve grande repercussão na imprensa, e a tira disparou em publicação. Cerca de 100 jornais americanos compraram os direitos de divulgação do Recruta Zero e muitos deles ainda exibem religiosamente as tiras até o presente.
Ele até tentou voltar atrás, criando uma família para o recruta Zero, fazendo-o retornar para casa, mas sob protestos dos fãs, em poucas semanas, ele teve que voltar ao exército.
O curioso é que essas tiras continuaram, isso em parceria com um outro grande artista que era muito amigo de Mort, Dik Browne! Pra quem não sacou, ele foi o criador de uma outra grande série de tiras, Hagar, o Horrível que, brevemente, será comentada por aqui.
Eu sempre achei que quem fazia essas tiras era o próprio Walker com outro pseudônimo, até por conta do traço, mas na verdade era esse outro grande artista.
Walker fez isso, mas com outras tiras. A de maior sucesso, assinada com seu primeiro nome, Addison, foi publicada no Brasil com o nome de Arca de Noé, e contava as trapalhadas em um navio cheio de animais engraçados, com um capitão não muito respeitado pelos seus subordinados, tampouco pela esposa.
Entre outras curiosidades na vida do artista, em 1951, ele ajudou outro célebre autor a publicar suas tiras, pois ele não estava tendo muito sucesso com seu trabalho. Tô falando de ninguém menos que Charles Schultz, o “pai” do Snoopy.
O motivo de tanto sucesso do Recruta Zero, além do óbvio talento de Mort Walker, é o humor universal presente nas histórias. Quem nunca se identificou ou identificou em outra pessoa algum dos personagens da série, como o ingênuo Dentinho, o velho babão General Dureza, o centrado e o intelectual Platão, o mulherengo Quindim, o carrasco autoritário e bonachão Sargento Tainha, o zé-ruela Tenente Escovinha, a gostosona Dona Tetê, o simpático jogador Cosme ou até com o atrapalhado Zero!
No Brasil, a tirinha é editada em vários jornais. Dentre eles: O Estado de SP (desde 91), O Globo, Zero Hora (RS), Diário do Nordeste, entre outros. Elas também foram editada em livros de bolso pela Editora L&PM, de Porto Alegre e teve até uma revista de histórias em quadrinhos, publicada durante os anos 60, 70 e 80 pela RGE, antiga Editora Globo.
Duas adaptações de destaque do personagem lançadas em edições especiais foram a sátira à telenovela Roque Santeiro, que fez muito sucesso no Brasil na época e Rock In Swampy, sátira ao Rock in Rio, festival de música que ocorreu em 85.
O desenho animado de Recruta Zero foi exibido no Brasil inicialmente pelo SBT durante os anos 80 e posteriormente pela TV Record.
Um dos personagens que eu mais gostava, além do Zero era o Dentinho. Sempre achei que a lerdeza dele era muito bem explorada. Não era o burro chato, era um dos personagens mais legais de acompanhar! Sempre tive meio pena dele.
O curioso é que nos EUA, o nome do Dentinho, na verdade é Zero!
Eu lia muito as revistas do Zero quando era pequeno, adorava os traços do Walker e fazia vários desenhos dos personagens ou personagens meus, baseados neles! Apesar do Tainha ser o cara que enchia o saco do Zero, o engraçado é que eu não ia muito com a cara do cozinheiro Cuca no começo! Só porque ele fazia uns rangos esquisitos pra galera do quartel Swampy! =)
Rapidinhas:
- O Tenente Mironga (Lieutenant Flap) que tem como marca registrada seu cabelo “black power”, embora não apareça com freqüência nas tiras, leva a honra de ser o primeiro personagem negro a ser retratado em quadrinhos norte-americanos, em 70;
- Dona Tetê (Miss Buxley): a linda loirinha, secretária do General Dureza, já foi apresentada completamente nua numa edição da revista na Suécia (onde mais?). A ilustração, que tinha alguns dos principais personagens em miniatura em volta dela, gerou polêmica e quando lançada nos EUA, simplesmente esgotou!
- O especialista em informática Chip Gizmo, foi introduzido na tirinha em 2002, através de um concurso veiculado na mídia impressa norte-americana, que foi patrocinado pela Dell Computer Corp.
- O filho de Mort Walker, Gregory tem-no ajudado na confecção de algumas tiras.
- Depois de uma conversa com Dik Browne, Walker decidiu criar um museu do cartum, para mostrar para as pessoas o devido respeito que os cartunistas mereciam! Em 1974 foi fundado o International Museum of Cartoon Art, em Greenwich, Connecticut. O acervo, logo depois, ficou por 18 anos em Rye Brook, Nova York até mudar-se para Boca Raton, na Flórida.
Amanhã, dia 4, o Recruta Zero completa 60 anos de vida!
Eu cresci e aprendi a ler com ele! Parabéns, amigo e obrigado!
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