Uma década de crises, assassinato, separação da trindade e controversos ataques dentro e fora dos quadrinhos termina com mais uma reformulação para a Princesa Amazona. E o resumo vai ser só isso mermo, porque quem tá aqui hoje é o Freud e quero ir logo pro post.
“Enquanto isso, na banda desenhada…” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.
O Besouro Azul é um dos personagens mais antigos dos comics, aparecendo pela primeira vez na revista Mystery Man Comics #1, de agosto de 1939 (pouco mais de 1 ano após o Superman e apenas 3 meses após o Batman), pela editora Fox Feature Syndicate. É um personagem interessante de se analisar pois se mantém até hoje, mas sempre passando por mudanças drásticas a cada período de tempo, se renovando para novos públicos. Sua primeira estória, na Era de Ouro dos Comics, foi criada por Charles Nicholas Wojtkoski (embora há quem diga que o script possa ter sido de Will Eisner).
Dan Garrett, o primeiro Besouro Azul, era um policial novato, cujo pai (também policial) havia sido assassinado por mafiosos, e combatia o crime protegido por seu uniforme, feito de cota de malha, que o tornava “praticamente invulnerável”. Em pouco tempo ele se tornaria mais poderoso, passando a ter super força e invunerabilidade quando ingeria a “Vitamina 2-X”, inventada por seu amigo cientista Dr Franz.
Com o crescente sucesso dos comics e a boa aceitação do personagem, ele passou de estórias curtas na Mystery Man Comics para a capa da revista, e depois para seu título próprio, que durou até 1950. Nesse periodo o sucesso foi tal que acabou indo parar tambem nas tiras de jornal (desenhado por Jack Kirby) e até tendo seu próprio show de rádio, o máximo de prestígio que um personagem podia alcançar antes do advento da televisão.
Junto com os heróis “Samson” e “O Flama”, ele era considerado um dos “3 Grandes” da Fox, chegando a existir um título justamente reunindo esses 3 personagens, uma trindade que lembra, de certa forma, a da DC.
Sua galeria de vilões era grande e variada, incluindo gangues (The White Face Gang e The Roof Killers), empresários malignos (como Big Dix, responsável pela morte de crianças por “vender brinquedos defeituosos a parquinhos”), vilôes nazistas (The Skull, Blitz, Red Robe, Masked General, Princess Brunhild e até o próprio Adolph Hitler) e outros realmente bizarros como o Sky Ruler (que soltava carros do céu como bombas), Galgo (que fazia seus capangas se vestirem de gorilas), Countess Belladonna, the Sphinx, Death, The Eye e Prophetic Painter (esse fazia pinturas dos assassinatos que iria cometer para depois encená-los iguais as pinturas).
Poucos anos após o fim de seu título na Fox, o personagem foi adquirido pela Charlton Comics que inicialmente apenas republicava estórias antigas, mas resolveu reformular o herói, alterando sua origem e poderes, em 1964. Era o início da era de prata e o interesse por super heróis foi renovado, e isso pedia um novo Besouro para um novo público.
O policial deu lugar ao arqueólogo Daniel Garrett, cuja superforça e resistência, agora acompanhadas também de võo, projeção de raios pelas mãos e olhos e visão de raio x, foram adquiridos através de um escaravelho mágico encontrado numa tumba egípcia. Ao segurar o artefato pela primeira vez, Dan teve a visão de um faraó que diz que ele foi escolhido para ser o campeâo da humanidade. Sempre que ele segurava o escaravelho e pronunciava “Kaji Dha”, se tornava o Besouro Azul.
Apesar de ter rapidamente construído uma grande galeria de vilôes (que incluia The Praying Mantis Man, Mr. Crabb e seu Escorpião Sinistro, Dr. Thunderbolt, the Red Knight, Mentor the Magnificent, Magno Man e The Eye of Horus), o “Super Besouro” da Charlton não fez o sucesso esperado e, logo no ano seguinte, veio outra reformulação. Agora o Besouro mudaria completamente, praticamente mantendo apenas o nome do herói, dessa vez pelas mãos do grande talento recém contratado (que acabava de deixar a Marvel, insatisfeito com o rumo que a editora escolheu pra sua criação favorita, o Homem Aranha): Steve Ditko.
CURIOSIDADES:– O Besouro Azul original teve um sidekick, chamado Sparky, que curiosamente começou usando uma roupa similar a seu mentor mas, depois de um tempo, a abandonou e passou a atuar usando trajes comuns.
– O primeiro Besouro Azul serviu de inspiração para o primeiro Coruja de Watchmen. Ambos eram policiais, usavam cota de malha e até a máscara era similar. Alan Moore, que baseou os personagens de Watchmen em personagens da Charlton, optou pela versão mais antiga de Dan Garrett para servir como base para Hollis Mason, o que fazia perfeito sentido já que o “Super Besouro”, além de muito menos longevo que o Besouro original, não se encaixaria na proposta de herói realista que Moore queria.
A seguir: New Beetles (não confunda com Fuscas)