Tiras Animais!

Fala, molecada!
Atrasado de novo com o post que era pra ser de quarta, né?!
Bom, mas vamos lá, não vou me culpar porque o pessoal aqui do Uarévaa me falou que isso é normal. =)
As tiras que vou comentar hoje não é novidade nenhuma pra muita gente, pelo menos não deveria ser, já que o cara é um dos maiores tirinistas que o Brasil já produziu! E eu não poderia deixar de falar dele na minha coluna, já que eu o admiro muito.
Tô falando do mestre das tiras sobre “animais” Fernando Gonsales!

É, o “animais” está entre aspas por que na verdade, todos sabem, que as tiras mais falam do comportamento dos seres humanos, nós, do que propriamente dito de animais. Digamos que seria o lado animal do homem.

Seu principal personagem é um rato Níquel Náusea que dá nome a série de tiras que ele produz desde 1985. O curioso é que Gonsales começou a publicar seu material depois de ganhar um concurso que participou promovido pelo jornal Folha de São Paulo, nesse mesmo ano e que lá permanecem sendo produzidos até hoje, depois de mais de 20 anos.

Vários outros jornais também publicam seu material, incluindo o Zero Hora de Porto Alegre/RS e em médias outros 12 jornais pelo Brasil e um jornal no exterior, mais precisamente em Portugal, além da revista inglesa Jungle Drums.
Antes disso tudo, ele era apenas um veterinário e biólogo que curtia desenhar.
Na faculdade, ele criou cartazes para o centro acadêmico e fez uma prova sobre parasitologia toda em quadrinhos. O formato não agradou o professor, mas mesmo contrariado, ele foi obrigado a aceitá-la porque as informações contidas nela estavam todas corretas.
E foi graças à essa formação que ele conseguiu criar uma das mais originais séries de tiras que apareceu em terras tupiniquins. Geralmente são inseridas informações científicas nas tiras e que retratam de forma divertida as características desses animais.

Além de inserir personagens “coadjuvantes” nas tiras, ele criou alguns principais com características tão próprias que as vezes é impossível não lembrar deles em certas situações. Como é o caso de Fliti, uma barata que é viciada em veneno e bolinhas de naftalina. Ou como ela mesmo diz, ela é ligada num bom Baratox de ação prolongaaaaaaaada. Eu pelo menos sempre lembrei dela quando vejo uma barata “mutcho loca” de veneno, quase morrendo.

Tem também o ratão brigão Rato Ruter, que é uma tirada com uma empresa desentupidora, muito famosa na década de 80 e que existe até hoje, que assim como o “arqui-inimigo” de Náusea, desentupe pias e ralos.
Tem também o Sábio do Buraco, um rato filósofo que vive dando lição de moral na galera do esgoto! E a ratinha Gatinha, que é a rata que o Níquel acha uma gata. Ela tem o talento excepcional de produzir filhotes, que educa com o método pedagógico do tapão na orêia.


Além desses personagens animalescos, Fernando Gonsales também criou personagens mais humanos, mas não menos loucos, como no caso do alquimista ganancioso Vostradeis, que era uma espécie de frei franciscano feiticeiro baseado em Nostradamus. Gosto muito desse personagem e já comentei algumas vezes que o Fernando foi um dos responsáveis pela minha escolha em ser quadrinista, justamente por esse personagem.


Mas não é só de tiras que vive o cartunista, não. Ele ainda faz quadrinhos fantásticos, ilustras para matérias de revistas e jornais, livros e para publicidade. Um dos trampos mais fantásticos que já vi dele foi uma matéria que saiu na Folha para celebrar os 200 anos de nascimento de Charles Darwin e os 150 da publicação do seu mais famoso livro, A Origem das Espécies.
Achei simplesmente fantástico!

Para ler na integra clique aqui.


Fora da esfera dos quadrinhos, ele também já criou roteiros para o programa infantil, TV Colosso, da Globo.

Fernando Gonsales é capaz de produzir tiras antológicas e muitas vezes a arte é que é a piada, e não o texto! Mas as tiradas inusitadas, a maneira como ele trabalha o lúdico nas tiras, são as melhores. Lembra daquela em que um menino que vai pedir emprego num circo dizendo que sabe imitar passarinho? O dono do circo pede pra ele mostrar e o garoto começa a assobiar uma canção, então o dono diz: “tá uma bosta, cai fora” e aí o garoto, chorando, começa a bater os braços e vai embora voando.

Seu processo criativo consiste em pensar no contexto, desenhar a lápis e depois passar o  nanquim. Após ser “escaneada”, a imagem é colorida com ajuda de programas de computador (Photoshop no mínimo) e esta última etapa costuma ser realizada por sua mulher, Marília Di Láscio, que foi colega da faculdade de Veterinária!
Ele não tem filhos, muito menos animais de estimação, mas conta que na infância já cuidou de bichos como gafanhoto, aranha e rãs, além de uma pulga que se alimentava do seu próprio sangue, encostando o vidrinho que a continha na barriga. 

Seus melhores livros na minha opnião são Os Ratos Também Choram, Com Mil Demônios e Tédio no Chiqueiro.
Fernando Gonsales ganhou por 2 vezes o Prêmio Angelo Agostini, um de melhor roteirista e outro de melhor desenhista, e por 14 vezes o Troféu HQMix em várias categorias.
Desculpem o trocadilho tosco, mas ele realmente é um cartunista animal!

Para saber mais:

Podcast, Quadrinhos, CInema, Seriados e Cultura Pop

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