AEEEEEEEEE!! É o Uarévaa fazendo a cobertura do Festival do Rio 2009 e trazendo pra você um review quentinho saído do projetor!!
Cobertura do Festival? Ué, mas essa coluna aqui não é o De fora da panela, que é feita pelos leitores? SIM!! E quem mais você acha que iria no Festival do Rio? O Freud? Aquele velho preguiçoso duma figa? Claro que não… Felizmente temos nosso grande leitor, também carioca, Diogo Mourão, pra resenhar o Distrito 9 aqui.
Como Hollywood vive atualmente uma fase sem criatividade tremenda, se perfazendo em cima de remakes inúteis e filme com muitos efeitos, mas com pouca historia, é ótimo ver que ainda dá pra burlar o jeito mais fácil, e trazer algo realmente original. Ver Distrito 9 não é apenas um deleite para os olhos, mas trás todos os elementos que tornam um historia de ficção cientifica clássicas e boas. Alem de fazer divertir, nos faz pensar, refletir como vivemos, como agimos com nossos semelhantes ou com quem é diferente da gente.
A historia é sobre uma nave alienígena que pousa do nada em Joanesburgo, África do Sul, e ela fica parada, sem fazer nada e pedaços dela caem. Obviamente um contato humano era esperado, e os “camarões”, como são perjuramente chamados, estavam em um estado deplorável. Sem comer, beber e desesperados tentando concertar o veiculo, eles descem a terra e começam a se “divertir” destruindo tudo que vê pela frente. Com a revolta da população sobre o caso, a MNU, uma mega-corporação, monta o Distrito 9, onde coloca os aliens em uma espécie de mega favela. E meio que vira um reflexo das periferias da África do Sul, com seus traficantes supersticiosos, vivendo em lixões, viciados em comida de gato (isso é que nem drogas pra gente) e agindo e falando como humanos. No meio disso tudo temos Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley, ótimo no papel), que é marido da filha do chefe da MNU, consegue o emprego de fiscal do D9, tendo que despejar os moradores para um “melhor” alojamento, que no caso seria do Distrito 10, distante do centro da cidade onde D9 se localiza.
Durante o aviso de despejo, ele encontra um alien (chamado Christopher) que na verdade está secretamente tentando voltar pra casa, fazendo o combustível da peça que caiu no começo do filme,(que na verdade é um veiculo). Wikus acaba infectado pelo combustível e aos poucos começa a virar um camarão. Ele é levado ao prédio da MNU, onde descobre os segredos sujos de seus patrões (eles querem aprender a usar as armas dos camarões, mas só é compatível com o DNA deles, entre outras coisas). Sendo caçado pelo pais inteiro, e tendo que ajudar o Christopher a voltar pra casa e ainda por cima tentar se curar, ele não vê outra solução a não ser se esconder no D9.
Preconceito. De certo modo é a palavra do filme. Mostra o quanto o ser humano pode ser mesquinho, frio, calculista. A gente podia aprender muito com eles, mas preferimos enjaulá-los e submeter o nosso estilo de vida, chamá-los de diferentes. Um dos grandes triunfos de D9 é esse: nós somos os vilões. Nós somos filhos da puta o bastante de fazer o que fazemos pensando que somos superiores, por acharmos que sabemos de tudo, que só nos podemos descobrir a verdade. De certa maneira, o diretor Neill Blomkamp pega elementos do qual o sci-fi e as historias modernas trabalham e colocou em um contexto social. Temos a mega-empresa do mal, visto em vários filmes como Syriana, Speed Racer e Michael Clayton. Temos a tomada hostil de uma cultura como será mostrado em Avatar do James Cameron (mesmo que no filme seja meio ao contrario essa “tomada”). Temos um encontro/choque de culturas clássico. É aquilo que de simples fica muito bom, de pequeno fica grande. Começa como um documentário, mostrando vários pontos de vista, de quem trabalha da MNU, de estudiosos, do povo, de quem estuda sobre o caso.
E aos poucos ele começa a se focar em Wilko, e no terceiro ato vira um filme de ação de fato, o que pode incomodar algumas pessoas que queriam ver o estilo documental por todo o filme (mesmo que de certo modo ele esteja). O pau come na casa de Noema tenso, quando a tropa de elite da MNU cerca Wilko e Christopher e a tentativa de levar o(s) alien(s) de volta para casa. O estilo da cena final é bem realista, tem suas explosões, emboscadas, mas nada no naipe Michael Bay da vida. Tudo muito bem feito, prum filme de 37 milhões (que não é exatamente uma grande quantia pros padrões Hollywoodianos). Uma outra reclamação que eu ouvi do publico, pelo menos, é a forma que ele virou alien. Ok, é um liquido alienígena, mas realmente tem um efeito tão potente ao ponto de ele ter essa transformação? Acredito que tenha um pouco do DNA deles por ali, mas por enquanto é só teoria. E de certo modo certas ações do Wilko são coisas de idiota, como ligar pra mulher dele, do qual o pai é o patrão de MNU e está caçando ele por todo o lugar :s. Mas ok,faz parte do desenvolvimento do personagem, então deixe.
Um ótimo sci-fi surge do nada no verão americano, com coragem e criatividade, D9 não pode ser um filme maximo do gênero dessa década, mas mostra que ainda resta alguma esperança em termos de criatividade em tempos que a imaginação é presa por técnicas mais “confortáveis” de se fazer filmes.
Nota 9