Como prometido na semana passada, inicio agora uma longa jornada pela nona arte dos quadrinhos, fugindo completamente dos tradicionais super heróis e grandes editoras americanas. Nesta coluna de hoje não vou me aprofundar muito nos diferentes estilos, só farei um apanhado geral para mostrar para essa molecada babona que quadrinhos não se limitam a Wolverines e Batmans, depois nas próximas colunas faço algo mais decente, afinal essa é só a primeira parte.
A origem de contar histórias a partir de desenhos vem de muito longe, antes mesmo da escrita, os homens das cavernas, conhecidos hoje como corinthianos, já desenhavam suas peripécias nas paredes de suas cavernas. Esses desenhos que mostram aventuras de caça são encontrados nas grutas de Lascaux, na França, Altamira, na Espanha e em trocentos outros lugares, a primeira HQ pré histórica brasileira pode ser encontrada na região de Diamantina em uma formação rochosa que não lembro o nome. Saltando alguns milhares de anos, Hieróglifos e desenhos contando a vida dos faraós aparecem em baixos-relevos egípcios. Narrativas figuradas são comuns à via-sacra, aos estandartes chineses, às tapeçarias medievais, aos vitrais góticos e aos livros ilustrados de diversas épocas. Os filactérios, faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens, usadas em ilustrações européias desde o século XIV, são considerados a gênese dos balões. A partir do século XIX, o texto acompanha sistematicamente o desenho. Ou seja, não foram os americanos que inventaram os quadrinhos!
Se ainda tiver dúvidas, aqui vão os primeiros nomes dos quadrinhos: Rudolf Töpffer com o “sr. Vieux-Bois” (1827); Henrique Fleiuss, com “Dr. Semana” (1861); Wilhelm Busch, com os “garotos travessos Max e Moritz” (1865) Juca e Chico na tradução de Olavo Bilac e Christophe (pseudônimo de Georges Colomb), com “A família Fenouillard (1895). Esses artistas aliam qualidades literárias ao desenho e, freqüentemente, mostram situações cômicas. As primeiras histórias apresentam desenhos divididos em quadros acompanhados de legendas, que dão continuidade às ações, bem básico mesmo.
Os primeiros comics americanos explorava cenas da vida cotidiana com muito bom humor. Em 1895, Richard Fenton Outcault desenha, pela primeira vez para um jornal, as histórias bem-humoradas de Yellow Kid (1895), o menino que vive nos becos e ruas da cidade. O personagem de camisolão amarelo, cabeçudinho, fez um sucesso tremendo e rendeu uma boa bufunfa. Outcault introduz os balõezinhos contendo as falas dos personagens e a ação fragmentada e seqüenciada, iniciando nova forma de expressão. Onomatopéias e novos sinais gráficos aparecem nas aventuras de Os sobrinhos do capitão (1897), de Rudolph Dirks, que já utiliza quadrinhos pretos em volta da ação.
Agora que vocês já conhecem superficialmente as origens, vamos apresentar os quadrinhos pelo mundo, só vou resumir, pois como disse antes, cada um deles será apresentado nas próximas matérias.
São quadrinhos geralmente autorais com uma liberdade de produção inimaginável, seus gêneros são os mais variados do mundo, numa única edição, por exemplo, você encontra ficção científica misturado com erotismo e com romance policial. Suas histórias são perfeitas obras de arte, sem censura e sem frescura. São conhecidas como Banda desenhada em Portugal, Fumetti da Itália, Tebeos na Espanha e plágio americano na Inglaterra.
Tem de tudo, para todos os gostos e gêneros, porém apesar de não possuírem o código de moral duvidoso que nós ocidentais temos, os autores de certos países tem de trabalhar muitas vezes pisando em ovos, como os quadrinhos chineses, indianos e árabes que tem um restrito código de conduta cultural próprio. E isso gera, por incrível que pareça, um caldo cultural muito rico e diversificado.
Bem, como só enrolei nessa matéria de hoje, fiquem com alguns quadrinhos: