Após os eventos da pseudo primeira parte do mega crossover entre as séries da DC na CW, em Supergirl, somos jogados no meio de uma luta que coloca de um lado Barry Allen, o Flash e Oliver Queen, o Arqueiro Verde e do outro Supergirl, Speedy, Espartano (a nova identidade de John Diggle) e os integrantes de Legends of Tomorrow, Nuclear, Canário Branco, Onda Térmica e Elektron.
Porém mesmo usando dois clichês clássicos – colocar o espectador no meio da trama para apenas depois explicar como os personagens chegaram até aquele ponto e a luta entre heróis, elemento que raramente falta em qualquer crossover dos quadrinhos – o episódio em The Flash se mostra muito bem construído e divertido.
Se retornarmos no tempo até o início desse universo DC/CW, tínhamos um mundo extremamente realista. Voltarei a esse ponto com mais minúcias no próximo review, mas é importante frisar que apenas quando o Flash surgiu que o conceito dos meta-humanos, que rege atualmente a realidade dessas séries, apareceu. Após o conceito dos super humanos apresentado é que, algum tempo depois, Constantine deu as caras na série do Arqueiro – juntando então o seu seriado cancelado ao mesmo mundo de Barry e Oliver – e a magia passou a fazer parte da salada. Pois bem, é no episódio 8 da terceira temporada de Flash que finalmente alienígenas entraram para o cotidiano desses heróis. Digo, para os heróis, pois Lyla, a diretora da ARGUS revela ao Barry que o governo tem escondido há anos a existência dos Dominions.
Os Domínions eram os principais antagonistas de Invasão!, uma saga crossover dos quadrinhos da DC Comics publicada em 1989, e serve de base para o grande evento televisivo da CW. Na HQ, a raça alienígena dos Dominions se aliou a outras, como os Daxamistas (planeta natal de Mon-El) e os Thanagarianos (raça original do Gavião Negro e da Mulher Gavião), para invadir a Terra e frear a ameaça iminente que eles enxergam no exponencial crescimento da população meta humana. Dessa forma todos os heróis da Terra precisam se aliar para evitar a aniquilação, juntando desde a Liga da Justiça até o Esquadrão Suicida.
Como sabemos desde a estreia de The Flash, Barry Allen nesse universo supre um papel similar ao do Superman como o herói solar e exemplo a ser seguido, e ele aqui reforça esse papel. O Flash é o responsável por reunir os heróis do planeta para encarar a invasão, e o primeiro a ser recrutado, obviamente, é o Arqueiro Verde e parte de sua trupe. Oliver não perde a chance de zoar o modus operantes do programa do corredor escarlate, questionando se ele precisa de ajuda com mais um velocista do mal. Sim, Oliver, ele precisa. Mas não é hora pra isso.
As Lendas do Amanhã, liderados pela Canário, seguem a convocação, e por fim, Flash decide que precisa de seu próprio alien ao seu lado, o que leva a repetição da exata mesma cena apresentada no episódio de Supergirl, provando que realmente o crossover começou foi aqui.
Os metas desse universo até então tem tido poderes bastante específicos, então a chegada de Kara Danvers é bastante interessante quando colocamos uma personagem tão poderosa entre o resto da galera, e também prova que esse negócio de identidade secreta é uma bobagem pro Flash – seja a dele ou a dos outros. É no mínimo empolgante ver os “superamigos” reunidos no hangar do Star Labs que é, na real, a própria Sala de Justiça do desenho animado.
Também é muito legal finalmente vermos Oliver Queen e Kara Danvers se conhecendo pessoalmente, e a demonstração que ela realmente é o grande peso pesado entre os heróis, principalmente no treinamento em que ninguém consegue nem despentear a loirinha.
Séries de televisão tem, logicamente, uma grande restrição orçamentária, e, mesmo com o esmero com que as cenas de ação e efeitos são feitos, o que realmente faz a gente sorrir como uma criança de 10 anos durante os episódios é a interação entre os personagens, principalmente entre os que não participam do mesmo programa. Cisco e Ray Palmer falando sobre tecnologia, Jax e Martin Stein trocando segredos com Barry e Oliver, Stein tendo o apoio de Caitlin para resolver um problema ou Mick pentelhando a Kara são coisas muito divertidas de se ver.
A maior parte do episódio se concentra nos heróis se reunindo, interagindo e aprendendo a lidar como equipe, o que é bem legal. Mas também há espaço para subplots que serão importantes para o futuro das outras séries. No saldo positivo temos o surgimento da filha de Martin Stein, uma aberração do tempo criada por sua interferência na linha temporal ao interagir consigo mesmo no passado e também à mensagem que a dupla Nuclear mostra ao Flash e ao Arqueiro, vinda de um Barry do futuro. Do lado não tão positivo está o plot chato de Wally West, que até agora não emplacou. A insistência do time Flash em não apoiar Wally a se tornar um super herói, mesmo sendo tão veloz quanto Barry, não dá pra engolir. E o próprio ator tem dificuldade em puxar para si algum carisma. Valeu pela cena em que ele salva o Barry, curta e simples, mas muito bem feita.
Um ponto que traça o paralelo entre a trindade clássica da DC (Superman, Batman e Mulher Maravilha) e essa nova surge quando Cisco expõe as mudanças do tempo causadas por Barry ao criar o Flashpoint. Os únicos que dão suporte total ao corredor escarlate são Supergirl e Arqueiro Verde. Está oficializado o formato da trindade da CW. A revolta dos demais personagens é até justificável. Sarah fica puta porque as Lendas estão viajando através do tempo para impedir que aberrações temporais ocorram (mesmo que eles mesmos zoem o tempo em todo episódio), e frisa que não matou Damian Darkh, alterando a linha temporal e salvando a vida de sua irmã. O que pode ser um pouco hipócrita, porque ela ficou um par de episódios tentando isso, e só foi convencida a desistir disso muito depois. Diggle também tem suas razões, mesmo que seja só pra ele. Afinal, o Flashpoint apagou a filha dele da existência e convenhamos, ninguém dava a mínima pra ela.
A amizade de Oliver e Barry só fica mais forte. Esse episódio faz com que o Arqueiro finalmente jogue uma realidade na cara do Flash: ele não é Deus. Nem tudo é culpa dele. Mesmo que ele cometa erros, deve aprender a não repeti-los ao invés de ficar se martirizando.
A luta entre as equipes – usando um subterfúgio batido como o controle mental, mas funcional – mostra que a CW soube usar bem o orçamento que tinha pra trabalhar. Apesar de não ter a qualidade cinematográfica de uma produção da DC como BvS ou Esquadrão Suicida, a luta ficou caprichada. Com saídas criativas e dividindo os superpoderoso contra o Flash e os porradeiros contra o Arqueiro, com a já citada inclusão do Wally; a batalha é rápida, mas muito legal de se ver, e ainda inclui muito bem a equipe de suporte de ambos os times. Digo, exceto o novo Harrison Wells da Terra 19 que ainda não tem razão de estar ali. E tudo novamente leva a percebermos que a Supergirl é a grande força entre o elenco.
O segundo episódio serve basicamente então para criar a interação entre a equipe formada, apresentar personagens que não se conheciam e reforçar laços entre os já existentes. Muito pouco sobre a invasão e dos alienígenas em si foi pra frente – os Dominions só fizeram controlar a mente de parte dos heróis – mas foi importante para que tivéssemos empatia por essa Liga da Justiça que não pode levar esse nome.
Como verdadeiro pontapé inicial do crossover, funcionou muito bem, principalmente por colocar nos ombros do Flash a responsabilidade de ser o grande centro do evento. É inegável que, mesmo com Oliver sendo o primeiro personagem a ter ganho vida nesse universo compartilhado, desde que Grant Gustin vestiu o uniforme do velocista, ele acabou se tornando o centro de tudo. Muito bem.
PS1: Cisco revela nesse episódio que a Terra da Supergirl é a 38. No multiverso DC a Terra 38 é onde se passa a minissérie Gerações, que mostra Batman e Superman surgindo nos anos de suas criações reais – 1938 e 39; logo, é um universo centrado na dupla, e em seus descendentes. Kara comenta mais pra frente que no mundo dela só tem ela e o primo de heróis, mas já aconteceram algumas citações ao homem morcego em Supergirl. Será que a CW está tramando trazer a batfamília?
PS2: Capricho na produção. Os Dominions realmente ficaram muito parecidos com o que são nos quadrinhos.
PS3: Sério? Vaporizaram o presidente e tudo bem?
PS4: Ao mudar o passado, Martin Stein transformou a Clarisse Falcão em sua filha?
E aí, curtiram o episódio?