Relendo algumas HQs de meu acervo, me deparei com essa obra lançada em 2006 e que saiu aqui no Brasil na famigerada linha Pocket Panini – uma tentativa escrota de formatinho mal elaborado. Com algumas tramas paralelas e uma narrativa atrativa do escritor David Hine (Spawn), a HQ derivada do universo mutante da Marvel trouxe uma realidade longe do Instituto Xavier, dos colantes e milhares de formações de equipes mutunas, confrontando a relação dos humanos e mutantes. Uma relação explicitada na convivência do policial Ortega e o mutante Lucas Bishop.
Bishop é um personagem surrado no Universo X, primeiro um exilado do futuro no nosso tempo com a missão de impedir um futuro caótico; depois veio a Era do Apocalipse e ele se tornou um sobrevivente em um presente apocaliptico (não deu pra fugir do trocadilho pessoal).
Então veio o Massacre e acabou com todo o sentido de existência do personagem, mostrando que seu futuro era só mais uma realidade alternativa entre tantas outras, e agora? Devem ter se perguntado os editores da Marvel. Que fazemos com ele agora? Qual desgraça vamos inventar?
E então que ele surge em Assassinato na Mansão X (New X-Men de Grant Morrisson) como um Bishop policial do mundo mutante ao lado de Sábia. O conceito foi tão aprovado que o inseriram no Distrito X.
Após o parceiro de Ismael sofrer um contratempo e ficar inativo, Lucas assume seu lugar e passa a investigar problemas com uma droga mutante nova surgida nas ruas da cidade.
Ortega é um policial como todo outro, pai de dois filhos (uma menina e um garoto), casado com uma bela mulher e cumpridor do seu dever com a sociedade. Porém, nem tudo são flores num mundo onde você não pode dormir abraçado com sua esposa por causa do poder mutante dela, onde seu parceiro é controlado mentalmente e acaba cometendo duplo assassinato e onde você vive em um lugar do qual gostaria de saber só em notas de jornal.
Na minha opinião Distrito X tem um bom potencial para um seriado televisivo. O sistema de tramas paralelas, personagens interessantes a serem trabalhados gradativamente (como acontece na revista) e cenas de impacto são ingredientes primordiais de boas séries. Tendo seu primeiro arco (Sr. M) como plot da primeira temporada, bem no estilo HBO, com 10 episódios. Aqui deixarei minha idéia de como seria a sequência de episódios e acontecimentos.
Esqueça viagens no tempo, na minha série Bishop seria filho de mutantes que viveram a vida inteira em Nova York até serem assassinados por anti-mutantes, e ele só despertaria os poderes já na policia, sendo desiguinado para o Distrito X por isso. E se vocês não tiveram paciência de ver todas as imagens podem baixar o arco aqui. Claro, que toda essa idéia poderia se perder se a produção não fosse de qualidade, como isso aqui:
Infelizmente, a série foi cancelada após o evento Dinastia M, onde durante a saga mostrava como era viver em um bairro humano, chamado Mutopia X, em um mundo totalmente mutante. Hoje em dia Bishop novamente foi relegado ao papel de messias do fim do mundo durante o Complexo de Messias – onde ele passa a caçar Hope Summers, a primeira mutante a nascer pós a Dinastia – e um grande potencial foi deixado de lado.
E você, gostaria de ver mais “versões teleseriadas” de histórias em quadrinhos? Deixe sua opinião nos comentários e até a próxima coluna (lembrando que o Irmão Olho agora é mensal).