Uaréview – Draconian

Aproveitando a resenha que vocês vão ler a seguir, um recado rápido… a HQ Draconian terá seu lançamento nesse sábado, dia 24/11/12, na Comix! Detalhes no folder acima!
Prestigiem!


Alguns personagens e temas de Draconian já são conhecidos do público de quadrinhos, principalmente daqueles que liam a revista de RPG Dragão Brasil. A dupla responsável pela HQ, Paulo César Santos e André Farias criaram essa série vampiresca no final dos anos 90, agora retomam o projeto para lançar essa edição especial, e, até onde eu entendi, com histórias não publicadas e outras já publicadas, mas modificadas.

O álbum Draconianreúne nove histórias sobre vampiros, mas esses seres da noite são retratados com um teor mais urbano, com personagens mais “humanizados”, como o vampiro durango e gordinho que trabalha numa loja de revistas para pagar suas contas. Tendo como pano de fundo, não o Brasil, mas Nova York e até Paris, a história começa mostrando um famoso escritor a la Paulo Coelho e como a história de seu livro tem tanto a ver com ele e sua imortalidade. Já nessa primeira parte são mostrados alguns personagens que mais tarde irão desfilar por outras histórias.

Mas vamos nos aprofundar um pouco mais…

Os desenhos e a maioria dos roteiros são de autoria de Paulo César Santos e André Farias além de roteirizar uma história, foi responsável pelos argumentos e a criação dos personagens. Com temas contemporâneos, cheio de referências pops e nerds, o roteiro agrada tanto pela linguagem utilizada como pela fluidez e tempo de leitura. 
Nada é muito complicado, mas o roteiro é bem amarradinho. O humor utilizado é bom, mas como toda boa história de vampiro, na minha opinião, ficou devendo na parte do terror, ou melhor dizendo, faltou horror.
Existe ação, mas é tudo muito plástico e bonito, com pose, parecendo propaganda de revista, manja? Mas isso se deve muito ao estilo de desenho utilizado e que vou comentar logo a seguir.

Só queria dizer antes que o grande ponto para o álbum são os roteiros, sem dúvida. São histórias que não são chatas de ler e apresenta personagens com características próprias, com histórias a parte, mas que se interlaçam relativamente bem. Creio eu que isso os torna personagens mais completos para se trabalhar, e até onde eu sei, as histórias deles vem sendo trabalhadas a muito tempo. Mesmo não sendo um leitor das antigas dessa série, dá pra perceber uma certa ligação e que cada um desempenha um papel próprio nesse universo. Mesmo assim, para esse álbum, achei que faltou linkar só mais um pouquinho esses personagens entre si, num plot só, um pano de fundo mais palpável, porque às vezes, deu a impressão de que as histórias estavam ali meio que jogadas sem ligação nenhuma, até você ir conhecendo os outros personagens e ver que eles participam do mesmo mundo. 
Por falar em personagens, acho que faltou um protagonista principal que permeasse toda história, um recurso que se bem usado, pode, além de fazer esse link entre todas as histórias, fazer com que o leitor se identifique com ele. Para mim faltou isso, um personagem para se identificar. Eu até posso dizer que gostei muito do carinha que cuida da comic shop, porém ele foi pouco explorado nessa HQ. 

Gostei bastante das histórias “Lenda Urbana”, que mostra um popstar gay tentando esconder algo mais preocupante do que sua simples sexualidade, a “Um Dia Na Vida” que mostra um casal conversando sobre música numa história cheia de referências bacanas e mais inusitada de todas, a dos amigos que classificam o gosto do sangue de suas vítimas de acordo com a religião. Achei um roteiro muito sagaz e engraçado, bem próximo de coisas que estamos acostumados a ver em filmes do Tarantino, por exemplo. Aquelas conversas nonsenses no meio de uma cena importante para o filme e tal.
A mais interessante do álbum é “Você deve se lembrar” que tem como cenário a França do começo da década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial!
Algumas “splash pages” são dignas de nota, como a que abre essa história. Olha só que fantástico!



Os cenários são muito bem retratados pelo traço de Paulo César, pena existirem entre os quadrinhos, algumas fotos trabalhadas (ou melhor dizendo, mal trabalhadas) na montagem da revista, conforme pode ser visto na página 109, por exemplo. A diferença de tratamento é absurdamente discrepante com artes muito boas conforme pode ser visto na página 105, no desenho da Torre Einfel.  


Mas olha só, não estou falando mal do desenho não. Porque eles são muito, muito bons! Mas certas inserções de elementos reais não casaram bem com uma edição não colorida. Ainda mais quando o desenhista é bom e a meu ver não precisaria se utilizar desse recurso. Pelo menos da maneira que foi utilizado…

Quer uma prova disso? Dá uma olhada na página 78A primeira vez que vi, achei que o cenário fosse uma foto tratada em algum software de vetorização. Hum… ledo engano, na parte dos extras tá lá a prova de que Paulo tem talento de sobra e consegue fazer paisagens muito boas!

Outra parte importante e muito interessante de um álbum de quadrinhos que se preze, uma boa sessão de extras. E pra mim, essa ficou na medida certa! Assim como as páginas mais “soltas” no miolo da revista, simulando mais o grafite do que a arte-final por nanquim.


Por último, a arte em si. Os desenhos são bem “anos 90” e apesar de ser de um gênero que não me agrada muito nos dias de hoje, curiosamente, dessa vez, não chegou a perder pontos comigo, não. Muito pelo contrário, Paulo conseguiu equilibrar seu traço na figura humana (muito bem desenhado por sinal), com um cenário muito bem construído, além do enquadro das cenas estar bem próximo do cinematográfico.


Posso falar uma coisa?
Eu jogava o RPG “A Máscara” nos anos 90, curto muito a mitologia de vampiros e até de Lobisomens ou qualquer outra criatura fantástica do tipo e ultimamente tinha um certo medo e preconceito de comprar qualquer coisa relacionada a vampiros depois da Saga Crepúsculo, que na minha opinião, afundou essa grande mitologia em toneladas de purpurina e tosquices emo-afetivas… porém me alegro quando eu vejo que nem tudo está perdido, e podemos, sim, ler algo a respeito com qualidade.

Draconian é um exemplo disso.

Pra mim, histórias de vampiro devem possuir mais terror, então fica a dica para os autores. Quem sabe num próximo álbum, numa próxima história?
Leia, é legal!




Draconian

Autores: Paulo César Santos e André Farias.
Edição independente
126 páginas.
R$ 20,00


Obs.: Já está à venda na loja Comix Book Shop (Alameda Jaú, 1998 – Consolação – SP) e também no site oficial da publicação. À partir de 24 de novembro, também estará nas bancas de revista de São Paulo e outras lojas especializadas em HQ. 


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UaréviewPor Monitor A capacidade da Warner(ou qualquer estudio de roliudí) ser burra sempre me impressiona…E quando falo isso,não quer dizer necessariamente que foi um resultado