O mundo se transformou bastante depois da guerra nuclear, e as cidades hoje são verdadeiros reinos intermináveis de concreto onde os fracos sofrem nas mãos tiranas e violentas das gangues. Nas ruas de Mega City One, um dos últimos oásis da civilização em meio a grande área desértica conhecida como Terra Maldita, um homem é a lei, uma lenda entre as lendas, seu nome é Judge Dredd.
Em uma vida passada, o personagem criado por John Wagner e Carlos Ezquerra, que apareceu pela primeira vez em 1977 na revista britânica 2000 AD, foi interpretado por um bombadão e, na época, decadente Sylvester Stallone. Apesar de o filme ser até interessante como obra de ação, era uma péssima adaptação do personagem, que merecia bem mais.
Em 2012, então, tivemos o retorno de Dredd aos cinemas, agora em 3D, com slow motion e tudo mais, incorporado por Karl Urban, mais conhecido por Éomer em Senhor dos Anéis, que diferente de Stallone não mostra o rosto em nenhum momento do filme – marca do personagem nas HQs – e consegue, por incrível que pareça, expressar emoções só com a boca e o queixo a mostra.
Nessa nova aventura, Dredd é designado para acompanhar a recruta Cassandra Anderson (a gracinha da Olivia Thirlby) em seu primeiro dia de trabalho no combate ao crime e avaliar se ela tem os atributos necessários para ser mais um defensor da lei ou não. Apesar do ar inseguro, e não ter passado nos testes de admissão, Cassandra é recrutado por conta de sua habilidade telepática de ler mentes, o que daria uma vantagem para os policiais, mas faz com que ela sempre sofra preconceito por ser uma mutante.
Os dois partem em missão para um dos complexos gigantescos da cidade, onde se deparam com a gangue da temida Ma-ma (Lena Headey) – mostrando que mulheres podem ser vilãs bad ass também -, que controla o crime na região. Lá, eles acabam presos no lugar com o bando da Ma-ma caçando eles.
O filme poderia tranquilamente ser um episódio piloto duplo de seriado da HBO, repleto de sangue, violência, ação, bem firmado em suas bases, bem narrado, com um plot simples e gancho para futuros episódios. Uma pena que o fizeram como filme e não teve tanta repercussão de bilheteria.
Karl Urban consegui sem mostrar os olhos, utilizando de expressões de maxilar, boca e voz, construir um policial que nunca sai de sua conduta de juiz, integro, objetivo, mas que demonstra ainda sutis emoções por conta das reações e impactos que sofre sua parceira.
Alias, pouco é explorado sobre o passado dos dois personagens, só lá pro meio do filme temos indícios de que Dredd é algum tipo de lenda entre os seus, enquanto a Anderson uma foto de família dá um tom mais emotivo desde o inicio a personagem.
A direção de Pete Travis é conduzida de forma tão objetiva e integra quanto seu protagonista, sem firulas desnecessárias, e mesmo assim inventivo quando preciso. O filme ainda merece destaque por dar uma função bem explicada ao efeito Slow Motion, coisa que o Snyder deveria aprender, criando cenas belas visualmente ao inserir a droga Slo-Mo, que ao ser ingerida faz com que o usuário perceba o mundo ao seu redor mais lentamente que o normal.
Aliás, à fotografia do filme é espetacular, com texturas fortes, bom uso de cores e do sombrio de um prédio fechado, temos ainda a trilha sonora que nos dá uma boa imersão no universo de Dredd, o que me deixa mais triste ainda de não ver um tratamento cinematográfico digno como esse a personagens como Lobo, Justiceiro ou Demolidor.
Infelizmente, provavelmente não teremos uma continuação, nem um desmembramento em seriado devido a baixa bilheteria e repercussão entre o público. Merecia mais.
Dredd 3D Elenco: Karl Urban, Lena Headey, Domhnall Gleeson, Olivia Thirlby, Deobia Oparei, Langley Kirkwood, Jason Cope, Kevon Kane, Rakie Ayola.
Direção: Pete Travis Gênero: Ficção Científica Duração: 95 min. Nota: 8.0
Ah! A linda utopia do amor. Signs Gênero: Comédia/Curta Duração: 12 minutos Direção: Patrick Hughes Roteiro: Patrick Hughes Elenco: Kestie Morassi (Stacey) e Nick Russell