500 dias com ela

Uaréview


O que é o amor para você?
Por Marcelo Soares

O que é o amor para você? Um sentimento? Um momento? Um rótulo? E o que ele nos traz. Felicidade? Dor? Esperança? Alento? Aprendizado? Talvez, tenhamos sido criados, condicionados, para acreditar na beleza do amor, na esperança de termos tudo como queremos, sonhamos e esperamos. Mas, a vida não é nosso sonho, e simplesmente ela só acontece.

É o que Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) descobre em 500 dias com ela, ou (500) Days of Summer no original. No filme, Tom conhece a bela, simpática e divertida Summer Finn (Zooey Deschanel). Logo, como o bom garoto com as ilusões românticas, se apaixona por ela, mas, para o mal de Tom, a jovem não acredita no amor e em compromissos sérios. A partir daí, vemos os bons momentos do relacionamento dos dois, e a indignação pelo termino de Tom, em uma narrativa não-linear – que começa no dia 488, pula para o 1 e assim vai indo para frente e para trás. A história é engraçada, sensível, romântica, realista, esperançosa e reflexiva, tudo isso em um pouco mais de uma hora e meia.


O longa é a estréia do diretor Marc Webb, conhecido do mundo dos videoclipes – talvez aí sua facilidade em fazer algo entrecortado e com multi-imagens em tela – que não decepciona, mostrando criatividade na montagem e na direção de cenas, inclusive de um momento musical do protagonista a lá “curtindo a vida adoidado”, com dançarinos e tudo. As atuações não tem o que comentar. Joseph Gordon-Levitt é o típico loser que desistiu de seu sonho de ser arquiteto pelo salário de escritor de cartões de presente, um cara que acredita na vida a dois, mas ela sendo um sonho quase infantil, um quase verdadeiro nerd. Já Zooey Deschanel, ah Zooeu Deschanel… me lembrou Audrey Tautou em o Fabuloso Destino de Amélie Poulin. Não pelas as personagens serem parecidas, que não são, mas pela atuação leve e bem construída, sem contar a beleza “indie” e os olhos azuis como um oceano límpido – é clichê, mas é verdade.


Para mim, 500 dias com Ela é a segunda pancada do ano, depois de Apenas o Fim, que alias têm muitas semelhanças entre si e até recursos estéticos próximos. Mesmo não sendo um filme tão independente assim, é produzido e distribuído pela Fox, “500 dias” tem a mesma pegada alternativa/indie que a “versão” brasileira de Matheus Sousa – e que por motivos até óbvios se sai melhor no que se propõe.


Enfim, se você gosta de filmes sobre romances que não são previsíveis e ficam no mais do mesmo, esse é uma boa opção. Pegue o amor da sua vida, ou uma “grande amiga’, um bom amigo, ou simplesmente vá sozinho pensar nas suas ex-na-lista-de-futuras-desaparecidas que tanto amou e hoje odeia e tentar ver o lado positivo do luto pós-término ou refletir sobre o que é o amor, essa coisa que nos persegue pela vida toda e que talvez nunca tenhamos uma resposta para o que verdadeiramente é.

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